Nada Romântico - Darkside (DISPONÍVEL NA AMAZON)

Capítulo 1

Ouvindo o som da porta se fechar. Empolgação. Animo. Sorrisos... Era isso que Carp esperava de mim naquele bendito voo. Mas tudo o que via em meu rosto, era: tédio, sono e aflição. Céus, eu não queria ir para Nova York tão cedo. Havia muitos gatinhos na Califórnia, por que ir agora?

Não é como se ela pudesse ter comprado apenas sua passagem e me deixando naquele mesmo lugar. Carp tampouco me dissera sobre isso. Ela queria companhia, queria me levar para qualquer lugar onde pudesse me irritar.

Já fazia algumas horas desde que chegamos de Los Angeles, e confesso que não era nada fácil me despedir das pessoas que lá conheci. Foram longos meses, e agora voltando para Nova York, Manhattan parecia ter ficado muito maior. Eu odiava o tempo frio daqui.

— Tudo bem... Verde ou amarelo? — ergui dois cachecóis.

Rachel havia feito uma careta discreta, enquanto Tryna estreitou os olhos.

— Eu não sou muito fã de verde, e eu acho que esse amarelo não ficaria bem em mim... — comentou Tryna.

— Sinceramente, eu não sei qual dos dois é o mais feio. Nem parece que foram feitos pela minha vó. Observação: Ela faz belos cachecóis — disse Rachel, e sua sinceridade inabalável.

Abri a boca indignada e abaixei os dois cachecóis...

— Não pode ser tão ruim assim. Eu ganhei de presente de despedida – contei.

— Então a pessoa que te deu não deve gostar nenhum pouquinho de você — falou Tryna.

Olhei para os cachecóis e suspirei alto. Elas tinham razão. Eu mesma não havia gostado dessas coisas.

— Quem que te deu isso? — perguntou Rachel.

— Uma pessoa. Mas acho que não vou ficar com elas — voltei a guarda-las.

Dakota me deu com boas intenções. Como Nova York costuma fazer muito frio a partir do outono, ela me deu como um pequeno sarcasmo, na intenção de dizer que seria adeus o calor da Califórnia e olá frio de Nova York.

Olhei para trás e vi as duas cochichando. Dava para perceber que era sobre mim, pois ambas ficavam me encarando.

— Então... — falou Tryna – Estávamos conversando e nós queiramos saber de uma coisa...

Estreitei os olhos por um instante.

— O que vocês querem saber? — perguntei curiosa.

As duas abriram um sorriso e Rachel perguntou.

— Conheceu alguém especial?

Parei um instante pensativa. Virei-me para arrumar algumas roupas ainda pensando no que responder.

— Não sei. Acho que não... — respondi. Mas pareciam não acreditar.

— Está mentindo — falou Tryna.

Virei-me e lhe dei um sorriso frouxo.

— Por que diz isso?

— Não vai dizer que não conheceu nenhum homem forte, sarado e loiro? — falou Rachel.

Franzi o cenho em confusão.

— Por que loiro?

Ela deu os ombros.

— Eu gosto de homens loiros – respondeu, me fazendo rir.

— Ah... Pode ser um ruivo também que tem uma irmã linda ruiva! — falou Tryna, me fazendo gargalhar.

Minha viagem até Los Angeles não foi para arrumar namorados, por mais tentador que seja. Mas acredito que o homem dos meus sonhos devia estar lá. Loiro, alto, bronzeado e surfista.

— Não, eu não conheci ninguém especial. Loiro e nem ruivo. Na verdade eu estava tão ocupada que mal prestei atenção nos rapazes ao meu redor – menti.

As duas me olharam desconfiadas, certamente não acreditando no que eu acabei de dizer. Talvez se eu dissesse que fiquei algumas vezes com o Robby e fugi do seu melhor amigo... elas não exigiriam saber de mais coisas.

— Mentirosa! — falaram em coro.

Os cantos dos meus lábios se curvaram em um sorriso tímido.

— Mas eu não conheci — encarei o chão por alguns instantes – É claro que lá tinha rapazes bonitos, só que nenhum deles era a pessoa certa. Mas trabalhar com o Tom foi muito bom e satisfatório. Eu fiquei muito feliz com isso – sorri.

As duas então me deram um sorriso confortador. Somos amigas desde quando eu deixei aquela antiga cidade vindo direto para cá. Ir atrás dos meus sonhos, deixando tudo e a todos, me parecia ser uma boa ideia. E com isso, Tryna e Rachel nunca me deixaram sozinha.

Mesmo com pequenas diferenças entre nós, temos a mesma idade. Tanto o companheirismo e fidelidade, é existente na nossa amizade. É divertido estar com elas. Gosto da forma que me apoiam.

— Não se preocupe, Nancy — disse Tryna — Ainda tem o Scott... — deu um sorriso safado.

Rachel riu em comemoração, enquanto eu no mesmo instante revirei os olhos.

— O Scott está um gato por falar nisso. Comprou um Jipe novo e está mais lindo a cada dia! — comentou ela — E não tem só ele se quer saber.

— Eu não quero ficar com o Scott — virei-me novamente.

Tryna pareceu indignada.

— Por quê? Ele é tão lindo! E ainda é divertido.

Scott não fazia meu tipo em questão de personalidade. Não fazia nem mesmo meu coração bater mais rápido.

— Scott não tem o que eu quero. Ele não parece ser o tipo romântico, e não é gentil com todo mundo. E sem falar que ele tem cara de quem zoava seus colegas de escola.

Tryna gargalhou.

— Caramba. Mas você sabe que ele quer transar com você, não é? E não parece que ele só quer isso...

Virei-me para elas com um sorriso de lado. É claro que eu sei, eu percebo a forma que ele me olha.

— Mais um motivo para eu não querer nada com ele.

Tryna sorriu.

— Não se preocupe, Nancy. Logo vai aparecer um cara gato, gentil e quente que vai te fazer gritar de prazer... — falou ela, nos tirando risadas. Tryna era uma pervertida no bom sentindo, sempre dizendo uma das suas experiência e me incentivando a perder a virgindade.

De repente, ouvindo um barulho de buzina, as duas olharam para a janela de vidro do meu quarto, dando uma checada.

Carp deveria ter chegado. Ter que me arrumar assim que cheguei em Nova York, e receber Rachel e Tryna, tendo de dar mínima atenção para elas, não é feitio meu. Mesmo com as minhas profissões, eu não precisava me submeter a tudo isso. Mas era Carp, o que eu poderia fazer?

— Sua chefe é uma chata. Era para você estar com um lindo vestido saindo com a gente agora mesmo para conhecer aquela balada.

— Eu sei — dei-lhe um sorriso fraco — Vejo vocês amanhã?

Elas concordaram.

— Eu já vou então. Não esqueçam de fechar a porta — peguei minha bolsa e corri.

— Boa sorte! — disseram em coro.

— Obrigada.