Enough? - 2 - Calzona

3 - Sala Reformada.

Arizona Robbins Point Of View

Desço as escadas da minha casa já sentindo o cheiro de café, ouvindo as risadas de Callie e de Aurora. Não consigo explicar em palavras o quanto essa sensação está sendo maravilhosa pra mim.

Acordar e ter aquelas duas ali, rindo como se fossemos uma família - e éramos.

Me aproximo devagar, vendo a pequena se deliciar com o pão na chapa que minha namorada fez e um Nescau delicioso na xícara.

Assim que Callie me vê, ela deixa minha irmã na mesa e vem até a mim que as encarava um pouco longe, aleia e pensando distante.

— Bom dia. - ela diz baixo, se aproximando de mim e tocando suas duas mãos em minha cintura, levantando a cabeça para me beijar. Eu amo tanto essa mulher, senhor!

— Bom dia. - sorrio em meio ao beijo, manhosa demais por ela.

Ela finaliza o beijo, e pega a minha mão me levando até a cozinha.

— Bom dia, maninha. - falo, vendo a pequena com a boca cheia de pão.

— Bom dia, Ari. - ela fala embolado, quase não deu pra entender.

— Cuidado pra não engasgar, amor. - Callie fala, vendo a menina tossindo.

— Desculpe, Call. É que o pão que você fez está muito gostoso. - ela diz, fazendo nós duas sorrirmos bobas.

— Hum.. - solto um som nasal antes de pegar um pedacinho de pão no prato ao meio da mesa. - Aurora, temos que te levar pra casa já já, se não.. - faço um movimento com a mão, como se fosse cortar meu pescoço, referindo nosso pai.

— Ah.. - sua expressão entristece, fazendo meu coração derreter.

— Ei.. - me aproximo dela, passando minha mão por seu rostinho. - a irmã promete que sempre irá te visitar a partir de hoje e sempre irá te trazer pra cá, tudo bem? - prometo, e cumprirei.

— Promete mesmo? Não vai sumir não, né?

— Não, não vou sumir mais. - sorrio, olhando-a com ternura.

— Tá bom, vou arrumar minhas coisinhas e já já vamos.

Ela levanta e deixa seu copo na pia, que foi quase um desafio pois a mesma é baixa e a pia é maior que ela, mas a mesma conseguiu.

— Obrigada pelo o café, Call. - agradeceu e subiu as escadas correndo para pegar sua mochila.

— Eu tô apaixonada nessa menina. - minha namorada solta, encantada.

Rio, indo em direção a ela, lhe abraçando.

— Não chora quando formos levá-la, se não choro também.

— Tentarei. - brinca.

{...}

Callie disse que ficaria no carro, mas antes encheu a minha irmã de beijos e dizendo o quanto sentiria saudades da pequena. Posso dizer que ela quase chorou? Acho que sim.

Bato na porta da minha antiga casa e espero meu pai atender, o que não demorou muito. O mesmo estava arrumado, mas com olheiras fundas e com a face cansada.

— Papai! - minha irmã pula no colo do mesmo.

— Oh, filha! Que saudades!

Ver aquela cena me deu um aperto no coração. Nunca recebi um amor paterno e nem materno e isso me machucava até hoje.

— Bom, entregue. - sorrio sem humor, batendo na minha própria coxa.

Antes de me virar e seguir para o meu carro, sinto seus bracinhos abraçando minhas pernas.