Os morangos mancham?

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Terça-feira, 12 de setembro de 2062

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Terça-feira, 12 de setembro de 2062

Meu aniversário.

Eu nunca tive o costume de não comemorar meu aniversário, pois minha família gostava de celebrar meu nascimento como se eu fosse um Deus. Então era mais do que comum que todos os meus parentes viajassem longas horas para se encontrar na minha casa e comemorar o bendito dia com horas e horas de festa.

Mas naquela manhã, as coisas começaram diferente. Eu fui para escola como qualquer outro dia, alheio sobre a data pois minha mãe ainda não havia acordado para lembrar-me enquanto me fazia tirar uma foto e escrever um textinho para minha família agradecendo as parabenizações.

Cheguei na OFVA cedo, como sempre. Só que dessa vez não fiquei vagando por aí, subi direto ao terraço e atravessei os labirintos de videiras. O vento estava mais agitado hoje, também estava mais frio. Eles deixavam aquela parte da manhã escura por pedido dos moradores, então ainda estava sem a barreira de proteção. Eu conseguia ver as nuvens carregadas lá em cima. Andei mais um pouco, vendo ali no mirante os cabelos azuis escuros chacoalhando enquanto o seu dono, Min sem-noção Yoongi, sentava em cima do parapeito, apoiando seus pés entre a grade e se firmando.

A gente havia se encontrado ontem também aqui em cima, decidimos tornar aquilo rotina. Descobri que Yoongi era meio cabisbaixo, merencório (sim, essa palavra existe, não era para ser melancólico), como ele gostava de chamar. Ele gostava de sinônimos, achar palavras difíceis para coisas simples fazia parte de sua poesia, ele era poético, mas era direto. Não falava nada com nada na maior parte do tempo, mas quando se punha para falar o que queria, ele falava. Eu admirei aquilo nele porque ele me parecia alguém culto e interessante. Mas toda sua poesia surgia daquele sentimento de melancolia que o rondava.

Sabia que o certo não era ficar ao seu redor, pois a aura de uma pessoa facilmente influência a quem fica com ela, mas eu preferia me aventurar em sua tristeza. Mas ele era como uma epifania, aquele momento que você entende a essência de algo.

- Bom dia, Namjoon. Você perdeu, a pouco tempo atrás estava começando a dar indício das auroras boreais, acho que no fim do mês vão começar a aparecer. Elas são sublimes...

- Sublimes... Eu sei o que significa por contexto - Vou até o parapeito, encostando meus braços sobre ele e me apoiando, ficando de pé ao seu lado - Mas não sei o significado exatamente.

- Belo, perfeito, simétrico. Significa algo cujas qualidades ultrapassam o comum.

Balanço com a cabeça, concordando. Yoongi tinha 153 de QI e era, basicamente, um dicionário ambulante, sabia sinônimo de tudo e seus significados. Ele era tão bom naquilo que chegava a ser prazeroso o ouvir falar.

Ele se abaixou, segurando em minha bochecha de forma meiga e colando nossos lábios. Eu achava que nunca ia me acostumar com aqueles piercings congelantes, pois sempre que eles entravam em contato com minha boca eu conseguia sentir o frio e aquilo era instigante.

Vanguarda - [KNJ+KSJ]Onde histórias criam vida. Descubra agora