Han Jisung
15:00
Estava destrancada!
Mas eu não posso simplesmente sair assim, Keeho não sabe que deixou a porta destrancada, se eu sair, preciso tranca-la, certo?
As minhas presilhas.
Eu poderia sair trancar a porta, mas... Para onde eu iria? O Jungwon mora longe demais, não tenho familiares e nem ninguém para me ajudar. O que eu iria fazer lá fora?
Poderia sair pelo menos para respirar um ar novo, faz muito tempo que não saio de casa pra nada, sair seria bom para mim. Mas fugir... Fugir seria a melhor opção... Eu seria livre, poderia finalmente viver, reconstruir a minha vida e voltar a ser feliz como eu era antes.
Resolvo fazer isso mesmo, me dirijo até o meu quarto para poder pegar as presilhas e assim conseguir trancar a porta após a minha saída.
Mas e se ele tiver deixado aberto por querer, como uma armadilha? Bom, só há um jeito de descobrir: fugir e ver o resultado. Porém mesmo com medo de ver no que poderia resultar, eu precisava fazer isso, era para o meu próprio bem, eu não tinha outra escolha, ou eu fugia, ou eu continuaria apanhando até morte, e eu não quero que aconteça a segunda opção, é tudo que eu menos quero.
Então resolvi colocar meu plano em ação, primeiramente arrumei minhas coisas e as coloquei em uma mochila que peguei no armario de Keeho, dentro dessa mochila havia apenas o básico como algumas mudas de roupa, tanto para frio, quanto para calor, escova de cabelo, meus produtos de higiêne pessoal, mesmo que eu nem saiba se eu conseguirá usar isso tudo, e as minhas amadas presilhas e toucas por conta do clima frio.
Além disso, também peguei um cartão com dinheiro reserva que o Keeho guardava no fundo do nosso guarda-roupa, que era para ser usados em emergências, e bem, é literalmente uma emergência, realmente não posso continuar vivendo assim com tanta dor e solidão.
Preciso voltar para a minha família, preciso voltar a viver com o Jungwon, preciso voltar a viver de verdade, porque isso... isso aqui não é vida, é só uma prisão onde eu não posso ter paz, não posso ter amor, não posso ter felicidade. E isso dói, é ruim, é difícil, é chato, é exaustante. Ficar aqui me faz perder a vontade de viver, porque eu sei que aqui eu nunca, nunca vou ser feliz, porque aqui, aqui eu não tenho amor, não tenho vida, eu tenho dor, eu tenho sofrimento, eu tenho a minha vida sendo destruída por causa de outra pessoa que sequer se importa comigo.
E eu sei, sei que se eu não fizer nada a respeito eu nunca vou sair daqui, eu já disse que Jungwon mora muito longe, ele não sabe a situação que eu estou vivendo, porque eu sei, o Jungwon é uma ótima pessoa, sei que se ele tivesse noção do que eu passo aqui, ele já teria me ajudado, já teria me tirado dessa vida de merda.
E o Felix... Eu não quero preocupar ele com os meus problemas, não temos o mesmo contato de antes quando fazíamos faculdade juntos, não poderia simplesmente mandar uma mensagem para ele dizendo que estou apanhando e não quero mais viver aqui.
Tenho que me libertar por conta própria, tenho que ser forte o suficiente para conseguir parar de viver nas mãos do Keeho, conseguir parar de depender de alguém que não me faz bem.
Quero sair daqui, sair daqui e poder recomeçar a minha vida, encontrar o Jungwon, Jay, Felix, Jeongin e Seungmin, e também encontrar alguém que me ame de verdade, que consiga me fazer feliz, porque eu realmente não consigo me recordar da última vez em que eu fui feliz de verdade, não me lembro da última vez que dei um sorriso verdadeiro, porque faz tempo que eu não sinto o sentimento da real felicidade.
Sequer me lembro a última vez eu que falei com o meu irmão, imagina vê-lo. Mas eu não posso enrolar mais, preciso tomar coragem pelo menos uma vez pra poder correr atrás da minha felicidade. O Keeho é rico, milionário mas ele não ostenta, então tinha muito dinheiro reserva, muito mesmo. Não tinha menos de 30 mil reais naquele cartão que ficava guardado no nosso guarda- roupa, porque Keeho depositou mais que isso naquele cartão e ele nunca foi usado, então com isso, já que será só eu e eu até reconstruir minha vida de verdade, então é muito mais do que o suficiente.
Resolvo então finalmente sair daquela casa que, por ser bem grande, poderia até ser sonho de muitos, mas para mim... Para mim aquele era o último lugar em que eu queria pisar pelo resto da minha vida, porque só eu senti, só eu senti todas as dores e aguentei todas as coisas que foram feitas naquela casa, todos os barulhos, todos os xingamentos, todos os machucados que eram feitos em mim, só eu, só eu senti, só eu vivi aquilo. E viver aquilo novamente é a última coisa que eu quero.
Fazia tempos... Tempos em que eu não respirava um ar puro igual o que eu estava respirando nesse momento, nesse momento em que eu finalmente pisei para fora daquela casa. Senti como se toneladas fossem retiradas das minhas costas, mesmo que pudesse ser por pouco tempo, eu finalmente estou me sentindo livre, como um passarinhos que passou anos na sua vida preso em uma gaiola e finalmente pôde ser solto pelos ares e voar para onde quiser.
Liberdade essa que durou pouco, muito pouco.
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Silent Cry -Minsung (provisório)
FanfictionOnde Han Jisung sofre em um namoro abusivo e procura ajuda. Ou Onde Lee Minho encontra Han Jisung e decide ajudá-lo. Iniciada: 23/04/23 Finalizada: ??/??/??