03 - Atena Spanos

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Atena Spanos

Ter a mesma aparência da minha irmã para mim é uma dádiva, tenho orgulho de tê-la como a minha gêmea, nos formamos em administração de empresas, mas Gaia está fazendo uma especialização para que ela possa trabalhar no museu como a nossa mãe, fora o seu treinamento com cibernética.

Continuo no meu quarto esperando pela boa vontade que ela me diga que roupa escolheu, hoje é o seu almoço antes do casamento, todos sabemos o quanto ela está infeliz com todo esse circo que nosso pai bateu o pé para que acontecesse.

Se ele pelo menos enxergasse um pouco mais que a sua profissão, nos visse como suas filhas entenderia que está casando a filha errada, ouço a porta e melhoro minha fisionomia para que ninguém perceba que estou tão magoada quanto a minha irmã.

Mas pelos motivos errados...

— Pode entrar. — Estava sentada na poltrona olhando para o horizonte quando sinto as mãos de minha prima Alice.

— Nossa avó pediu que desça, ela quer conversar com você antes que a Gaia desça para o almoço. — Estreito a minha sobrancelha.

Saio do quarto e sigo com minha prima até o jardim e vejo a minha avó Maitê com os joelhos no chão mexendo na terra para cuidar de suas rosas.

— Bom dia, vovó, o que precisa de mim? — Minha avó larga os materiais de jardinagem e se vira em minha direção e me manda ajoelhar ao seu lado.

— Sabe Atena, vocês duas podem ser exatamente iguais, mas uma coisa difere vocês duas e percebi isso quando vocês ainda eram crianças. — Minha avó começa a dizer.

— Seu pai inventou essa sandice em forçar esse casamento entre a sua irmã e o Joaquim. — Ela continua a falar e suspiro.

— Não estou entendendo vovó, o que a senhora precisa de mim? — Pergunto mais uma vez.

Espero que ela não fique me enrolando, a amo de todo meu coração, mas minha avó Maitê é conhecida por não dizer as coisas diretamente.

— Quero ajudar vocês duas, você a ficar com o Joaquim e a Gaia ficar com o Arthur. — Ela diz com tanta naturalidade.

Sinto meus olhos quase saltaram para fora do meu rosto e se enterrava em baixo das rosas que ela cuidava.

— Vovó, não repita isso, por favor, se meu pai a ouve, ele me tranca no quarto sei lá por quantos anos. — Ela começa a rir.

— Atena, deixe de ser medrosa, não criamos vocês duas para terem medo dos seus homens, criamos para que vocês os dominem e façam deles seus cachorrinhos, meu amor. — Seguro um riso, quando vejo que os seguranças do meu pai se aproximar. — Sei que pelo menos a Laís criamos da forma certa. — Ela diz com orgulho.

Continuo tão confusa desde a hora que cheguei ao jardim, mantenho os olhos nas mudas de rosas deitadas no chão enquanto tento encontrar uma explicação para o que minha avó tem em mente.

— Como hoje é o dia do almoço e amanhã é o casamento, pedi ajuda da sua tia Selma para que ela pedisse que o seu tio Demétrius encomendasse algumas garrafas daquele uísque que eles sempre encomendam, colocarei algo dentro. — Ela diz tranquilamente.

Céus, estou olhando para a velinha na minha frente e desconfio que minha avó foi abduzida e um ser espacial esteja dentro dela.

— Vovó você enlouqueceu? O que pretende com tudo isso? — Pergunto de uma vez.

— Que o Joaquim te faça sua esposa e que a Gaia seja feliz com a escolha dela, sei que é isso que deseja Atena, sem contar que o menino Matheus engana a mãe dele, mas a mim não. — Estreito os olhos e inclino a cabeça com curiosidade, o que essa velhinha tão perspicaz sabe e que esconde de todos.

ENTRE IRMÃS "Degustação"Onde histórias criam vida. Descubra agora