Terceiro Capítulo
Segundas vezes...
Subimos as escadas juntos, mesmo que eu tenha colocado distância entre os nossos corpos.
O que ele quer e por que mandou o motorista embora?
Será que ele acha que vai dormir aqui?
Não!
Meu peito arde só de pensar nessa possibilidade.
— Sinta-se à vontade — digo, usando minha boa educação ao abrir a porta do meu apartamento.
Ele entra na frente e aproveito que tenho que trancar a porta para ficar de costas para ele e enxugo meus olhos com as costas das mãos, tentando me recompor, fazer meu coração voltar a bater normalmente. Quando termino, olho para trás e ele está me encarando, mais perto do que deveria.
Bem mais perto.
— Se for para chorar, faça isso na minha frente. Como sempre foi.
Quanto tempo uma barreira pode ser bombardeada até que ela vá ao chão?
Começo a sentir a minha ruir e não estou preparada para a onda de raiva que me invade ao ouvir suas palavras. Ele fala como se ainda fossemos algo um do outro, como se não tivesse ido embora e me abandonado da pior maneira possível.
— Não tenho que chorar mais na sua frente, William! Eu já não sou aquela menina boba e o sempre foi só uma fase. — As palavras saem pelo meio dos meus dentes, que estão trincados.
— Não foi só uma fase — afirma.
Dando a volta nele, respiro profundamente, indo para perto do sofá. Meu pé ainda está latejando, então me sento e tiro as botas, tirando também os algodões que estavam dentro. Meu dedinho esquerdo está ralado pelo atrito com o material da bota e é ele que está espalhando dor por todo o meu pé.
— O que aconteceu aí? — pergunta, me encarando ainda de pé.
— A bota está apertando, então coloquei o algodão.
— Você não tem outra?
— Não, não tenho.
Minha resposta sai ríspida e, ao ouvi-la, Will cruza os braços na frente do peito, fazendo seus músculos saltarem. Eu tento não olhar, mas meus olhos teimosos o medem da cabeça aos pés, sedentos por ele. Desvio o olhar, aproveitando para tirar o gorro e o cachecol, tentando pensar lucidamente.
— Me parece que alguém aqui está nervosa. Eu só não sei o motivo.
Ah, vá a merda!
— E me parece que alguém não deveria ter mandado o motorista embora. Vai ser difícil conseguir um táxi aqui uma hora dessas!
— Eu achei que uma amiga de infância poderia me oferecer para ficar durante a noite.
— Liga para ela então — respondo e ele suspira.
— Eu já estou na casa dela. Achei que ainda fossemos amigos.
Amigos? Ele só pode estar brincando comigo.
— Eu também achava um monte de coisas que, no fim, eram só sonhos de uma adolescente.
— O que era só sonhos de uma adolescente?
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Eternos Apaixonados - Degustação
RomanceLiz não sabe quando se apaixonou por seu melhor amigo, Will. Talvez tenha sido porque eles se conheceram ainda crianças e no pior dia de suas vidas. Ou porque, depois de tudo, foi ele quem a salvou e eram as mãos dele que ela segurava todas as noite...