Gosto de viver perigosamente

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Heloísa

"Creusa! Tô saindo...te vejo mais tarde!" anunciei parando na porta para ouvir a resposta.

"Donelô, o doutô Stenio deixou um recado pra senhora." ela veio correndo em minha direção, como se fosse a coisa mais importante do mundo.

Eu já imaginava qual recado seria.

"o que é?" questionei segurando o riso.

"falou pra senhora não se atrasar pro cartório. Ele te espera lá... e sem surpresas... é acho que foi isso que ele disse" ela recordou praticamente pulando de euforia.

"aham... aham..." respondi abraçando-a antes de sair rumo à delegacia.

Havia chegado o dia, iríamos oficializar nosso casamento, iríamos assinar os papéis, eu iria ser novamente uma Alencar. E isso por incrível que pareça não me assustava agora. Pelo contrário, sentia-me segura do que estava fazendo.

Ele já morava comigo desde o dia do pedido, suas roupas estavam lá no meu apartamento no outro dia como eu havia pedido, meu futuro marido havia viajado a negócios ficando dois dias fora, e hoje foi direto ao escritório, para poder ter a tarde livre pra mim. E eu lutava contra o sentimento de saudade.

"chegou o grande dia!" Yone disse assim que adentrei nossa sala.

"chegou!" exclamei, tentando não demonstrar tanta euforia, largando minha bolsa como de costume.

"veja como ficaram lindos os convites, Helô." falou me entregando.

Iríamos fazer a tarde uma pequena comemoração na minha casa mesmo, então agora os convites seriam enviados a pessoas específicas.

Eu havia escolhido a decoração, o bolo e o look. Tudo como manda o figurino, pela terceira vez. E estava uma pilha de nervos, também pela terceira vez.

Parecia tão irônico.

Ainda era uma incógnita pra mim que Stenio me causasse esses efeitos mesmo depois de tantos anos, mesmo depois de conhecermos cada mísero defeito um do outro, mesmo depois de tudo. E esse tudo é muita coisa, um primeiro casamento fracassado, um segundo perdido em meio a brigas e um terceiro iniciando como se fosse a primeira vez.

Ás vezes eu ficava confusa com tudo isso.

"ficaram, ficaram...lindos..." falei encarando o papel.

No topo estava escrito Sr e Sra Alencar, meu estômago revirou em antecipação.

"doutora, com licença." um dos meus policiais adentrou minha sala com um buquê de flores azuis, típico dele sempre me adivinhando.

"obrigada." agradeci observando aquele gesto.

"Você é uma mulher de sorte." Yone disse.

Peguei o cartão e li "Estou ansioso para te chamar de minha."

Agora sim meu coração estava mais que acelerado. E com certeza eu tinha sorte por tê-lo a tantos anos.

Me forcei a focar nos B.Os da delegacia as horas passaram voando e quando dei conta estava indo para o salão me arrumar, não havia pegado meu celular nem respondido Stenio, queria que ele ficasse um pouco apreensivo, sempre gostei de torturá-lo um pouco.

Uma hora depois estava dirigindo até o cartório, um blazer branco com uma meia calça mais escura faziam meu look, meu cabelo solto e uma maquiagem leve. Yone estava comigo, ela e Laís seriam as testemunhas.

Estacionei na mesma hora que ele havia estacionado, nossos olhares se cruzaram assim que desci do carro, Stenio estava lindo, perfeito, elegante e totalmente meu.

Final Feliz SteloisaOnde histórias criam vida. Descubra agora