Olhos vermelhos.

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Anice

Correr ou morrer.

Eu corri, corri como nunca havia corrido antes.

Ouço um disparo e a bala acerta o cano de aço que estava há poucos metros de distância.

Cega pelo medo entro num beco sem saída, olho ao redor, desesperada por um único sinal de segurança.

Me escondo ao lado da caçamba de lixo.

Merda.

Ele vai saber que estou aqui. Como poderia não saber? Isso é tão óbvio.

-Garota! -Ouço seus passos calmos se aproximando. -Eu juro que vou fazer isso tão rápido que você não vai nem sentir -ele diz numa seriedade assustadora, embora estivesse ofegante por me perseguir tanto -É melhor se render e aceitar o seu fim, quanto mais você resiste, mais complicado as coisas se tornam. Para nós dois.

Puta merda, eu vou morrer.

-Você... -ele para de falar e ouço um resmungo baixo, como se alguém estivesse sufocando.

Eu estava com muito medo para olhar. Mas a tentação estava sendo insuportável. Eu não posso, mas eu quero.

Levanto um pouco a cabeça e olho por cima da caçamba, ele estava nas sombras, havia mais alguém com ele, mas eu não conseguia ver o que estavam fazendo. Tão escuro...

Então me levanto e dois olhos vermelhos me observam por trás da escuridão.

Recuo. Eu preciso fugir. Mas para onde irei? Não tenho para onde correr. Se eu gritar ninguém se importará com a aflição na minha voz. Eu estou sozinha.

Ele sai das sombras, sufocando nos braços dos de olhos de sangue. Uma arma estava sendo pressionada em sua cabeça enquanto ele se debatia em meio a angústia.

Abro a boca mas dela nada sai. Acho que não é um bom momento para falar.

Agora sim eu vou morrer.

Aquele que o segurava se aproxima mais um pouco e ando para trás. Eu não conseguia desviar os olhos de seus orbes vermelhos e brilhantes. Perigoso e hipnotizante.

Eu suava frio e minhas pernas tremiam.

Sem tirar sua atenção de mim, o homem alto e grande joga o outro no chão e ele tenta recuperar o fôlego, mas antes que conseguisse sua cabeça explode com o disparo da pistola.

Agora é a minha vez. Eu não sei o porquê mas ele estava prestes a me matar.

Ele pende a cabeça para o lado, me analisando, pensando se vale mesmo a pena me matar. Se não seria apenas perda de tempo. Ou talvez ele estivesse pensando em como se livrar do meu corpo assim que eu morresse, se é que ele precisava, porque ele simplesmente passa por cima do corpo largado no chão se aproximando mais um pouco. Como se o homem de antes não fosse nada, apenas uma pedra no seu sapato.

Ele para, me encara mais um pouco e se vira para ir embora, sumindo nas ruas de Paris.

Solto o ar e caio no chão. O oxigênio me faltava, meu pulmão parecia que estava minúsculo, tento puxar o ar mas única coisa que sinto entrando em mim é o medo e a angústia. Não consigo chorar. Aperto minhas mãos contra o peito e engulo o nó na garganta.

A polícia chega e nos encontra. Eu e o corpo sem vida no chão.


Continua...

Artificial: O Início. | Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora