Capítulo 2

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Em um lugar enorme e completamente espaçoso. Cercado por luzes laranjas e amarelas. O lustre gigante se encontrava bem no meio do salão, coberto por cristais modelados e classudos ao ponto de me deixar totalmente hipnotizada.

Se parecia com um castelo, assim como naqueles filmes que eu costumava assistir quando criança. A única diferença era que não tinha princesas e nem roupas do tipo de gala. Eu mesma usava uma calça jeans escura e uma blusa de manga comprida preta. Enquanto outras pessoas, usavam roupas normais, porém completamente elegantes.

Aqui só havia pessoas ricas. Ser arrastada por Carp justo quando acabamos de chegar de viagem, não é o que eu imaginaria. Minhas mãos tremiam e meus pés ficavam inquietos pela ansiedade de ir embora.

Era apenas uma reunião, um encontro, disse Srta. Carp, "Vista a roupa que quiser, mas que não seja tão bonita e nem muito chamativa". E agora, a vendo conversar com senhores de negócios, ela estava pronta para conseguir uma entrevista ou uma fofoca que iria lhe proporcionar uma boa matéria.

Eu não era paga para isso. Mas de certa forma, ela precisava de mim, e não era apenas para escrever matérias e antigos românticos para sua revista. Ela me usava como um rostinho bonito e a gentileza que não possuía para ser sua companhia de noites chatas em eventos entediantes.

Vendo a mesma se despedir do senhor, ela gargalhou e logo se virou vindo até mim. Uma senhora de cinquenta e poucos anos que exige ser chamada de "senhorita", não é nenhuma novidade para mim. Eu já me acostumei. Até mesmo com fato dela ser completamente doida.

Uma vez eu havia lhe chamado de senhora e ela jogou uma pasta em mim. Por sorte acertou o canto da porta. Mas foi completamente assustador.

— Feliz por estar aqui? — perguntou ela, com um sorriso nos lábios.

— É claro, é sempre bom ir para festas com você... – soei sarcástica.

Srta. Carp sabia que eu não pretendia vir a este lugar, principalmente quando acabamos de voltar de Los Angeles. Tudo o que eu queria era dormir, mas o que eu poderia fazer? Ela é minha chefe, se eu não cumprir com suas vontades, deixaria de ser a sua protegida.

Ela riu.

— Deveria me agradecer. Graças a mim, você conheceu muitas estrelas e pessoas importantes.

Revirei os olhos. Desde que comecei a trabalhar para Srta. Carp, ela insiste em me levar para todos os eventos, festas e qualquer outro tipo de entretenimento que possa haver. Mesmo que meu trabalho com Carp não seja nessa área, mas sim em outra, eu tenho que fazer seus caprichos.

— Mesmo assim, eu não gosto.

Ela suspirou.

— Não reclame de barriga cheia, Nancy. Agora me ajude a encontrar a Sra. Smith, ela está atrasada! – dizia, a procurando com os olhos a mulher cujo queira fofocar.

E antes que eu pudesse dizer alguma coisa, a Sra. Smith havia aparecido e caminhava em nossa direção. Um sorriso satisfeito brotou nos lábios da Srta. Carp quando viu que não era necessário sair do seu lugar para procura-la.

— Elena, como vai? — cumprimentou a senhora — Nancy, vejo que está radiante como sempre. Seu rosto de bonequinha é um colírio para meus olhos.

Dei-lhe um leve sorriso tímido.

— Obrigada, Sra. Smith. E devo dizer o mesmo — olhei para suas roupas e sorri — Eu adorei o seu blazer, com certeza lhe torna a mulher mais elegante daqui.

Srta. Carp riu.

— Nancy, não seja tão precipitada, você não viu as outras variações de roupas deste lugar — brincou.

A Sra. Smith pareceu não se importar com o comentário maldoso da Srta. Carp. Apenas a encarou com um sorriso e ousou dizer.

— Obrigada Nancy, seu elogio só fez com que Elena ficasse com ciúmes por apenas eu ter sido elogiada. Não é mesmo?

Soltei uma risada. Srta. Carp sabia se vestir muito bem. Ela é alta e magra, e sempre optava por usar roupas em tons escuros, vestindo vestidos e saias na altura um pouco abaixo dos joelhos, acompanhada por saltos e blusas justas. E sem falar do seu cabelo castanho avermelhado, que as vezes se encontravam soltos na medida dos ombros, e o batom vermelho que nunca deixava de usar. Carp é bonita.

— Tanto faz — ela então encarou-me — Agora se nos der licença, gostaria de falar com a Sra. Smith a sós. Por que não vai dar uma volta e se divertir um pouquinho, sim?

Sra. Smith já havendo entendido saiu na frente. E antes que a Srta. Carp fosse, a segurei apavorada.

— Você não vai me deixar sozinha aqui, não é mesmo?

Ela sorriu.

— Nancy, você deve ir se enturmar. E digo mais, nossos assuntos não irão lhe interessar nenhum pouco. Então vai passear um pouquinho, sim?

Congelando meus olhos, implorei com o olhar para que não me deixasse. Eu não conhecia nenhuma dessas pessoas, e eu não queria ter que ficar sozinha com estranhos em um lugar como este.

— Tem certeza, Srta. Carp? Eu poderia...

— Agora eu tenho que ir. Faça amigos e se divirta – após se lembrar de algo, ela ousou se aproximar — Ah... e mais uma coisa. Aqui tem muitos rapazes bonitos, deveria ir falar com eles — deu um sorriso convidativo e saiu.

