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Pov Sn

Minha família vinha de um povo muito animado, melhor dizendo, do Circo.
Meus pais me fizeram amar isso quando era criança, então desde pequena essa era/é a minha vida: treinar para o meu número especial, tentar ir para escola o máximo que conseguir, ter notas muito baixas, treinar, viajar e treinar.

- Sn filha, já arrumou sua mala?- mãe entra no quarto abrindo a porta com força. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e ela estava suada, com um pano de prato no ombro.

Eu estava a um tempo deitada na minha cama, olhando para o teto e me sentindo frustrada.

- Ainda não - me sentei na cama sentindo uma pontada de dor no meu pé direito- Seus amigos já aceitaram?

- Não, mas tenho certeza que irão aceitar, são gente boa- ela olha em volta do meu quarto - Aqui nunca deixa de ser um labirinto, arrume esse quarto antes de saímos hoje - Some dali deixando a porta aberta

Solto um suspiro e imito seu gesto, olhando em volta. Concordei com seu comentário, afinal eu vivia perdendo as coisas no meu próprio quarto.

Levantei da cama e caminhei mancando até meu armário de roupas. Eu ficava tanto tempo viajando que minhas roupas se perdiam facilmente entre casa de família e trailers. Meu guarda roupa tinha muitas cores por  conta disso também, mamãe diz que  um dos segredos para chamar atenção é cores vivas e misturadas.

Escutei vozes da cozinha e tive a impressão de estar sendo chamada. Então andei até lá fazendo um pouco de careta por causa do meu pé.
Eu me machuquei na última apresentação, o que está me frustrando. Eu sempre treinei muito e nunca errei em nenhuma apresentação ao vivo.

- Ela é um amor, não vai dar trabalho em Nada- mamãe falava no telefone, suponho que com seus amigos.

Eles tinham que viajar hoje de noite para outra cidade com o circo, sem previsão de volta. Pela a primeira vez eu ficaria de fora.

- Ainda não sei quanto tempo, depende muito de como vamos ser recebidos pela a cidade

Mamãe iria me levar para casa de algum parente, nós temos muitos. Contudo eles não moram nessa cidade.
Eles receberam essa proposta de última hora e vão viajar essa noite. Precisam urgentemente de um lugar para me deixar.

- Ela não se importaria com isso, tenho certeza que vão se dar bem

- Se importar com o que?- pergunto mas ela faz sinal para eu me calar

- Sim, hoje mesmo- Mamãe abre a janela da cozinha - Muito obrigada, Mortiça! Não sei como te agradecer por isso

Mortiça?

- Até logo- ela desliga e vem em minha direção, sacudindo meus ombros - eles aceitaram você lá!

- Não é aquela família estranha que veio aqui em casa uma vez não, né?

- Eles não são estranhos, são... Originais.. perculiares talvez?

- Mãe, eles parecem vampiros, sem sangue na pele. Tem certeza que eles não vão me cozinhar ou tomar o meu sangue em um banquete especial em família e quando você voltar eles vão dizer que eu fugi ou caí em um poço acidentalmente?

- Não seja boba- ela bate de leve no meu ombro, sorrindo- Eles tem uma filha, vou pedir para que ela te ensine um pouco sobre as matérias que você não vai bem

- Todas?- ela me olha incrédula- Não lembro de ter visto nenhuma menina naquele dia- tento forçar minha memória - me recordo do cara de bigode emo, da mulher do drácula e o menino ex presidiário

days at the addams house- Wandinha & Sn Onde histórias criam vida. Descubra agora