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MAIS UM ESTAVA CAÍDO NO CHÃO AO LADO ao cair em mais uma de suas jogadas.

Mais uma vez nessa partida, não se lembrava claramente se era a sexta, ou a sétima.

Havia perdido as contas, e se fosse ser totalmente sincero, não se importava mais com quem caía, apenas no som de aclamando seu nome.

Era algo corriqueiro que infelizmente havia se tornado um costume e a única coisa que o impedia de ficar entediado era poder ver as caras de frustração e derrota na cara de cada jogador do time oposto.

Cada um que surgia em sua frente tinha um trágico final, uma humilhação.

Uma pedalada perfeita e rapidamente executada foi mentalizada, e reproduzida instantaneamente, o jogador à sua frente desnorteado ficando.

E com um movimento de tornozelo fez uma meia lua e deixou o jogador abobado.

Um xingamento direcionado a ele o fez sorrir em arrogância.

Havia companheiros que o xingava por nunca passar a bola, mas nunca o confrontaram pois toda vez que a bola tocou seus pés era um gol.

Era um fato.

Isso havia acontecido nos últimos jogos do regional e estadual.

E essa partida era o momento do espetáculo.

Era uma partida que se via no dilema de fazer muitos gols.

Normalmente se contentava com 2 ou 3 gols.

Mas nesse jogo se viu no dilema de marcar quantos fosse possível.

O placar estava 7×0 para o time de sua escola ainda nos 75 minutos de jogo.

Os torcedores do time adversário se encontravam com os animos mortos, os cartazes sendo pisados por corpos pesados de decepção.

Todos os gols foram feitos pelo camisa 9, e não tinha nenhuma pessoa que ficasse em silêncio naquele momento, ou proferindo o quão monstruoso ele era ou o quão desgraçado era por ser tão egoísta, algo que ele estava acostumado a ser chamado.

Ele amassava esses projetos de jogadores medíocres com um único objetivo, mostrar que o futebol não aceitava fracotes como eles, não havia espaço para eles naquele campo, que sim ou sim eles deveriam melhorar.

Já satisfeito com o estrago, ele gesticulou com as mãos para o treinador, um gesto que significava que ele queria sair.

Algo que ele havia feito apenas em duas partidas.

O treinador mesmo a contra gosto aceitou fazer a substituição, chamando o camisa 7 para entrar no seu lugar. Aquele moleque vinte centímetros mais baixo que ele nem poderia se comparar a ele, e na realidade, naquele confronto não havia ninguém de seu nível.

Ego afirmava que ele poderia ser a definição do ego que o Japão precisava.

Mas ele ainda contava com um pequeno problema.

Mas Jimpachi iria fazer de tudo para que o futebol japonês sofresse uma revolução.

Com um olhar satisfeito e frio, o atacante trilhou seu caminho até a linha de lateral e o suplente correu em direção ao meio do campo, dando instruções que o treinador havia lhe passado.

Os quinze minutos mais os acréscimos passaram e o jogo terminou 7×2 ainda para seu time, e ele estava bufando ao ver que ao sair a equipe acabou tomando dois gols de um impostor como atacante.

O de cabelo branco começou a andar em direção aos vestiários, onde se desfez de suas roupas e entrou na cabine de chuveiro, girando o registro, sentindo a água fria se tronar quente e relaxar seus músculos.

Não passou muito tempo ali dentro, saiu e se vestiu, e começou a andar em direção a sua casa.

Quando chegou foi verificar a caixa de correio como sempre fazia para sua mãe, e entre as correspondências encontrou uma na qual ele era o destinatário.

Andando em direção a casa enquanto abria a quarta que tinha o selo da Associação de Futebol Japonesa, seu interesse surgindo imediatamente.

Será que finalmente teria a chance de jogar na categoria sub-20 japonesa?

Mas ao cruzar a porta de entrada terminando de ler, viu que era um convite para uma reunião com ele e alguns outros jovens atacantes do Japão.

Ele deixou a carta na mesinha ao lado e seguiu caminho para a cozinha onde sua mãe estava sentada a mesa olhando em sua direção com os olhos azuis claros brilhando em emoção ao ver seu filho.

Ele entregou as demais cartas para ela, e foi retirar sua comida, se sentando a frente da mulher para jantar, enquanto ela lia o conteúdo das cartas, resmungando algo sobre mais contas para pagar.

Logo após o jantar ambos conversaram por um tempo até que subiram para seus quartos e dormiram.

E durante o sono de Kira ele tinha uma única imagem em sua mente, a taça da copa do mundo, ao lado de várias bolas e chuteiras de ouro.

Afinal era seu único objetivo ser o maior e melhor jogador de todos os tempos.

𝐃𝐄𝐒𝐓𝐑𝐎𝐘𝐄𝐑 | 𝑩𝒍𝒖𝒆 𝑳𝒐𝒄𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora