Até a Deusa da Noite Tem Medo da Escuridão!

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A brisa suave da noite recém caída trazia consigo o cheiro adocicado das flores plantadas envolta de seu templo e entravam pela sacada. Seu olfato apurado conseguia distinguir alguns odores:

Brugmansias. Lírios. Prímulas. Gardênias. Plumerias, classificou mentalmente em uma tentativa vã de se distrair.

Um suspiro escapa por entre seus lábios rosados.

Como foi que deixei ela me manipular daquela forma? Eu não devia tê-la ofendido tanto, constatou, aborrecida. Mas, quem mandou ela vir me incomodar!?

Ártemis estava irritada consigo mesma e com Afrodite, pois a deusa do amor havia conseguido lhe intimar a comparecer em uma reunião estúpida. E, sem ela ter mais argumentos plausíveis, incluindo ameaças e extorsões, acabou concordando em ir.

"- É só uma reunião formal, nada demais. Você não morrerá se for.

– Desista Afrodite, eu não irei. Entrarei em caçada neste mesmo dia.

– Desista da caçada, então. – Rebateu no mesmo instante. – Garanto que quem quer que você vá caça não desaparecera.

A ruiva revira os olhos, indignada.

– Não, não desistirei. – Foi enfática, encarando suas unhas em uma clara tentativa de demonstrar desinteresse. – Afinal, é meu aniversário neste dia, farei o que bem entender. E você deveria me apoiar, já que caçar me deixa feliz. – Tentou, indiretamente, apelar para extorsão sentimental.

– É aniversário de...

– Não fale o nome dele. – Corta-a, nervosa.

A ruiva já estava ficando impaciente com a insistência da morena.

Afrodite sorri.

– Você tenta esconder dele, de você mesma e de todos, mas não pode esconder de mim. Não de mim, menina lunar. Eu sei o que você sente.

A ruiva morde o lábio inferior, tenta conter uma fúria crescente.

– Você se acha tão esperta, tão inabalável. – Ela ignora o apelido que um dia já foi o que a fez se sentir parte da família. Mas que hoje não precisava mais ser usado. – Eu sei que me esconde algo, Afrodite. Não sou burra! E meus instintos me guiam, não meu coração.

– Um dia você terá que dá ouvidos a seu coração. – Diz, dando de ombros.

– Claro. – Confirma, sendo sarcástica.

– Eu não te reconheço mais... – Os olhos da deusa ficam ligeiramente opacos, algo atípico de sua personalidade. –Você era tão gentil, carinhosa e bondosa, Ártemis.

– As pessoas mudam, Dite. – Aquele apelido foi proferido cheio de rancor. – Como não posso ser má, aprendi a ser irônica e descontar minha raiva com palavras. Afinal, palavras doem mais que qualquer agressão física.

A morena respira fundo, tentando não se deixar abalar pelas palavras da deusa da lua.

– Essa sua raiva de tudo e todos vai acabar te consumindo. Amarga e solitária você já se tornou. – Profere, certa de que estava colocando sal na ferida.

Estreitando seus olhos, Ártemis se prepara para contra-atacar.

– Esse seu jeito paz e amor vão acabar te deixando mais estúpida do que você já é considerada. – Devolve a provocação de um modo duas vezes mais venenoso.

I Love You... Te Quiero!Onde histórias criam vida. Descubra agora