Capítulo 1

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O mundo sempre foi dessa forma.

Sempre existiu alfa e ômega desde os primórdios da lupinidade e não se sabia de algo diferente.

Os seres eram só umas bactérias na água e evoluíram para as pessoas que temos hoje no mundo, é muito louco pensar que já fomos tão pequenos assim.

Isso até que era um pequeno problema pois a taxa de natalidade mundial era surreal de alta, tendo mais de 6 bilhões de pessoas no mundo, mesmo em 1900. Por isso para algumas pessoas não foi nada preocupante quando o primeiro…qual o nome mesmo? Beta…isso mesmo, quando o primeiro beta nasceu.

Caso não esteja familiarizado, esse foi o nome que nós seres lupinos demos à pessoa sem presença de cheiro, logo, não tinha classe pré definida.

Alguns religiosos por aí disseram se tratar de um sinal divino do fim dos tempos. Muitos ficaram céticos sobre isso, mas quem diria que os loucos iriam ter uma chance de provar que sim, eles realmente tinham razão?

Eu me lembro claramente de mamãe contando a história para mim.

Era 2000.

O ano tinha acabado de virar e um novo milênio havia chegado, era um marco histórico para as pessoas da época. Havia muita festa e comemoração sobre o quanto a lupinidade havia conseguido alcançar, porém no dia seguinte o mundo recebeu uma notícia que chocou a muitos.

Havia nascido um ser, era como um lupino comum. Não tinha deficiência alguma, havia nascido no tempo certo e não houvera complicação nenhuma no parto. Mas então você questiona: o que tinha de errado para isso ser tão comentado? E eu te digo.

Esse lupino não tinha classe.

Uma rápida explicação para você entender caso esteja confuso: Todo lupino nascia com uma classe, seja ômega ou alfa, era possível sentir o cheiro mesmo antes de nascer e é nele que contém a informação se você é alfa ou ômega, porém essa criança não tinha isso.

Poderia ser uma mutação genética rara, então o pobre recém nascido foi submetido aos mais diversos exames e testes, mesmo tendo tão pouco tempo de vida e seus pais não podiam fazer nada para impedir.

Com o passar dos dias a história foi esquecida, porém veio com força novamente quando outro lupino nasceu sem cheiro.

Depois outro.

Outro.

E mais outro.

Até que três casos se tornaram trinta e depois trezentos, depois mil, depois dez mil e então um milhão.

Podia parecer pouco em um ano na qual já existiam dez bilhões de pessoas no mundo como dois mil, porém aquela taxa havia crescido rápido demais, tanto que dos trezentos mil filhotes que nasciam por dia, vinte mil não tinham cheiro e o número somente crescia.

Antes disso, havia boatos na qual alguns cientistas estavam tentando recriar uma alma lupina artificial para entender essa questão de ser e lobo funcionando juntos, provavelmente pensando o que aconteceria se alguém nascesse sem o lobo.

Porém após os casos dessa nova mutação genética, o que era só um boato, acabou se tornando notícia dos jornais daquele ano. Era o assunto mais em alta, não eram muitos os que tinham televisão em casa, mas os que possuíam, viam todos os dias reportagens e mais reportagens sobre novos casos e a recepção desses novos seres entre os lupinos.

Mamãe dizia que muitos acreditavam ser algum tipo de praga e eram a favor de sacrificar esses seres, que até então, eram só filhotes. Fiquei horrorizado ouvindo esse relato dela, porque eram só filhotes…eu nunca havia visto um pessoalmente, apenas por fotos e eles eram tão fofos, meu coração ficou tão pequeno ao pensar em algo tão cruel com seres que não tinham culpa de nada.

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