Dou-lhe três... E Vendido!

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Cher sabia que as coisas tinham desandado quando esbarrou no recepcionista da entrada do leilão beneficente organizado por sua melhor amiga Abigail.

Primeiro porque sempre ouviu dizer que esbarrar em alguém logo que você entra em algum lugar é sinal de azar, segundo porque o recepcionista lhe olhou de um modo bem esquisito, bem... Talvez fosse porque ele estava usando sua gargantilha de brilhantes? Talvez, mas o fato é que nunca conseguiu usar a joia até agora e já que tinha topado aquela loucura, resolveu fazer tudo o que nunca teve coragem de fazer até hoje, e isso incluía usar a gargantilha de herança da sua mãe, aquela mesmo que brilhava agora em seu pescoço falsamente exibicionista.

De toda forma ele pediu desculpas ao moço e entrou rapidamente no hotel de luxo pensando se ainda havia tempo de desistir daquela insanidade, contudo assim que entrou no salão, soube que não havia escapatória, ele iria mesmo até o fim naquela loucura porque bem, ele tinha prometido para a amiga e ela iria chorar litros se ele voltasse atrás.

Abigail era uma mulher pequena e delicada, tinha rostinho de boneca e temperamento de um uma pitbull, mas era boa de coração e foi uma das únicas que não implicavam consigo no colégio, portanto como podia não amá-la desde então?

Era humanamente impossível.

E se ela quisesse que ele entrasse na coisa de ser 'vendido por sete dias' no leilão de acompanhantes... Bem, o que havia de se fazer? Ele estava mesmo com a agenda livre nos próximos dias, ele não tinha compromissos nem atividades... Ele podia ajudar, não é? Afinal seria só uma ação social e a companhia seria inofensiva, ela tinha lhe jurado!

Enfim, Cher engoliu em seco e seguiu para o palco onde a mulher que era a pessoa mais próxima dele depois da avó atualmente de férias indefinidas no leste Asiático, dava algumas ordens ao que parecia ser a ajudante do evento.

— Abi?

Chamou discretamente e como sempre, sua amiga se voltou para ele e quase pulou no seu colo sorrindo de orelha a orelha:

— CHERRR!!! Amém Buda que você veio! Achei que ia fugir!

Cher quase riu sem graça, mas por fim apenas negou e se deixou levar para trás do palco com ela já enganchada em seu braço se equilibrando no salto altíssimo:

— E então, animado? Quem sabe é hoje que você encontra seu príncipe encantado e finalmente desencalha, hein?

— Há há, muito engraçado, você sabe mais do que eu mesmo o que minha avó colocou de entrave só por causa de eu ser gay, quem é que vai ter coragem de enfrentar a 'dragavó' só por minha causa?

— Fé que o Lamborghini branco surge e consegue, fé que vai!

Ele rolou os olhos e ela deixou aquele assunto de lado.

Era um assunto recorrente, afinal desde o colégio eles discutiam sua futura solteirice eterna por causa do seu caso complicado. Segundo a sua avó, se ele que era o único neto não ia dar um filho sanguíneo a família, o 'noivo' ia ter que ser digno da herança; então Cher chegou aos vinte e seis anos com apenas dois namorados na bagagem e zero coragem de tentar o terceiro. A vergonha alheia da pouca experiência traumática lhe deixou escaldado.

— E o que eu tenho que fazer exatamente?

— Quando eu chamar seu nome, você entra, mostra a sua beleza e espera os lances.

— Er... Só isso?

— Tudo isso. Agora fique aqui que eu volto antes de começar, eu tenho que caçar uma encomenda... Olha, tem gente que só me dá dor de cabeça viu...

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