Pesadelo e revelações

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   — MATE-ME — grito, mas não entendo, nada faz sentido, onde estou? Porque sinto que estou prestes a atacar o homem abaixo de mim, ou que a raiva esteja a um fio de me controlar? — Por favor, Tommy. Por favor — digo outra vez, não tendo controle algum sobre meu corpo, ou minhas falas, nem sei como chegamos a essa situação e isso me amedronta. 

  Encaro o homem abaixo de mim, tenho vontade de chorar ao encarar seus olhos castanhos tão familiares. Ouço o barulho do tiro e a bala atinge meu cérebro.

  Acordo assustado, sentido o ar faltar, meu peito ardendo, lágrimas grossas caem do meu rosto pingando sob meu corpo encharcado, coloco minhas mãos na cabeça para me certificar se tudo está no lugar acalmando um pouco a tempestade que alastrou no meu coração ao ter a sensação que o próprio crânio estar sendo perfurado por uma bala. Mas ainda não acabou, sinto que estou sufocando, como se o ar pesasse toneladas….

    — Newt! — ouço alguém me chamar, há um certo desespero na voz. 

    Droga! Não quero vê-lo, não agora, não depois desse pesadelo. Começo a me afastar caindo da cama, o ar ficando mais pesado, minhas vistas ficam mais embasadas, tento puxar o ar sem sucesso.

   — Porra! — sinto meu corpo ser puxado pra cama novamente — foque em mim, tá? — não quero está perto dele agora, não deixei claro isso? — Por favor, loirinho….

  Encaro seu rosto e sinto mais uma vez a fugir de mim. Engasgo… o desespero me invadindo mais uma vez.

   — Respire fundo… — sua mão vai em direção a sua barriga subindo para seu peito logo em seguida, prendendo a respiração fazendo eu fazer o mesmo inconsequentemente.

   — N-não c-consi… — palavras desconexas saem da minha boca quando tento inutilmente respirar. 

   Vejo sua mão ir de encontro a minha, trazendo ambas para meu peito. 

   — Tente a empurrar com sua respiração, agora respire fundo  — faço o que ele pede, puxo o ar com força sentindo como se meus pulmões rasgassem pelo esforço — Agora solte devagar…

  Fizemos isso até que minha respiração estivesse regulada. O sonho invade a minha mente e pela primeira vez sua presença me incomoda. 

    — Newt se sente melhor? — seus olhos transbordavam preocupação mas não o conforto que eu costumo sentir. 

    — Acho que sim, Tommy — Tommy… Porra agora tudo faz sentido! Por isso achei aqueles olhos tão familiares — Pode me deixar sozinho? 

    Preciso pensar, aquele sonho foi tão real. A bala… Isso explicaria as dores de cabeça que sinto bem no lugar em que fui atingido? 

   — Não sei não Newt 

   — Por favor Tommy, por favor — implorei. 

   — Não posso, eu cheguei aqui você tava no chão tendo uma crise e quer que eu simplesmente saia sem ter a certeza que você está ao menos bem? — me encarou com se pudesse ler minha alma ou que aconteceu a minutos atrás e temi que realmente pudesse. 

     — Não quero falar sobre isso — balancei a cabeça negativamente — Tá tudo tão fresco na minha mente que é tudo, tudo tão confuso…

    — Newt…

    — Tão real… 

    — Newt!— agarra meus braços — Porra você tava apertando sua cabeça não percebeu? 

    Neguei, logo sentindo uma pontada de dor no crânio, o bolo que formou em minha garganta desceu como chumbo e inconsequentemente ou consequentemente busquei Thomas, ou melhor dizendo, seu abraço. 

   — Quer me contar o que te deixou tão abalado? — beijou o topo da minha cabeça. 

   Quis negar, mas tão abalado e afetado que não acharia argumentos plausíveis para os questionamentos de Thomas.

  — Tive um pesadelo — respirei fundo pensando realmente se deveria contar a verdade — Você atirava em mim… na minha cabeça, acho que eu não tava bem porque eu pedi pra que o fizesse — levantei meu rosto pra encontrar seus olhos,  estavam chorosos — Foi horrível, tive a sensação que realmente tinha uma bala atravessando meu cérebro, mas tudo ficou pior quando reconheci que era vo… 

   — Eu nunca te machucaria! Imaginar como foi essa cena foi aterrorizante. Newt eu te amo e me imaginar ou até pensar machucar você tá você tá fora de cogitação — saber disso me aliviar mas… —  Porra loirinho, você é a pessoa mais importante pra mim é aquela que eu levaria e que eu quero levar pra vida toda, que quero passar cada minuto perto, que te todos e que eu ia atrás se estivesse triste, que ficaria longe se estivesse com raiva e querendo descontar em alguém, porque você é alguém que quero proteger e amar, não machucar. 

  — Tommy…

  — Eu te amo, sempre amei!

  — E-eu também te amo, Tommy —  não achei que fosse correspondido, ou que iria descobrir em um momento como esse. Mas ele sempre foi assim, uma caixinha de surpresa. 

   Sinto seus lábios tocarem os meus sutilmente, seus lábios macios continuaram com esse ato apreciando a ficção que nossas bocas faziam juntas. Sinto sua língua deslizar por meus lábios em um pedido silencioso pelo próximo passo, que é logo concedido por mim. Nossas línguas dançam em uma batalha sincronizada, sem pressa. Sinto meu corpo ser puxado pro seu colo e o beijo fica mais intenso. Nós nos beijamos apaixonadamente até a falta de ar se fazer presente e nos separamos ofegante. 

     — Você é lindo Newt — sinto meu rosto queimar pelo elogio, abraço seu pescoço e seu perfume amadeirado invadir minha narina me fazendo sorrir. 

    — Não faz isso, Tommy — levantou meu rosto. 

    — Você corado é tão perfeito, sou perdidamente apaixonado por cada parte sua.

Pesadelo e crises - Newtmas Onde histórias criam vida. Descubra agora