Amigos não mentem.

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O espelho caiu no chão, dividindo em pedaços grossos o meu reflexo, como uma magia que fora quebrada, assim que aquele olhar vazio deixou de me escarar através do vidro, meu corpo tremeu, minha boca se abriu em agonia e eu consegui gritar.

Gritei tão alto que meu corpo tremeu involuntariamente, eu podia me mexer de novo, eu pude bater nas tábuas do chão, e me levantar, mesmo caindo pelo endredom grosso enroscado em meus pés, chorei, solucei, como nunca havia chorado antes, me senti como um filhote ao relento, sem dono e sem casa na chuva.

Uma dor intensa havia invadido meu peito, eu já não conseguia falar, como se palavras não fossem suficientes para descrever aquele amargo em minha língua, cobri meu rosto, com medo, com nojo de mim, do meu reflexo horrendo, das mãos sujas que estavam na frente de meus olhos, o que eu fiz? Aquilo era real? Eu os feri?

— Por favor...— Implorei, fazendo força para sair apenas um sussurro, encolhendo meu corpo no chão que havia parado de me balançar.— Eu só não quero, não quero...

Eu não quero que seja verdade, eu só poderia ter enlouquecido, era a única justificativa que eu havia pensado, nada poderia justificar aquele pesadelo horrível, aquela sensação de familiaridade que fazia o meu peito acelerar, como se aquilo não fosse um sonho ruim, um terror noturno, poderia ser algo pior, muito pior.

— Sorvete...— Solucei.— É... É como neve.— Ri, trêmulo, ouvindo um suave ranger de House perto de mim.— Mas aqui nunca nevou B-Barnaby...— Falei com a voz embargada, lembrando da última conversa que tive com meu amigo antes dele se isolar como os outros.— B-Barny...— O chamei, com esperança que o mesmo pudesse me escutar da sua casa.— Me conte mais...— Pedi rastejando pelo chão, até a porta do meu quarto.— Me fale, me fale mais sobre a neve, por, por favor...

Falei, deslizando meu rosto pelas tábuas, olhando na direção ao corredor escuro da minha casa, meu coração temeu a visão de Banaby sem cabeça, que não saia da minha mente, como se aquele corpo vazio sem ossos, feito de veludo, estivesse ali, a espreita, esperando que eu chegasse até o corredor para e agarrar.

— B-Barny...— Sussurrei, eu precisava vê-lo.— B-Barnaby.— Chorei, estendendo minha mão para cima do meu rosto, arrastando meu corpo na direção daquele breu usando minhas mãos trêmulas como apoio, cheguei até a porta, rapidamente, fechada por house.— Barny...— Soltei o ar, olhando para trás após ouvir um estalo alto.— House?

Outro estalo alto, desta vez, vindo da janela, ela queria que eu a olhasse nos olhos, queria me dizer algo, mas eu não queria, não poderia olhar para ela.

Não depois do que eu vi, não agora, que eu sinto que tenho que sair dali o mais rápido possível, meu coração parecia querer sair do peito, havia um nó pertinente na minha garganta, que não me permitia respirar bem, nem falar para responde-la.

— Abra a porta...— Pedi com esforço, tentando me levantar aos poucos, agora que o lençol grosso jazia próximo a cama, meus pés estavam livres, mas fracos, sentia meu corpo mole, como se meus membros fossem de pano.— Por favor, eu preciso.— Implorei, me colocando de joelhos, apoiando meu corpo ainda mole em meus braços trêmulos.— Preciso vê-lo, preciso falar com eles... Julie, Frank... Eddie...— Sussurrei, jogando meu corpo contra a porta de madeira, agarrando a maçaneta tentei a girar, mas ouvi dez toques, ela está me chamando.

Mais dez estalos, ela estava tentando me chamar a atenção(está me avisando)

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Eu girei a chave ainda na fechadura, para a destrancar... Dez toques.

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Forcei a porta, mas House a forçou para fechar, 16 toques, mas eu dei dois passos para trás, sem soltar a maçaneta.

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