Capítulo 2

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Meus pais tinham se conhecido na escola.

Lá eles tinham meio que um sistema genético de compatibilidade entre os betas para saber qual seria o melhor para cada um se relacionar, mesmo que fossem crianças.

Graças ao destino ou seja lá qual força divina exista, meus pais haviam se afeiçoado um ao outro e o teste genético tinha dado compatibilidade a ambos, o que era algo muito raro de se ocorrer. Por isso muitos betas tinham vidas muito tristes já que eram obrigados a se relacionar com alguém que não era de seu interesse.

Esse teste era feito para que as chances de se engravidar futuramente seja mais alta, porém não era algo tão eficaz já que muitos deles se recusavam a ter relações uns com os outros apenas por terem uma genética que combine.

Essa frustração fazia com que, mesmo em condições perfeitas para um casal de betas procriar, a vontade se sobressaia e não importava quantas vezes eles pudessem ter relações íntimas, nunca era gerado um bebê nisso tudo.

E não era algo comprovado pela ciência, era apenas algo que mamãe dizia e como pra mim ela era a pessoa mais inteligente do mundo, eu acreditava.

Mas com meus pais era diferente, eles cresceram juntos e ficaram juntos até o momento de se casarem. Eles não tinham irmãos, primos ou amigos, as pessoas eram bem poucas e eles quase não tinham seus pais, pois tiveram ambos muito tarde, com uns quarenta anos de idade.

Eles moravam em um bairro com várias casas, porém bem separadas umas das outras pois sobrava muito espaço devido ao fato de ter poucas pessoas. Era um local bastante tranquilo, mas não sabiam se era por ser assim de fato, ou pelas inúmeras câmeras que ficavam por toda a parte os vigiando continuamente.

O governo lhes fornecia tudo o que precisavam, desde comida a moradia, porém não lhe davam privacidade alguma já que todos os eletrônicos eram vigiados 24/7 sem descanso algum a seus moradores.

Meus pais tentavam relevar isso, mas era desconfortável viver em constante desconforto pois qualquer coisa era motivo pra algum oficial bater na porta de sua casa, isso definitivamente não era vida.

Mas apesar de tudo, eles tinham um ao outro e eram felizes, porém um dia minha mãe começou a sentir uns enjoos. Meu pai quase morreu de preocupação pois ele literalmente só tinha ela, qualquer coisa era um sinal vermelho.

Eles então foram ao hospital, era um prédio bem grandão que não precisava de todo esse tamanho já que a frequência de pessoas por dia lá era de, no máximo em dias cheios, 15 pessoas.

Eles foram atendidos quase que automaticamente por uma médica também beta de sorriso simpático e olhar amável.

Quando ela disse o que estava sentindo, viu o olhar pensativo da mulher em sua frente que pediu por alguns exames e estranhou quando ela não usou máquina alguma que estava ligada a rede.

De todas as vezes que havia ido no médico, todos os profissionais usavam uma máquina que estava ligada a rede pois ela já mandava todas as informações do paciente para uma inteligência artificial que fazia a análise e dava o resultado em segundos.

Mas resolveu não questionar.

Depois de fazer exames que nunca havia feito na vida, a médica viu os resultados e ficou pálida.

Mamãe estava preocupada pensando no pior, então a médica desligou todos os eletrônicos da sala e procurou em todo canto por algo que eles não sabiam o que era. Depois de minutos, ela se voltou para eles, chegou bem perto e disse em voz baixa:

— Você está grávida.

Ela me contou que ficou sem reação alguma, não sabia o que sentir sobre isso, ela pensava que nunca teria um filho, mas não por não querer, mas sim por não poder, porém bem, ela podia e estava grávida.

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⏰ Última atualização: Apr 29, 2023 ⏰

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