Cerrei os dentes na mesma hora. Essa velha...

Que tipo de pessoa te leva para uma festa e te deixa sozinha? Principalmente em um lugar que eu mal conheço. Lamentável.

Respirei fundo e comecei a caminhar procurando por algum lugar onde eu pudesse ficar sossegada.

Enquanto eu caminhava, eu era cumprimentada por senhoras e senhores daquele ambiente chique e luxuoso, dando os mesmo cumprimentos e um sorriso gentil.

Estando um pouco distante de todos daquele salão. Passei por algumas portas para o lado de fora, onde havia alguns rapazes e algumas garotas. Tinha me esquecido que os homens de Nova York eram bonitos, principalmente elegantes.

Ainda olhando para os lados curiosa, vendo alguns jovens rindo, conversando e até mesmo se beijando, me perguntava o do por que ficarem tão distante. Uma festa separada era bem confuso, mas compreensivo. Talvez aquelas pessoas fossem seus conhecidos.

Ao entrar para dentro de outra parte da mansão, encontrei mais deles, mas não tantos como do lado de fora.

Assim que resolvi explorar o lugar, vi uma mesa cheia de copos com bebida e algumas coisas para comer. Petiscos, eu diria.

Assim que me aproximei da mesa, encarei aqueles mini lanches que pareciam um tanto convidativos. Ótimo, eu estava com fome.

Quando resolvi pegar um, ouvi uma risada se aproximando. Me virei rapidamente encontrando uma garota rindo e parando imediatamente assim que me viu.

Uma situação constrangedora, eu diria. Ela não parava de me encarar, e nenhuma dizia nada.

— Nossa... Você é tão bonita — falou ela, finalmente. E certamente bêbada.
Um rubor subiu entre as minha bochechas.

Eu queria rir, mas iria parecer grosseiro. Apenas segurei minha risada e sorri.

— Obrigada, você também.

A garota fez uma careta e aproximou-se da mesa parecendo um pouco decepcionada.

— Você só está sendo legal...

Ela era uma figura interessante. Olhos verdes, e cabelos loiros presos, estando um tanto bagunçado. E o lápis de olho que parecia um pouco borrado, como se ele houvesse acabado de chorar.

Olhando seu estilo da qual usava regata, calças justas e botas da mesma tonalidade, se destacavam por serem apenas pretas.

— Veio aqui com a sua família? — perguntou ela virando um copo de bebida.

Neguei com a cabeça.

— Não, eu não vim — coloquei um mini hambúrguer na boca.

Ela estreitou os olhos.

— Como se chama?

Eu a encarei. Ela não parecia estar completamente bêbada, ainda tinha consciência. E seu hálito não estava tão forte ao ponto de me dar náuseas.

— Nancy — respondi assim que terminei de mastigar.

Ela riu.

— Eu me chamo Scarlet. O que você faz aqui então? Veio se divertir? — perguntou.

Ela não parecia ser do tipo curiosa, na verdade ela só está sendo amigável.

— Eu vim com a minha chefe. Chegamos hoje de viagem, e ela insistiu que eu viesse. Mas acabou me deixando... – respondi, dando-lhe um sorriso fraco.

Ela riu.

— Ainda bem que eu ainda não trabalho — após virar outro copo, ela me olhou de cima a baixou e então estreitou os olhos — Sabe jogar poker? — perguntou.

Olhei para o lado confusa, e então balancei a cabeça.

— Sei.

Scarlet abrindo um sorriso travesso, segurou em minha mão e me puxou tirando-me daquela parte da mansão, fazendo assim, meus olhos se arregalarem surpresos.

— Vem, vou te levar para jogar. Estou precisando de ajuda. Eu sou péssima em poker, e estão trapaceando, tenho certeza!

Totalmente espantada sendo puxada por Scarlet, olhei para aquela situação apavorada. Eu mal a conhecia.

— Não, eu aposto que você consegue ganhar deles! – falei desesperada – Eu preciso ir agora. Tenho que voltar para junto da minha chefe – expliquei, enquanto era arrastada por ela.

— Então acho que sua chefe devia ter pensado melhor antes de ter te dispensado.

Talvez ela tenha razão, mas e como eu faria para ir embora?

Assim que passamos por algumas entradas. Ela entrou em um espaço com luzes um pouco mais fracas das quais as paredes eram um pouco mais escura que as dos outros cômodos.

Quando paramos, a minha frente havia uma mesa quadrada com as quinas arredondadas e com quatro rapazes jogando. Eles estavam conversando e brincando entre si com cartas na mão.

— Pessoal, eu trouxe alguém. Ela acabou de chegar de viagem e sabe jogar poker — a encarei no mesmo instante, completamente corada – Vai ficar com a gente e me ajudar a ganhar de vocês! — disse Scarlet em tom alto e animado.

Todos haviam se virado naquele mesmo instante. Olhares curiosos percorreram em mim de cima a baixo, mas mesmo assim disseram "oi".
Estando um pouco constrangida eu retribui o cumprimento deles. Porém, havia apenas um que tinha um olhar gentil e curioso ao meu respeito, enquanto apenas um deles me olhou pelo canto dos olhos e voltou a prestar atenção no seu jogo.

Meu estômago se embrulhou no mesmo instante. A forma em que Scarlet me anunciou para todos de uma só vez foi bem desconcertante. Não pude deixar de sentir uma baita vergonha por tamanha apresentação.

— Pode se sentar! — Scarlet me empurrou justo para a cadeira ao lado do cara com olhos amistosos.

Eu não tinha muita opção à não ser me sentar.

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