Capítulo 2

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      Voou por meia hora até o seu destino, Beluti. Era um lugar com gigantescas árvores, tão grandes quanto os rochedos que as rodeavam, seu chão tinha uma coloração amarelada e verde graças os diferentes tipos de grama naquele local, o barro era negro e muito bom de cultivo, nada como os outros lugares das terras sombrias e Kirp sabia disso pois já havia plantado algumas sementes como experimento de sua curiosidade, o resultado foi uma planta três vezes maior e com ótimos frutos. As águas eram azuladas, brilhavam mas eram escuras, tudo ali era diferente, desde o chão até a ponta das árvores que possuíam uma copa densa fazendo-as ser o ninho de muitas aves maiores.

      Mas ele já tinha visto isso diversas vezes, seu objetivo era as fontes de Beluti, em suas rochas cresciam os tais cunjos que buscava, porém a cautela era indispensável à partir de agora, dado que era pelo menos cinco vezes mais fácil morrer alí, tomou a mesma estratégia que fazia com frequência quando ia nessa aventura, voando baixo e pousando em lugares fáceis para atrasar qualquer ataque indesejado. Corvos são muito bons em mobilidade dentro de arbustos e outras árvores menores.

      Foi se aproximando do destino quando adentrava um arbusto qualquer, mas o que ele não imaginava era que haveria um ninho de Cobras Gogas no chão daquele punhado de mato. Quando percebeu o tamanho do problema, paralisou por um instante, aquelas cobras eram famosas por seus botes certeiros e seu alcance era de bons dez metros, tudo o que ele não precisava naquele momento. Ele percebeu que tinham duas naquele ninho e que ainda dormiam, já que seus hábitos são em maioria noturnos. Retomou o raciocínio e foi se afastanto com cuidado do ninho, como não podia usar as asas como queria, acabou criando uma tremedeira nas pernas, até que estava para sair e quando empurou o último galho, a luz do sol travessou o arbusto e foi direto na cara de uma das cobras fazendo ela acordar irritada.

      Aquela víbora levantou atordoada e bufando quando viu um indivíduo escuro na sua frente e não pensou duas vezes, armou o bote e se jogou, Kirp por sorte ou uma grande quantidade de medo, tropeçou de costas e caiu na grama, isso o fez desviar da cobra, que passou direto voando e se chocou contra uma árvore, com toda aquela barulheira a outra que estava dormindo acabou acordando e saindo do seu ninho para ver o que havia ocorrido, acontece que ao sair, ficou frente à frente com o pequeno pássaro que naquele dia estava no seu dia mais azarado. Caído ao chão Kirp olha pra cima e nota o segundo problema se formando enquanto ele ainda está tentando pensar em uma forma de escapar, forçou abrir as asas mas aquela grama tinha alguma viscosidade que não o deixou voar, foi então que aquela Goga investiu uma mordida nele, sua única alternativa naquele meio segundo foi, instintivamente ou não, já que pássaros não fazem isso, de rolar para o lado fazendo a cobra cravar suas presas na terra. Vendo que a outra voltou da árvore com que tivera se chocado, não havia mais para onde correr agora, precisava achar um meio para enfrentá-las.

      - Pequeno passarinho, izzzzz... não é todo dia que a gente vê um amiginho emplumado inteligente, mas hoje você conhece o deus dos pássaros mais cedo, hehe! - a cobra disse.

      - Olha... podemos negociar! Que tal um acordo hein? - Kirp falou.

      - Sim, sim, você poderia não fazer coscas na minha garganta, o que acha? Aí quem sabe eu não te coma... em uma outra vida! Hahahaha. - ela respondeu enquanto se aproximava dele.

      A negociação não era uma opção, mas ele já sabia disso, sua real intenção era seu bisaco e dentro dele tinha alguns objetos que poderiam ajudar contra aquelas serpentes, como o pó-dos-bobos, era um punhado de pó mágico amarrado em uma pele de bode-zufar, seu efeito era de atordoar suas vítimas fazendo-as enlouquecerem até babarem caídas ao chão, uma overdose. Mas tudo aquilo tinha ficado pendurado nos galhos daquele arbusto, não existia outra alternativa, ele teria que subir. Se agarrou com seus pés e bico naquele emaranhado de folhas e tentou escalar, enquanto isso a cobra se aproximava em seu encalço, com seus olhos vidrados na presa. Kirp já estava sem ar, sem escolhas, não havia mais tempo, ela iria atacar e ele não poderia se defender, com um esforço extremo ele solta uma de suas asas e bate em seu bisaco que voa pelo ar, nesse meio tempo ele pula para trás.

      - Se não posso morrer lutando como pássaro, morrerei lutando como homem! - ele grita enquando se arremeça para trás, caindo sobre a cabeça da cobra e cravando suas unhas nela.

      - Seu demônio! Como ousa enfrentar as leis da natureza! - a cobra agoniza de dor, se batento e tentando derrubá-lo.

      - Somente eu, farei o meu destino... nenhum deus pisará sobre minha cabeça e dirá o que devo ser! - grita ele mais uma vez.

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⏰ Última atualização: May 01, 2023 ⏰

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Por AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora