More Than Love #01

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Obs.: P' é o jeito informal para se referir a pessoas mais velhas, como um irmã(o) mais velha (o)

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15 de fevereiro de 2006 (Província de Uthai Thani, Tailândia)

(Ano no calendário budista - 2549)

- P'Fa...P'Fa, já acordou? A mamãe pediu para eu te acordar. - A garota dentro do quarto pode ouvir a voz fina de sua irmã caçula do outro lado da porta, e não demorou em abrir a porta.

- Bom dia, garotinha. - Se abaixou para deixar um beijo no topo da cabeça da irmã, que ainda estava de pijama, Freen tinha somente cinco anos, era sua bebezinha. Engfa não teve tempo de se afastar, pois logo os pequenos braços da criança circularam sua cintura.

- Feliz aniversário, P'Fa. Espero que seu dia seja muito animado e que você dê várias risadas...quando voltar da escola, deixo você brincar com minhas bonecas. Esse vai ser meu presente.

- Sério? Nossa, que presente perfeito, certeza que vai ser o melhor presente de hoje. Estou ansiosa. - Apertou as bochechas alheias, enquanto sorria, como podia um ser humano ser tão fofo daquela maneira? - Mas não deixe a mamãe saber disso, é nosso segredinho.

Como se fosse um sinal, logo a mãe delas estava às chamando, seu tio Noey estava esperando para levá-la para a escola. A garota correu para pegar sua maleta, e antes de sair do quarto parou em frente a foto de seu pai, que ficava na cômoda ao lado de sua cama, deixando um beijo na mesma e sussurrando um "Já volto papai, me deseje boa sorte nas atividades escolares de hoje, até mais", em seguida saiu de mãos dadas com a irmã.

- Olha, se não são as garotas mais lindas de Uthai Thani.

Noey esperava encostado na sua mobilete, logo as duas garotas correram para abraçar o homem, que ficou de joelhos para recebê-las em seus braços. Após a morte do irmão, Noey tinha sido o suporte delas, ele nunca iria deixar a família de seu irmão desamparada, afinal, eram sua família também. Ele vivia dizendo ter seis filhos, três deles sendo seus filhos biológicos e as três sobrinhas, pois eram sangue do seu sangue. O homem, com seus quarenta anos se aproximando, não tinha corpo mole, após a morte repentina do irmão logo buscou mais um trabalho, sempre ajudava a mãe das garotas com tudo o que fosse necessário, mesmo a mulher trabalhando arduamente, ele sabia que um único salário não era suficiente para cuidar das despesas da casa e de duas estudantes, além da preocupação com Faye, que estava estudando no exterior.

- Filha, só vai abraçar seu tio? E sua mãe? Vem cá, quero te abençoar, minha criança.

Após escutar sua mãe, Engfa logo correu para o abraço caloroso da mulher. Sua mãe, seu tio e suas irmãs eram seus portos seguros, mas o principal sempre seria seu pai, mesmo ele tendo falecido há um pouco mais de um ano, Engfa conversava com sua foto todas as noites, contava como tinha sido seu dia e pedia conselhos, assim como fazia toda vez que o mais velho chegava do trabalho, ela era muito próxima dele. Sua mãe lhe apertava e fazia um carinho em sua cabeça, ela não ia sair nunca daquele abraço se pudesse.

- Eu não queria atrapalhar, mas temos que ir, pequena, tenho que te deixar na escola e voltar para buscar sua mãe.

Engfa se despediu da caçula e de sua mãe, a mais velha quase não a deixou ir à escola, disse que queria passar o dia todo com a garota, mas tinha responsabilidades, ainda ia levar Freen na escolinha no final da rua, e como Noey tinha dito, o trabalho lhe chamava, os dois trabalhavam em empresas próximas, na província vizinha de Nakhon Sawan.

(...)

As horas passaram lentamente, Engfa não sabia se o dia não tinha sido muito produtivo ou se era sua ansiedade falando mais alto, queria comemorar seu aniversário com sua família, não que não gostasse de seus colegas de escola, seu grupo de amigos tinham lhe dado lanches de presente, tinha presente melhor que comida? Tirando brincar de boneca com sua irmã, claro.

A aniversariante chutava pedrinhas no chão, já aguardava seu tio no portão de saída do colégio, sabia que ele deveria ter passado em sua casa primeiro para deixar sua mãe e ter levado sua tia e primos para lá também, mas estava ficando agoniada, queria chegar logo em casa. Por esse motivo deu um grito animado quando viu o homem e sua mobilete surgindo no começo da rua.

(...)

Durante o caminho, Noey tentava se conter, mas todos da família sabiam que ele era péssimo em guardar segredos. No baú da mobilete, um bolo com os dizeres "Parabéns por seus 11 anos" estava guardado, sabia que era uma frase um pouco grande, mas a idéia tinha sido sua, mas na cabeça de Noey isso não importava, ele acreditava que suas idéias eram sempre ótimas.

O farol tinha ficado vermelho, a mobilete foi desacelerando até parar totalmente, o homem sempre foi cauteloso no trânsito, ainda mais quando estava na companhia de alguém, não gostava de deixar as sobrinhas se sentarem na garupa, pois tinha medo de algo acontecer e não conseguir protegê-las, por isso as meninas sempre sentavam em sua frente e sempre com o capacete. Ele olhou para baixo ao sentir a Engfa se movimentar, a garota estava com o olhar concentrado no carro azul que tinha parado ao lado deles e acenava para alguém.

- P'Noey, aquela menina parece um filhote de coelho, não parece?

O homem olhou para o carro, no banco traseiro uma garotinha sorridente retribuía o olhar e o aceno de sua sobrinha, ela aparentava ser mestiça e ter alguns anos a menos que Engfa, infelizmente não pode ter mais interações das duas, pois o sinal ficou verde e o carro partiu e ele fez o mesmo, mas indo para o lado oposto do outro automóvel.

- Sim, meu bem, ela parecia com um filhote de coelho, assim como você parece com um filhotinho de cachorrinho.

É impressionante como a vida pode mudar em milésimos de segundos, não?

O que antes era um momento alegre de tio e sobrinha se tornou em um acidente grave. Um carro desgovernado surgiu na contramão, o mais velho até tentou desviar, mas não foi possível, mas algo que não mudou foi seu instinto protetor, sua intenção não era se salvar, sua intenção era salvar sua sobrinha, tanto que suas mãos largaram o guidão da mobilete e seus braços envolveram o corpo da criança.

O céu límpido já não era interessante para Engfa, sua mente tentava compreender o motivo de seu tio estar ensanguentado em sua frente, o porquê dele não abrir os olhos, e por qual razão sentia seu corpo doer daquela maneira e não conseguia se mover.

Eles tinham caído da moto? Era só isso, correto? Nunca tinha se machucado quando estava com seu tio, afinal, ele tinha se tornado seu protetor quando seu pai tinha virado uma estrelinha no céu. Eles estavam bem, não estavam?

A garota começou a escutar buzinas muito altas, sentiu uma pontada de dor em sua cabeça, o que fez seus olhos pesarem, mas antes da escuridão tomar sua visão, conseguiu ver que o carro azul de antes estava estacionado há poucos metros, deveriam ter escutado o barulho do acidente.

A garota que parecia um filhote de coelho estava na calçada com um casal, deveriam ser seus pais...mas um detalhe chamou a atenção de Engfa antes dela desmaiar, e ela nunca iria se esquecer...

...as lágrimas que escorriam no rosto da menina enquanto ela lhe olhava.

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Voltei!!!

Boa noite, aqui é o SABM (Serviço de Atendimento ao Boiola por Mulher)

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