Mantarini e seu Kladi

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Nan era dos doze o único médico. Não por sua escolha, mas por decisão dos seus mestres há milênios. Ele devia cuidar da saúde da sua senhora, ainda que ela fosse deles a mais forte internamente. De todo modo suas habilidades de cura foram úteis ao decorrer do tempo. Menos é claro, quando tinha que reparar seu próprio coração doente pela perda de seu Mantarini.

Sim, ele já teve um e foi a dor mais excruciante ter que deixá-lo partir e com isso a imortalidade lhe pesava mais e mais, se não fosse seu dever e tarefa... Se não fosse sua promessa, ele já teria desistido.

Então ele estava ali, de novo, em sua casa, seu porto seguro, olhando a lápide com a frase curta em memória do único amor da sua vida "Eu serei sempre sua voz favorita, meu querido Kladi"...

— Nan! Cher é um Mantarini – A voz de Kai soou nervosa e ele fechou os olhos tenso. Sim, ele esperava que fosse aquele o caso, afinal Gun se sentia aflito nos últimos dias desde que viu o amigo da sua senhora a distância e depois o olhou nos olhos na noite passada. Nan não disse nada, afinal não era seu direito intervir, contudo... Imaginou que Gun tinha finalmente encontrado seu destinado. Kai segurou seu braço e parecia bem nervoso o que não fazia muito sentido e... – Ele é virgem e Gun, aquele idiota o beijou!

Nan abriu os olhos tenso e se virou para o irmão de eras:

— Por quê?

— Não me pergunte... Ele está lá na sala... Parecendo um morto!

— Vamos!

Nam saiu rápido indo em direção a mansão cravada no meio do bosque na floresta mais Oriental do mundo. O lugar era nas montanhas e ainda era protegido pelos deuses, Gun e Nat tinha pedido autorização para trazer os humanos para lá e Abi concordou como a cupido exagerada que era. Nan entendia o desejo de sua senhora em compactuar para que aqueles dois tivessem ao menos uma semana de direito sobre os humanos que estavam loucos pelas últimas semanas. Net sabia que James era seu Mantarini, já Gun teimava que Cher não poderia ser, já que ele era inocente demais para ser um potencial amante de um guardião; mas o caso era que a probabilidade do portal permitir a entrada de um humano comum eram pouco prováveis. E bem... Cher podia ser até inocente em geral, mas virgem? Aos vinte e seis anos?

E ele ainda tinha sido bem claro aos dois, se fossem trazer os humanos, não deveriam beijá-los, afinal quando a saliva deles entravam em contato com a saliva de um humano destinado, ativavam todo o potencial sexual e frenético do humano em questão e nunca era simples as reações adversas.

— Você acha que o Mantarini do Gun pode entrar em coma ou algo do tipo?

— Eu preciso examiná-lo primeiro.

Respondeu ao Kai não querendo verbalizar o que lhe passava pela mente. Ele, Mew e Lay foram os únicos a terem um Mantarini dos doze e embora os momentos bons fizessem o fim valer a pena, a dor da despedida não era algo que desejasse aos irmãos... Mas o destino e os deuses sempre tinham planos aversos aos seus melhores desejos.

Sempre.

Net parecia preparado para as consequências, Gun até onde sabia, só queria passar um tempo namorando de forma normal, para variar...

Um Mantarini despertava o Kladi dentro deles, a fera que enlouquecia sobre o consorte como um lobo para sua fêmea. E era irreversível, até a imparável hora da morte do Mantarini, afinal humanos tinham vidas tão efêmeras...

Nam chegou na sala e viu o desespero nos olhos sempre tranquilos de Gun e soube que não poderia dizer a ele que o melhor seria devolver o humano depois de Nam aplicar os supressores nele. Seria um corte limpo, sem consequências. Sem dores posteriores.

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