Respira...

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Anice

-Você tem um álibi?

Eu acordei naquela manhã com batidas na minha porta, era a polícia. Sr. Mac, o meu senhorio, estava morto. Os policias falaram que ele foi amarrado em sua cama e sua genitália foi cortada. Ele morreu esfaqueado na garganta. Só estávamos ele e eu na propriedade durante o ocorrido, então fui trazida mais uma vez para a sala de interrogatório em menos de dois meses.

Mantive o olhar baixo enquanto brincava com a manga comprida da minha blusa.

-Srta. Lion.

Ergo a cabeça, Nicolas me encarava de pé com as mãos apoiadas na mesa, esperando uma resposta.

-Eu tenho -apoio os cotovelos na mesa. -Estava no meu apartamento, dormindo.

-Você tem alguma prova de que estava em casa?

-Tem câmeras na casa do Sr. Mac. Duas em frente ao portão, uma na entrada da casa principal e uma na entrada do meu apartamento, se você puxar o vídeo verá que eu entrei no apartamento e não saí até hoje de manhã quando a polícia chegou.

-Nós verificamos as câmeras.

-E então?

Ele respira fundo e joga o peso do corpo para a outra perna.

-E então descobrimos que coincidentemente as câmeras da casa pararam de funcionar no momento em que você disse que chegou em casa e voltaram a funcionar às 02:47 da manhã.

O quê?

-Eu não... mas... -o que estava acontecendo? -Como isso aconteceu?

-Me diz você.

Ele retoma a postura e passa a mão no cabelo castanho, cruza os braços e me olha atentamente.

Solto uma risada soprada. Eu não creio.

-Você acha que eu matei ele?

Ele me encara e eu o encaro de volta, então ele suspira e se senta a minha frente.

-Olha, eu não acho que você matou ninguém, mas as pessoas lá fora acham, então, eu só quero que me conte o que aconteceu, se viu alguma coisa ou alguém suspeito.

Sim, eu vi.

Eu me lembro do momento exato em que o encontrei a poucos metros de distância. Lembro-me do seu olhar pesado direcionado a mim e do arrepio que senti correndo por toda a minha pele. Eu não poderia esquecer. E não iria dizer a ninguém sobre aquilo.

Droga. Se eu não falar nada eu serei a principal suspeita, mas se eu falar alguma coisa eu poderia morrer.

-Eu não... eu não sei de...

-Nicolas -uma mulher entra na sala de interrogatório, um pouco apavorada.

-Detetive Sanperas, algo errado? -Ele se levanta.

-Podemos conversar?

Os dois me olham e depois voltam a atenção um para o outro.

-Só um instante, eu já volto.

Minutos depois Nicolas voltou, um pouco menos receoso do que antes.

-Encontramos o assassino -ele diz simplesmente.

-O quê?

-Você está liberada.

(...)

No metrô de volta para casa me sento ao lado de um garoto com mais ou menos uns treze anos. Ele se levanta e sai assim que o metrô para em uma estação. Alguém senta ao meu lado, mas não dou tanta importância, em vez disso, fecho os olhos e penso em todos os problemas que eu teria que resolver, e quase todos eles estavam ligados ao fato de eu estar desempregada. O restante eu simplesmente ignorava porque eu não tinha ideia do que fazer.

Artificial: O Início. | Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora