Segunda-feira, 22 de setembro de 2062
Chegar em Novo Alasca foi um alívio gigantesco para cada canto do meu corpo, o que era algo de fato bizarro de se sentir. Era como uma súbita sensação de que eu havia voltado para casa, mas a minha casa não era minha e eu não conhecia aquele lugar.
Jamais Vu é uma expressão francesa para quando algo que você considera familiar parece completamente desconhecido. Como ex namorados, amigos, familiares e até mesmo inimigos, todas essas pessoas significantes de uma hora para outra parecem completos desconhecidos, pessoas que você sente que nunca trocou uma conversa além de um comprimento e bom dia.
Eu constantemente me via numa situação que tudo me parecia desconhecido, o que certamente era um desconforto diário de não se sentir pertencente a nada e a ninguém pois tudo que um dia foi seu, subitamente se torna algo que não te traz memórias, apenas aquele estranho sentimento de infamiliaridade.
Minha casa não era familiar, aquele lugar era tão desconhecido quanto uma pessoa que divide o lugar do ônibus com você uma vez na vida e se algum dia se encontrarem de novo, de jeito algum se lembrarão que seus caminhos já haviam se cruzado. Mas por algum motivo, o que já não era familiar se tornava cada vez mais distante.
E eu queria muito que tivesse algum lugar o qual eu pudesse chamar de casa.
Quando entrei, ontem a noite, eu estava incrivelmente cansado e nem lembro direito de como minha mãe me deu boa noite e me abraçou, eu estava tão cansado que eu nem consegui lutar contra a demonstração de afeto, eu só aceitei.
Deitei na minha cama e lembro de me sentir imensamente sozinho, mas fui dormir depois de alguns minutos de tomar o remédio, talvez antes mesmo de sofrer o efeito.
Segunda feira, quando eu acordei, notei que não havia fechado a janela na noite anterior e agora, de forma rotineira, o sol se levantava e o crepúsculo matutino coloria de um laranja avermelhado toda a parede sem graça do meu quarto, fazendo um gradiente colorido que ao eu abrir meus olhos, me cegou brevemente antes de eu conseguir me ajustar com a luminosidade. Me encontrei abraçado no meu elefante e todos os meus pensamentos pareciam tão altos e tão contrastantes com uma luz tão etérea.
Minha ficha de tudo que havia acontecido já havia caído algumas vezes, de forma que eu continuamente me lembrava das situações tensas e sequenciais. Achei um corpo, investiguei o assassinato com Seokjin, havia feito um pacto de sangue com um grupo suspeito coreano, fomos designados para descobrir coisas específicas e agora, mais um problema.
Eu sabia que Seokjin gostava de mim, mas eu definitivamente não queria isso.
Não me entenda errado, não tenho nada contra com o sentimento dele em si, mas há um peso complexo ao assumir que outra pessoa gosta de si, pois há uma porcentagem de imprevisibilidade das informações que podemos assumir sem confirmação. Entretanto, a única explicação plausível da maioria das ações controvérsias e instáveis do Kim até agora poderiam muito bem serem explicadas com uma certa obsessão bizarra por mim.
Mas assumir isso, por outro lado, também poderia significar um narcisismo insalubre da minha parte que apenas resolveu achar desculpas que me favorecessem e tirassem a minha culpa.
Mas haviam tantos sinais...
A luz batendo na minha parede ia suavizando a cada minuto que se passava, seu gradiente ia ficando mais claro e logo o laranja se tornou em um belo amarelo, de forma que todo o meu quarto transmitia uma sensação incomum de esperança.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vanguarda - [KNJ+KSJ]
Hayran Kurgu[EM ANDAMENTO] "Ser prodígio sempre foi um empecilho na minha vida e se tornou ainda pior quando ele, Kim Seokjin, decidiu enfiar toda a confusão de sua vida patética no meio da minha." Kim Namjoon nunca teve uma vida normal desde que se mostrou ma...