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- Ryoko, doutor, podem me dar um minutinho pra falar com ele? - eles trocam olhares, mas concordam. Ambos saíram da sala novamente, me deixando sozinha com o garoto

Baji: não pode me obrigar a fazer

- tem razão. Legalmente eu e vc nao somos nada. Não tenho autoridade nenhuma sobre vc

- mas Baji, pensa um pouco. Se essa infecção cair na sua corrente sanguínea, ela vai se espalhar pro resto do seu corpo. Sabe quais as chances de sobrevivência quando se trata de infecção generalizada?

Baji: não...

- são bem baixas - ele abaixa a cabeça, apoiando nas mãos

- olha pra mim - puxei seu rosto para q me encarasse

- eu não quero perder vc por causa de uma bobagem dessas. Já disse, é uma cirurgia simples e quase rotineira pra eles. O único risco q vc corre, é se não fizer e a infecção se espalhar

Baji: Shayara... eu... tô com medo...

- eu sei. Eu tb estou. Sabe pq? - ele nega

- pq vc é teimoso. Tenho medo de vc convencer td mundo a não fazer a cirurgia e as coisas ficarem pior. Eu não vou te perdoar se vc morrer por causa de apêndice - ele parecia meio relutante ainda

- td bem... não costumo mostrar pra todo mundo. Mas se isso te convencer...

Baji: o q vc... - levantei parte da blusa e abaixei uma pequena parte do elástico da calça, revelando uma pequena cicatriz q eu tinha

Sempre tentava esconder ela, achava ela mto feia. Já tinha inseguranças demais com meu corpo, não precisava de mais essa

- eu tb já fiz essa cirurgia, Keisuke. Eu tinha uns 6 anos no máximo. Eu sei como essa dor é infernal, eu sei q assusta. Vai por mim, eu sei mto bem o q vc tá sentindo

- na época, eu tb não queria fazer. Esperneei até convencer td mundo. Fiquei mais de uma semana no hospital tomando remédio e sentindo essa dor. Achando q a inflamação ia reduzir

- tinha uma outra garotinha dividindo quarto comigo. A história era a mesma, ela não fez a cirurgia e o quadro dela se agravou rapidamente. Um dia eu acordei e ela não estava mais lá. Foi quando eu decidi fazer a cirurgia

- e adivinha? Foi mais tranquilo do q eu esperava. Fui anestesiada e quando acordei, já não sentia mais a dor. No máximo o incômodo pós-cirúrgico

- pfv, Baji, não faz essa cagada. Não faz isso comigo

Baji: ... - ele ainda estava assustado, mas parecia q ia considerar fazer a cirurgia

- e então?

Baji: promete ficar até eu voltar?

- eu prometo

Baji: pfv, não me deixa sozinho

- vou estar aqui quando a cirurgia acabar

- posso chamar o médico?

Baji: pode...

Chamei Ryoko e o médico de volta para a sala

Médico: sua cirurgia está marcada pra amanhã de manhã. Vc vai ficar em um dos quartos até lá, precisamos monitorar sua situação. Se importa em dividir o quarto?

Baji: acho q não...

Médico: ótimo, vou chamar uma enfermeira

*

Logo estávamos no quarto em q Baji iria ficar. Haviam duas camas e tinha um garoto em uma delas, ele parecia ser no máximo 1 ano mais novo q a gente

Médico: boa tarde, Shousuke. Esse é seu novo colega de quarto, Keisuke

Shousuke: olá

Médico: podem se ajeitar, uma enfermeira logo vem aí para medica-lo

Baji se senta na outra cama, próxima a janela do quarto

- eu vou na cantina comprar alguma coisa pra comer, vai querer tb?

Baji: não sei se posso

- já volto, tá bom?

Baji: tá...

Assim q sai do quarto, Ryoko aparece do nada e me dá um forte abraço

Ryoko: obg, Shayara. Mto, mto, mto obg. Não sei como vc fez isso, mas conseguiu convencer ele. Me desculpa por toda a correria q vc teve q fazer com o Keisuke

- imagina. Ele faria o mesmo por mim. Só tô retribuindo por todas as vezes q Keisuke me ajudou

Ryoko: daqui a pouco é meu horário de almoço. Pode me ajudar a passar em casa para pegar algumas roupas pra ele?

- claro. Vou na cantina comer um pouco. Acha q ele pode comer tb?

Ryoko: pode sim. Só precisa fazer um jejum de noite. Toma - ela me entrega um pouco de dinheiro

- nada disso

Ryoko: eu insisto. Vc pagou o uber e cuidou do meu filho até eu chegar. Me deixa pagar pelo menos seu lanche - Acabei aceitando

Fui pra cantina e comprei um salgado, até q estava gostoso, mas não valia o preço q eu paguei. Comprei tb um daqueles lanches naturais para Baji. Tive medo de dar ruim se ele comesse mta porcaria

Voltei para o quarto e ele estava com uma enfermeira. Ela usava o estetoscópio para ouvir a respiração e os batimentos do garoto, enquanto anotava td numa fixa

Ele estava sem camisa, eu tentei de vdd não olhar, considerando q o bichinho tava todo fudido

Baji me vê e sorri, com um olhar de quem estava cansado. A enfermeira logo vira na minha direção

Enfermeira: isso explica o aumento repentino dos seus batimentos - Baji fica vermelho

Enfermeira: tá apaixonado por ela né? - ela da um sorriso doce e Baji fica ainda mais vermelho, olhando para todo canto, menos pra mim

- não comemos nada desde q chegamos. Ele pode comer isso?

Enfermeira: pode sim, querida. Mas fala pra ele não abusar. E precisa estar de jejum quando for fazer a cirurgia

Ela deu uns remédios para o garoto. Ele tomou e fez careta, colocando a camisa novamente. Entreguei o lanche e ele torceu o nariz

- é o q tem

Baji: eu sei q tem coxinha na cantina

- e vc nao vai comer porcaria. É isso ou nada

Mesmo resmungando, ele comeu metade do lanche. Deixou o resto de lado, dizendo q estava enjoado

Novata - Keisuke Baji (3a parte)Onde histórias criam vida. Descubra agora