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Não valia a pena. Nada disso era justo e certo. Viver desse jeito não parecia ser normal. Eu caí de cara no meio de uma perseguição e a minha causa estava começando a ser desconsiderada por Donna Troy e o resto da equipe.

Ela mencionou em alguma conversar particular com Wally sobre me usar como isca. Mas o velocista lembrou que aquela guerra não era deles, era do Batman. Ela me olhava com desdém a todo momento e evitava falar comigo como se tivesse errado em algo.

Rachel e Damian estavam mais grudados do que nunca, mas meu irmão parecia ter esquecido que não gostava de contatos físicos como abraços ou até mesmo apertos de mão. Ele parecia um cachorro abobalhado e agora vivia embaixo das asas de Rachel. Mas ele ainda estava ali por mim, ele caminhava ao meu lado até a escola e me buscava sempre com uma conversa boba sobre suas missões em Gotham ao lado do Batman.

Depois da visita de Bruce, Jon e Billy voltaram como se nada tivesse acontecido. O filho do Superman me contou sobre sua irmã, a Supergirl, e me contou como tudo deu errado possível para ele. No final, ele voltou mofino dessa conversa absolutamente séria, nas palavras dele. Billy voltou sorrindo e me contou como deu bons socos no Exterminador ao meu nome. Eu fiquei confusamente agradecida.

Meu braço tinha marcas, cicatrizes do que Jon fez comigo, eu não o culpo, ele nos salvou naquele momento. Eu tinha sonhos, sonhos que eu considerava bestas demais em ter, eu não sentia mais medo, eu me sentia preparada para qualquer invasão ou sequestro ou qualquer outra coisa.

No dia que Damian não apareceu na escola para me buscar, eu resolvi sair e seguir a Courtney e seus amigos até uma lanchonete que acabará de abrir, ela me convidou, assim como Jon, e fomos juntos e sorridentes até aquele lugar. Eles andavam na frente, e sem querer ignoravam e esqueciam de mim e Jon, mas eu acabava nem ligando, e muito menos ele.

— Eles são tão... — Jon procurou uma palavra no meio de tantas.

— insuportáveis, mesquinhos, completas crianças. — Jon meu olhou com desdém. — Você começou.

— Somos crianças, mas você é uma criança de Gotham e eu sou metade kryptoniano. — Ele respirou fundo antes de continuar. — Eles só são adolescentes normais com uns objetos que dão poder, sem treino nenhum e com um vilão que pode acabar com a Liga da Justiça se quiser.

— Então você sabe quem é o vilão. — Eu sorri quando consegui tirar essa informação dele. Eu e ele fizemos um pacto, um pequeno acordo de não se meter em nada que não fosse da nossa conta, ele me disse em um jantar que tinha parado de ouvir conversas entre Damian e a equipe dele, e parado de se meter para tentar ajudar quando o trabalho dele aqui não era esse. Mas de uma semana pra cá, eu mesma comecei a ter interesse nisso quando Rachel, Damian e o resto da equipe voltaram quebrados para casa.

— Acho que deveríamos ter colocado dinheiro nesse acordo, você sairia rica disso. — Eu sorri e ele também. Os dois tinham quebrado o pacto, então parecia tudo bem entre nós.

Seguimos logo atrás do grupo da Courtney. E notei como Rick olhava para nós com segundas intenções, eu não sabia se ele sabia quem eramos ou que ele só era desconfiado mesmo. Algo parecia muito errado com ele, e com sua querida amiga, que tinha as mesmas feições e falas que ele, Yolanda.

Toda vez que eles olhavam com esses olhos bravos e rancorosos, Jonathan sorria pra eles de volta. Ele se tornou um poço de ironia, e fazia umas piadas em momentos inoportunos que chegava a ser cômico. Eu estava começando a ficar brava com ele, mas não queria cortar o seu barato.

Entramos, então, no prestigiado local – que, ironicamente, para mencionar, Yolanda trabalhava ali – estava movimentado e tinha um bom cheiro de pão quente misturado com um cheiro açucarado. Era um pequena padaria, que vendia pães frescos, doces muito gostosos e um milkshake de congelar o cérebro. Eu gostei desse lugar assim que entrei nele.

Havia apenas uma empregada ali, além de Yolanda. Seu nome era Diane e ela era uma jovem com um grande sonho em ter seu próprio negócio, e ela estava feliz em finalmente inaugurar esse lugar.

Nos sentamos, e pela ironia do destino as mesas eram pequenas e só cabiam quatro pessoas, então Yolanda e Rick tiveram a alegria de nos deixar de fora do que quer que aquela "saída entre amigos" – como Courtney disse ao nos chamar – seja.

— Eu juro por tudo, Jonathan Lane-Kent, pare de olhar para aquela mulher como se quisesse transar com ela. — Eu bati na mesa com certa força pra ter o olhar de Jon. Ele olhava sério para a moça no balcão, a Diane, com olhos que eu não sabia o que queriam dizer.

Ele me ignorou por poucos segundos e então mudou completamente o semblante sério, e disse:

— Você sabe que eu só tenho olhos para você! — Eu fiz a minha melhor e horrenda cara de nojo possível. — Que porra de cara é essa? Eu sou tão feio assim para você nem se quer pensar "oras, ele é bonito até, dá pro gasto"?

— Eu não quero ter essa conversa, Jon. — Ele sorriu da situação.

— Analisa o momento. É um encontro! Um date. — Ele me instigou mais e eu senti vontade de chorar.

— Você força tanto a barra. — Ele sorriu, e olhou uma última vez para Diane no balcão onde fica os doces.

Ela entregava cupcakes e chocolate para as crianças, com um sorriso cativante e um cuidado com as palavras que dizia para elas.

Tudo aquilo parecia forçado, e um tanto triste.

Jonathan conhecia aquela mulher.

— Quem é ela, Jonathan? — Eu perguntei séria, e ele me olhou nos olhos com uma grande preocupação e medo de dizer.

— Você já ouviu falar da Artemis, a sobrinha do Arqueiro Verde? — Eu neguei com a cabeça, e dei mais uma olhada para a moça. — Eu acho que é ela.

— O que ela tá fazendo nesse fim de mundo então? — Perguntei, tendo uma vaga memória em saber que o Arqueiro Verde era Oliver Queen.

— Beatrice, ela morreu. — Eu arregalei os olhos. — E esse é o problema, eu não sei o que tá acontecendo aqui, mas ela é estupidamente igual a Artemis, tirando que ela era morena e não loira, igual a Diane.

Por alguns segundos, ela olhou de volta e nossos olhares se bateram, eu desviei o olhar rapidamente e tentei fingir que nada aconteceu, mas depois disso, ela nunca mais foi a mesma comigo ou com Jon. E começou a nos tratar com diferença, como se fossemos inimigos dela. Ela nem chegou a nos atender direito.

Foi o pior fim de tarde que eu já tive.

— E quer saber o pior de tudo? — Eu deixei um sorriso baixo e inacreditável sair quando ele começou a falar enquanto voltamos pra casa. — Ela era noiva do Wally.

— Ok, lembra do pacto, amorzinho? — Eu cortei qualquer especulação que ele fosse fazer. — Não é nosso problema. Se lembra o por que estamos aqui? Proteção. Não pra lutar. Ok? Ok!

On My Way - Jason ToddOnde histórias criam vida. Descubra agora