Primeiro Capítulo

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Sinopse

Liz não sabe quando se apaixonou por seu melhor amigo, Will. Talvez tenha sido porque eles se conheceram ainda crianças e no pior dia de suas vidas. Ou porque, depois de tudo, foi ele quem a salvou e eram as mãos dele que ela segurava todas as noites, antes de dormir. O amor era tudo o que tinham, até que ele vai embora e Liz se vê sozinha novamente.

Mágoa, dor e anos depois, um reencontro inesperado vai reabrir feridas de um primeiro amor que ainda lateja.

***

Primeiro Capítulo

Lembranças...

É inevitável, a decoração de dezembro sempre me faz lembrar dele. Não sei se é porque estamos no mês do Natal ou se é porque meus sonhos com ele têm sido mais frequentes ultimamente. Faz dias que não durmo direito, pois acordo no meio da madrugada sentindo meu coração disparado dentro do peito, a saudade machucando minha alma. Mesmo depois de tanto tempo, meu peito ainda arde quando penso nele. Respiro fundo impedindo que a tristeza me engula, tentando fingir que não sinto a ferida latejar. A verdade é que eu acreditei demais nas palavras de um menino, e tenho que entender que o menino cresceu, virou um homem que nem deve se lembrar de mim ou de tudo o que vivemos juntos.

No pequeno rádio que fica no canto da minha sala, alguém canta sobre um amor que não deu certo.

É meio difícil acordar de manhã sem você

Quando eu chego e percebo que acabou, eu apenas

Deixo as lembranças passarem por mim

Me atravessarem por dentro e por fora

Mas elas ainda estão nos lençóis

E permanecem ali

Sinto uma pontada no peito, ele arde porque sempre nos comunicamos assim. Às vezes era difícil nos vermos, já que a interação entre meninas e meninos era limitada, então a forma de dizer o que sentíamos um pelo outro era através das músicas que encontrávamos na internet. É claro que fazíamos isso escondido no pequeno computador que ficava na ala da biblioteca. Era quase impossível usá-lo porque a internet era lenta e a supervisão rígida demais.

Mesmo assim, Will sempre dava um jeito de quebrar as regras e deixar um bilhete sobre a próxima canção que eu deveria ouvir. Um sorriso começa a brotar nos meus lábios, logo em seguida fecho a cara, recriminando meu coração por estar pensando nisso. Nele.

Ele escolheu me deixar da pior maneira possível.

Mesmo que eu repita isso sempre para mim mesma, a vontade de vê-lo me deixa inquieta. É como uma coceira que começa na ponta dos meus dedos e aos poucos vai se espalhando por cada célula do meu corpo, exigindo ser ouvida. Sei, por experiência própria, que não adianta lutar contra essa vontade, ela sempre vence, por isso sento no meu pequeno sofá, estico meus pés sobre a mesinha de centro e, com o celular nas mãos, faço a única coisa que sou viciada na vida: procurar por notícias dele na internet.

Mesmo sabendo que não deveria fazer isso, sinto meu coração acelerar e minha boca fica instantaneamente seca quando a primeira imagem aparece. É sempre assim. Uma foto e minha alma fica em agonia, querendo mais do que vê-lo por uma tela de celular, como se isso fosse possível. Nossa. O tempo só conseguiu deixá-lo diabolicamente mais lindo. Vê-lo de terno mexe com algo dentro do meu corpo e por um breve momento penso em como seria se ele ainda fosse meu, em tudo o que eu faria com ele, mas expulso imediatamente esse pensamento idiota.

Eternos Apaixonados - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora