Wandinha é só desgosto '0.1'

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Escola Nancy Reagan

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Escola Nancy Reagan

Não sei quem teve essa ideia perversa. Colocar centenas de adolescentes em escolas carentes de recursos. Dirigidas por quem já teve os sonhos destruídos. Mas eu admiro o sadismo.

Durante o trajeto pelos corredores, meus colegas e professores me encaravam sem cerimônia. Como sempre, não olhei para tais e continuei o meu caminho. Todos eles abriram caminho para a minha passagem. Não sei se tinham medo ou apenas repulsa sob minha existência significante. Não importa. Eles não importam.

Meus passos se desviaram do perfeito percurso em linha reta no momento em que ouvi uma voz pedindo ajuda não verbalmente. Um específico armário inteiramente riscados cheio de palavras ofensivas e um desenho de porco direcionados à alguém que eu conheço. Na minha opinião é uma caricatura.

Abri a porta do armário e avistei o meu irmão dentro. Feioso estava todo amarrado e com uma maçã enfiada na boca o impossibilitando de falar. Parecia cansado, porém entrou em desespero ao ver que era eu. Dei um pequeno passo para a direita e esperei que a gravidade o tiresse de lá. Foi o que aconteceu, mas ele conseguiu virar o corpo evitando quebrar o nariz.

Me ajoelhei ao lado da criatura estupidamente indefesa e retirei a maçã da sua boca. "Eu quero nomes." Não precisei falar que me referia aos babacoides que fizeram isso com ele, apenas o meu olhar falava por si. "Eu não sei quem foi. É sério. Foi rápido demais." Feioso parecia não lembrar que o conheço, detectei uma mentira facilmente.

"Feioso, emoção é sinal de fraqueza." Repeti as palavras que sempre venho o repassando desde o dia em que passou a respirar sozinho. "Recomponha-se!" Ordenei exigindo que engula o choro enquanto desatava o nó da corda elástica que o prendia a si mesmo. "Agora!" Reforcei obtendo sucesso ao desatar o nó.

No segundo em que toquei suas mãos frias, senti um arrepio violento correr por todo o meu corpo e minha cabeça virou-se bruscamente para o teto da escola. Mais uma visão. Pude ver claramente os garotos do time de basquete e natação azucrinando o meu irmão. Gargalhavam alto enquanto meu irmão pedia por socorro. Feioso não mentiu. Foi rápido, mas repulsivo até para mim.

Assim que voltei ao normal, uma pequena e leve tontura atingiu a minha cabeça. O toque de início das aulas diárias não colaborou comigo. "Você tá bem?" Feioso me olhava compreensivelmente confuso e preocupado. Ele realmente não levava a sério minha opinião sobre emoções.

Eu não vou confessar para o meu irmão que venho sendo atormentada por visões. Elas aparecem sem aviso. Parecem terapia de eletrochoque mas sem a satisfatória queimadura após.

"Deixa comigo." Eu não respondi a sua pergunta e me levantei do chão. "Wandinha, o que vai fazer?" Feioso pareceu preocupado em relação as minhas palavras. "O que faço melhor." Indaguei em resposta e sem lhe dar ao luxo de uma explicação, passei a caminhar pelos corredores.

G𝕒ʟɪʙɪsʷ𝕒ⁿᵈⁱⁿʰ𝕒 𝕒ᵈᵈ𝕒ᵐˢOnde histórias criam vida. Descubra agora