Capítulo 6

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Grace

    O som das ondas quebrando ao longo das margens da pequena ilha que se tornou nossa casa estava ao nosso redor, misturando com o cheiro do mar. Sentada na pequena varanda, com vista para a água, bebi meu copo de vinho. Eu me sinto em paz aqui. Achei que não poderia encontrar a felicidade novamente, mas neste momento, parecia muito perto disso. Mesmo com os sentimentos para nó icos que tive quando saí correndo do mercado com Matteo para casa.

    Era estúpido, eu sabia. Se meu tio ou meu marido nos encontrassem, estaríamos mortos antes de sabermos o que nos atingiu. Nós nunca veríamos isso chegando. Meu tio era um velho doente e retorcido que gostava de poder e torturava humanos.

    Mamãe acabou de terminar sua apresentação no Metropolitan Opera House em Nova York. Fui para os bastidores para vê-la. Senti mágoa e raiva no peito, o que não acontecia quando se tratava de meus pais. 

    Ouvir minha mãe cantar sua última música e dedicá-la a um homem na plateia, alguém de quem nunca ouvi falar. Um homem! Não fazia o menor sentido. Era a música dos meus pais. Ela não amava mais o papai?

    A música 'Listen To Your Heart' de Roxette era a canção de casamento de papai e mamãe, uma lembrança de seu amor que enfrentou dificuldades. Nenhum deles nunca me disse quais foram, mas o que quer que fosse, sempre colocou preocupação no rosto de papai e medo no de mamãe. Eles me disseram que foi o que os selou juntos - ouvir seus próprios corações. Então, por que mamãe a dedicou a outro homem?

    A confusão da equipe de produtores, vários músicos de orquestra, gerentes de palco e equipe técnica tornou o local muito lotado. — Ei Grace, — o gerente de palco me chamou, um grande e feliz sorriso no rosto. Acho que isso significava que o desempenho da minha mãe foi um sucesso. Mas algo não me caiu bem. Eles não sabiam que minha mãe cantou uma música que era para papai e ela a dedicou a um estranho? Isso não estava certo! 

      — Olá, Sr. Tony, — cumprimentei-o. Benefício de passar muito tempo aqui; eu conhecia todo mundo, cada membro, pelo nome e sobrenome. — Você viu minha mãe? 

      — Ela está em seu camarim. 

      — Obrigada. — Dei-lhe adeus e continuei. De vez em quando, eu esbarrava em outro funcionário dos bastidores, cumprimentava-o e seguia em frente, determinada a falar com minha mãe. Ela sempre disse que eu poderia fazer qualquer pergunta ou conversar com ela sobre qualquer coisa que me incomodasse. 

    Bem, isso me incomodou.

    Ao me aproximar do camarim de mamãe, ouvi vozes altas. Meu pulso acelerou com medo. De quem eram aquelas vozes? Achei que tinha reconhecido a voz da mamãe, mas não tinha certeza. Eu nunca a ouvi gritar.

    Meus pais nunca levantaram a voz. Não um para o outro, não para mim. Sim, eu ouvi meu pai usar uma voz alta e resmungada para seus conselheiros, mas era sempre com frustração. Isso soou mais ameaçador,feio, mesquinho. O que eles estavam dizendo? Eu não conseguia distinguiras palavras. Meu coração batia forte no peito, uma sensação desconhecida de medo aumentando a cada passo mais perto da porta rachada do camarim de mamãe.

      — Você nunca a terá. — Sim, essa era a voz da mamãe. —Nunca! Enquanto houver um fôlego em mim ou em Kennedy, você nunca aterá. 

      — Você apenas espera e vê, — a voz do estranho era sombria e ameaçadora. Meus ouvidos zumbiram, enquanto minha respiração engatou. O que eles estavam falando? — É melhor você ouvir a porra do seu coração e salvar Kennedy. Porque não há nada que você possa fazer para salvá-la. 

LucianoOnde histórias criam vida. Descubra agora