Era Dourada - Bakudeku

capítulo 04

IZUKU

- Estou decepcionado com você jovem.

Não consegui me mexer enquanto All Might ficava cada vez maior, se aproximando.

- Nunca achei que faria tal coisa. Talvez se não tivesse te privado das verdades cruéis do mundo você teria tomado uma decisão mais sensata. - Ele colocou a mão em meu ombro, não consegui encarar seus olhos por muito tempo. O peso da decepção é angustiante - Entregue-se agora. Admita que foi enganado e manipulado por esse pirata maldito. Que sua mente jovem e curiosa, que promessas falsas o fizeram tomar essa decisão estúpida. Admita que não tem culpa de nada, que não passou de uma mentira, e poderemos voltar para casa.

Um silêncio mortal se instalou. Minha visão começou a ficar embaçada. A tentação de que eu poderia me esconder atrás de uma barreira de inocência e viver, me esconder atrás do poder de All Might e voltar a minha vida antiga. Minha vida antiga...

Em meio a cortina de desespero enxerguei, se aproximando do porto, um navio.

Encarei Kacchan e me perguntei se ele havia visto também, mas ele parecia mais concentrado na minha resposta. Me encarando com seu olhar indecifrável.

"Admita sua verdadeira vontade, e eu o considerarei forte o suficiente, digno de se tornar um pirata."

- Pai... - Encarei All Might, com o olhar esperançoso, as expressões se aliviando, com a provável consciência de sua vitória. De que tudo voltaria a ser como antes. - Eu sinto muito.

Dei um passo para trás, escutei os marinheiros na ponte virarem suas armas para mim. All Might levantou uma mão, impedindo qualquer movimento.

- Izuku, não sabe o que está fazendo. Escute... - Sua voz vacilou quando viu meu rosto, quando viu que nada nunca mais poderia voltar a ser como antes. - Vamos voltar para casa filho... Por favor.

Apertei os olhos para afastar as lágrimas. Encarei de novo All Might, vacilei com sua expressão abalada, mas preciso começar a me colocar em primeiro lugar agora. Prezar pela minha felicidade.

- Não posso. Não posso voltar para lá. Não posso voltar e fingir que tudo está como era antes porque nunca vai estar, e você sabe disso. Pai, eu amo você, eu te agradeço de verdade por tudo que fez por mim, quero que saiba que nada disso é culpa sua. - O encarei determinado, erguendo meu queixo, sentindo o alívio no peito instantâneamente - Mas aquela não é minha casa. Aqui não é meu lar, tudo isso não é pra mim. E eu preciso achar uma forma de preencher esse vazio, preciso procurar minha liberdade, e pra isso eu não posso ficar aqui...

- Izuku, não...

- Eu libertei o Kacchan porque eu quis, foi uma decisão minha, ele nunca nem se quer me pediu nada. Eu quis tudo isso, porque ele pode me ajudar, ele pode me levar para o mar. E acima de tudo, porque ele pode me tornar um pirata. - Encarei Kacchan, não consegui ler seus sentimentos, mas suas expressões se suavizaram. Não enxerguei a carranca de sempre e interpretei isso como algo bom - Isso é o que eu quero.

A primeira bala de canhão atingiu com força bem o meio da ponte, tive que me abaixar devido a explosão ocasionada, mas pude ver alguns marinheiros caindo na água com o ataque inesperado e outros mais ágeis conseguindo pular para fora da ponte antes de serem atingidos.

- Já tinha visto eles Deku? - Apertei a mão que Kacchan me estendeu, ajudando a me levantar, aproveitando do breve momento de bondade alheia. Sorri para ele, orgulhoso de mim mesmo.