Cap 4 - I guess it isn't possible

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O que ele estava fazendo aqui?!

São aproximadamente 15:20, o que caralhos o Keeho tá fazendo aqui?!

Não, não! Não pode ser, não pode!

Finalmente pude me sentir livre, ter a sensação de alívio por poder sair dali, mas é claro, claro que tudo daria errado pra mim, sempre dá errado.
Se desse certo eu não teria que estar passando por essa situação, eu não teria que fugir para poder ser livre e feliz. Se desse certo eu sequer teria me envolvido com o Keeho.

Mas a culpa é minha, toda, toda minha. Eu deveria ter escutado, deveria ter dado ouvidos ao Felix quando ele disse que o Keeho não era uma boa pessoa, deveria ter me afastado do Keeho, deveria ter me envolvido com os outros amigos de Felix além do Seung e do Innie. Se eu tivesse escutado as coisas que ele me disse, eu nunca teria passado por tudo que eu passei, eu não teria que fugir, eu poderia ser feliz, poderia ter paz, poderia receber amor. Mas não, eu não ouvi, e agora, Keeho está vindo em minha direção, junto de mais dois caras, esses que eu conhecia muito bem.

Os dois melhores amigos de Keeho: BamBam e YoungJae.

Não se enganem pela cara bonita deles, eles já ajudaram o Keeho a me bater, e essa foi a pior surra que eu já tinha levado até hoje. Porque o Keeho sozinho já é forte, imagina com seus outros dois amigos, que além disso, também são colegas de academia?

Não, não imaginem, eu não gosto nem de pensar.

Mas o que eu devo fazer agora. Eu devo correr? Devo ficar parado? Devo abaixar a cabeça e ir até ele? Devo entrar? Deixo ele chegar até ser agarrado novamente?

Todas péssimas opções.

O pior era que Keeho não estava sozinho, claro que não. Além de Keeho, vinha mais dois de seus amigos em minha direção, aqueles seus dois amigos que sempre me amedrontavam quando os via lá em casa, os seus amigos sujos e ridículos, seus amigos que o ajudavam a me bater, seus amigos que não prestavam.

YoungJae, BamBam e Keeho estavam a no máximo 5 metros na minha frente, e eu tremia. Tremia de medo, tremia de frio, tremia de pavor, tremia por causa da frustração que eu estava sentindo.

Poxa, não tive sequer 10 minutos fora daquela casa, nem 10 minutos para respirar, e agora vai acontecer tudo de novo, vai acontecer só que bem pior, porque além de Keeho, seus amigos também eram fortes. Sabia que eles eram fortes porque eu já senti o mínimo do que eles são capazes, senti na minha pele.

E ah, quem dera se o Keeho se importasse no dia em que seus amiguinhos me batiam... Porque não, claro que não, enquanto os amiguinhos dele me batiam ou o Keeho assistia, ou ele os ajudava.

E eu não quero que ocorra de novo, não, não, não pode acontecer, não pode!

- O que caralhos você tá fazendo fora de casa, Jisung?! - Aquela voz... Ah aquela voz... A última voz que eu queria escutar pelo resto da minha vida.

Aquela voz que sempre me dá medo, que me apavora, aquela voz que eu odeio.

Senti... Senti meus braços serem agarrados, mas eu não conseguia fazer nada além de chorar, não conseguia fazer nada além de tremer como um cachorrinho medroso. Eu chorava como uma criança e enquanto Keeho me arrastava para algum lugar, mas eu sabia que não estava indo para casa, e isso me deixava com mais medo ainda.

Isso significava que eu estaria indo para algum lugar desconhecido, sem nada, apenas com as pessoas que eu mais odeio nesse mundo.

Eu me encontrava apavorado, o Keeho gritava enquanto me arrastava, com os outros dois me empurrando e gritando, mas eu não ouvia, eu não conseguia ouvir porque eu me encontrava apavorado, sentia minha vista escurecer e minha cabeça latejar, sentia minhas pernas fracas enquanto era empurrado em alguma direção que eu não sabia qual era porque eu não conseguia sequer raciocinar o que eu estava fazendo.

Só vi quando me pararam em frente a um carro preto de luxo, quando gritaram comigo e me jogaram dentro daquele carro, quando BamBam e YoungJae sentaram do meu lado me deixando com ainda mais medo. Ouvi barulho de outra porta abrindo, provavelmente era Keeho que iria dirigir.

Não vi mais nada, porque depois que Keeho entrou e falando diversas coisas como que eu iria me arrepender de um dia já ter pensado em fugir dele, ou que eu iria aprender o que se faz com "garotos mal criados" e eu juro, quando ouvi isso, me deu uma vontade enorme de vomitar. Eu já estava fraco, cabeça doendo, sentindo como se houvesse toneladas em minhas costas novamente e eu não pudesse fazer nada para retirá-las.

Decidi aceitar, esperar o que faria comigo, viver tudo aquilo de novo e, talvez, um dia o meu plano dê certo, porque não foi dessa vez.

Silent Cry -Minsung (provisório)Onde histórias criam vida. Descubra agora