Os doze guardiões

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Milênios e milênios antes...

Houve uma época em que o mundo sofria de uma doença avassaladora. Os grandes sacerdotes tentaram de tudo, se reuniram com os mestres mais sábios de todos os continentes, de todos os povos e mesmo assim tudo o que tentavam não dava certo até que a jovem filha de uma sacerdotisa de salão menor ofereceu uma resposta depois de consultar as estrelas.

— Um coração deve ser dado em sacrifício e assim os deuses perdoarão todos os erros humanos e devolverão a saúde ao mundo.

— Mas que coração seria esse tão valioso que estaria digno de uma oferenda como essa?

Perguntaram para a jovem que encontrara a resposta para tal mal devastador na noite anterior e não pode dormir mais depois da ciência da solução tenebrosa. E ela, ciente de que suas próprias palavras poderiam colocar a si mesma em situação terrível e ainda assim solucionar a pior peste que caiu sobre eles até então, deu um passo a frente, entrou no círculo dos mestres e apontou para seu próprio peito.

— O meu.

— Mas se der seu coração vivo e pulsante em troca do fim desse mal, colocará sua própria alma em risco, pois não poderá morrer e renascer, viverá nem viva nem morta por toda a eternidade.

O mestre mais sábio, da montanha mais distante, disse em tom solene e sombrio.

A jovem assentiu, pois, sabia de tal preço, e estava disposta a pagar se isso ajudasse o mundo naquele momento. E ali os sábios souberam o porquê tal coração ser o escolhido, tal coração era altruísta e bom e poderia aplacar a fúria dos deuses sobre os erros humanos demonstrando que ainda havia bondade entre os mortais.

Ainda havia esperança.

— Sem um coração em seu peito, precisará de sangue para manter suas funções vitais, terá de extrair isso de outros humanos, algo deve substituir as funções do coração, só assim perseverará e seu coração poderá ser mantido vivo, batendo e digno do altar ao qual será enviado. Está disposta a existir assim pela eternidade por toda a humanidade, minha criança?

O mestre das artes ancestrais disse a ela preocupado com o peso colocado em ombros tão frágeis, mas a jovem aceitou. Estava realmente disposta a dar seu coração pela humanidade e viver com o restante do seu corpo em tais condições complexas.

— Então lhe entregarei doze guardiões, doze guerreiros que a protegerão e lhe farão companhia pela eternidade dividindo e compartilhando o mesmo fardo. Deve-se lembrar que sua existência tal como é deve ser mantinha em segredo e a salvo, pois o mal tentará capturar seu corpo para fazer dele uma fonte de poder, o vaso que um dia conteve o coração celestial pode ser uma arma contra os deuses supremos. Precisará se camuflar entre os mortais fingindo nascer e crescer entre eles, por isso daremos a Carnelian sanguinus a você, ela deverá se manter no lugar do seu coração, a CS te dá poderes 'disfarçantes' e isso a manterá segura no mundo até quando ele mudar.

A jovem assentiu mesmo achando que doze guardiões seriam demais.

O ritual se deu no dia seguinte, em um eclipse alinhado a lua de sangue onde ela viu seu peito ser rasgado e seu coração extraído sendo colocado em uma caixa de vidro e subindo aos céus por mãos celestes. Em seu peito vazio foi colocado a Carnelian sanguinus, a pedra mágica dos ancestrais de sua tribo e em seguida foi costurada por sangue antigo e cristais vermelhos curativos.

Quando se levantou do altar, doze desconhecidos estavam diante dela, ajoelhados, nus, sendo cobertos por sangue do punho cortado dos mestres e sábios do grande conselho que se formou dias antes.

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