• Quatre •

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Monte-Carlo, Monaco

CHARLES

O dia já começou uma merda.

Eu tinha acabado de acordar quando o Pierre mandou uma mensagem avisando que apareceria na minha casa em 10 minutos para irmos malhar.

E eu como um bom amigo, bloqueei.

Estava na casa da minha mãe. Não moro mais aqui tem um bom tempo mas às vezes ainda venho passar uns dias aqui porque sei que ela se sente sozinha com todos os filhos morando em suas próprias casas.

Moramos todos em Mônaco mas é inevitável mamãe não se sentir sozinha. Ela ainda mora na casa da minha infância. A casa que ela comprou com papai pouco antes de se casarem.

Quando todos fomos embora daqui eu pensei que ela iria querer se mudar por não aguentar a dor de morar sozinha na casa que antes era ocupada por cinco pessoas mas de acordo com minha mãe, essa é a casa que ela criou todos os seus filhos, a casa que ela morou com meu pai e passou todos os momentos bons e ruins ao lado dele e ela jamais deixaria essa casa e as memórias que a acompanhavam.

Admiro a minha mãe. Ela é a mulher mais forte que eu já conheci porque mesmo após a morte de papai, se manteve firme por mim, por Lorenzo e por Arthur.

Nunca teríamos como agradecer a ela completamente por isso.

Sou interrompido dos meus pensados pela porta do quarto sendo aberta abruptamente.

— Você me bloqueou? — Pierre pergunta segurando o celular com uma expressão ofendida.

— Achei que fosse o suficiente pra você entender que eu não queria sair hoje. — digo revirando os olhos e me levantando.

— Eu te fiz um convite gentil e você me bloqueia assim? — continua o drama.

Entro no banheiro e fecho a porta na sua cara.

Escovo os dentes e tomo o banho escutando os resmungos do francês do outro lado da porta.

Ao terminar, vejo que ele não está mais no quarto e escuro risadas no andar de baixo.

Ótimo. Confraternização pra zoar com a minha cara.

— Bom dia, mamãe. — digo ao entrar na cozinha e dou um beijo em sua testa.

— Bom dia, querido. Pierre estava me contando que planejam treinar hoje, quer que eu prepare o almoço?

— Não precisa, mãe.

— Por favor, tia.

Eu e Pierre respondemos ao mesmo tempo, fazendo minha mãe soltar uma gargalhada.

— Vou deixar a comida pronta pra quando chegarem. Apareceram umas garotas desesperadas pra se arrumarem para um casamento e isso provavelmente vai ocupar minha tarde. — conta enquanto se senta ao meu lado na mesa.

— Puta que pariu. — exclama Pierre olhando para a tela do celular

— Olha a boca, garoto. — corrige dando um tapa em sua nuca.

— Foi mal, tia Pascale. Mas olha só isso. — se desculpa e da o celular na mão da minha mãe.

— Oh meu Deus, a Fadinha. — sua expressão se torna um misto de nostalgia e saudade. — Faz tanto tempo que eu não vejo ou converso com ela pessoalmente, nem mesmo no paddock nos encontramos. Acho que a última vez que a vi ela tinha acabado de fazer 20.

— Ela quem, mãe? — pergunto curioso.

— Olha como está crescida. — coloca a mão desocupada no peito e sorri.

— Mamãe. — chamo.

— Oras, a Mako. Quem mais seria?

— Mako Walker? — pergunto em choque.

— É. Acabei de ler a matéria que saiu dela e do namorado. — responde óbvia.

— Namorado?

— É, meu filho. Namorado. — fala devolvendo o celular para o francês. — O que foi? Fala tanto inglês no trabalho que chega em casa e não se lembra como falar seu próprio idioma?

— Namorado. — Pierre diz com um tom zombeteiro, mexendo as duas sobrancelhas e joga o celular em cima de mim.

"Mako Walker e Max Vertsappen vistos
em momento íntimo na Alemanha

Os pilotos de Fórmula 1 Mako Walker e Max Verstappen foram flagrados em momentos extremamente íntimos em uma boate na Alemanha.

Fontes apontam o romance de ambos desde o suposto término de Max, há duas semanas, porém só agora foram vistos juntos e fotografados dançando, se abraçando e quase aos beijos.

Walker e Verstappen não se pronunciaram sobre.

Ler mais..."

Uma expressão de incredulidade toma conta do meu rosto.

— Como ela e o Verstappen estão namorando?Até ontem eles não se suportavam. — comento com Pierre.

— Aparentemente os melhores amores nascem do ódio. — responde tranquilo.

— Fico feliz que ela esteja feliz. Preciso me encontrar com ela, as vezes parece que ela foge de mim. — mamãe comenta se levantando e recolhendo as poucas coisas em cima da mesa.

Pierre me olha prendendo a risada, provavelmente porque é exatamente isso que Mako faz.

[...]

— Por que parece que aquela matéria te afetou demais? — o francês pergunta enquanto caminha na esteira ao meu lado.

— Isso é coisa da sua cabeça.

— Você não tá afim da Mako Island, né? Se bem que esse lance de talaricag... — não conclui sua fala pois eu dou um empurrão no mesmo, fazendo ele quase cair.

— Cala a boca. Até parece que você é o exemplo da fidelidade. — respondo bravo.

— Não teria como você estar afim da Island já que mal trocou dez palavras com ela a vida toda. — continua o raciocínio maluco e eu fico quieto. — A não ser que você tenha conversado com ela.

— Deixa de doideira.

— Meu Deus, você conversou. — fala em choque e eu bufo. — Eu vou fingir que não estou extremamente ofendido por você não ter me contado. Quando aconteceu?

O encaro por alguns segundos antes de desistir e finalmente falar.

— Baile de caridade.

— Mas isso foi há duas semanas, seu traidor. — diz cerrando os olhos.

— Não foi nada demais. A gente arrecadou dinheiro juntos, ela ficou bêbada e eu levei ela de volta. — constato deixando de fora que ela estava em um hotel. — Eu não sou afim da Mako, cara. Eu mal conheço ela. Só fiquei chocado porque não fazia tanto tempo assim que eu tinha visto ela e ela não comentou nada.

— E imaginou que ela fosse fazer o que? Sentar do seu lado e contar todos os detalhes sobre o relacionamento super romântico dela e do Max? — comenta irônico. — A Mako não se abre nem com quem ela é próxima, quem dirá com quem ela mal conversou na vida.

— Valeu, Sherlock.

Aparentemente eu sou o único que acha estranho um relacionamento entre Walker e Verstappen assim do nada.

26/07/2023

𝐏𝐨𝐮𝐫 𝐥'𝐞́𝐭𝐞𝐫𝐧𝐢𝐭𝐞́ | 𝐂𝐡𝐚𝐫𝐥𝐞𝐬 𝐋𝐞𝐜𝐥𝐞𝐫𝐜Onde histórias criam vida. Descubra agora