Intrigante

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             Leon mal conseguia dormir naquela noite, aquele garoto da máscara de gato preto havia chamado sua atenção de uma forma que ele não conseguia explicar, sua mente vivia lembrando aqueles olhos castanhos e aquela voz que, mesmo abafada pela máscara, dava pra se entender nitidamente. Leon se virou para encarar o teto do seu quarto, vendo os adesivos brilhantes que havia colado ali com sua mãe.

Leon:E agora, mãe?-perguntou, tendo a esperança que teria um sinal.-Eu queria.....poder ver ele de novo, conversar, saca?

               Sem nenhuma resposta, Leon suspira. Ele vira para o outro lado da cama e fechou os olhos, com a mente sempre pensando naquele garoto de cabelos pretos com a máscara de gato.

     [Dia seguinte]    

         Leon acordou antes mesmo do seu despertador soar, havia sonhado com aquele garoto e chegou até a achar que aquilo tudo tinha sido um sonho, mas ao olhar para a máscara de lebre em sua cabeceira ele logo soube que tudo aquilo foi real. Mas o seu sonho foi apena algo da sua cabeça mesmo, um sonho bem bonito, na verdade. Nele, o garoto de cabelos pretos estava com os pés dentro de um rio, a luz da Lua fazia sua máscara de destacar com aquela tinta na madeira, material base da máscara. Apesar da máscara cubrir o rosto do garoto, Leon conseguia ver naqueles olhos castanhos uma alegria, um sorriso no olhar. No meio do sonho, Leon lembra de ouvir a voz de Franz soar quase como um trovão de tão alto, mas as palavras foram ditas de forma suave.

    Franz:Leon, vem.    

Eu quero ir.-Leon pensou.-Mas não sei se VC vai mesmo querer que eu vá.

            Leon ainda lembrava de ouvir o garoto dizendo que aquele lugar, Animari, não era mais seguro. O que isso queria dizer exatamente? E porque eles precisavam usar máscaras de Carnaval? Leon queria ter explorado mais aquele lugar só chegou a ir por uma folhagem coberta pelas sombras e quando se escondeu com Franz só havia mais árvores.
          Seus pensamentos foram interrompidos quando seu pai bateu na porta, o chamando do outro lado.

Luís:Filho, acorda que senão vc perde a aula!
Leon:To indo pai!

               Leon se levantou e repetiu a mesma rotina de ontem, mas sentindo sua mente longe dali. Na hora do café, seu pai quis puxar assunto.

Luís:Filho, sobre a discussão de ontem.....me desculpa por ter me exaltado.
Leon:Tudo bem, eu também acho que exagerei.
Luís:Quando vc não exagera?
Leon:Ah paro!
Luís:Mas falando sério agora, eu não gostaria que vc tentasse a carreira artística, filho. Vai ser um ramo que será muito desvalorizado no futuro e pra vc ganhar dinheiro vc precisa de reconhecimento!
Leon:Pai, eu não faço artes pelo dinheiro, vc sabe disso.
Luís:Mas o MUNDO é movido à dinheiro, Leon. Sem isso vc não é ninguém.
Leon:Foi por isso que escolheu ser empresário e não cantor?
Luís:Exato.
Leon:A mamãe nunca desistiria do sonho dela.
Luís:Sua mãe era teimosa igualzinho a vc.-suspirou.-Filho, só não quero ficar pensando que talvez vc passe por dificuldades quando eu morrer.
Leon:Credo pai! Bate na madeira.-bateu na mesa.-Isso ainda vai levar tempo.
Luís:Nunca sabemos o amanhã, Leon.-deixou sua xícara de chá no prato.-Vc vai encerrar o terceiro ano atrasado, mas já saiba que a vida adulta é bem sem graça e só se tem contas e mais contas.
Leon:Isso é deprimente.
Luís:É a realidade.-deu de ombros.-Vc ainda não fez amigos.
Leon:A galera de lá não é tão simpática.
Luís:As do ano passado também não eram?
Leon:Não.-bebeu o seu leite com achocolatado.-Mas ontem eu....me enturmei com um cara.
Luís:Jura?-sorriu.-Quem é?
Leon:Eu não conheço ele muito bem, mas o nome dele é Franz.
Luís:Qualquer dia vc deve me apresentar ele! Qual é a sala?
Leon:Ele estuda em outra escola.
Luís:E vcs se conheceram por onde então?-olhou o filho apreensivo.-Me diz que não foi pela internet.
Leon:Não, foi cara a cara mesmo. Eu estava voltando pra casa, acabei esbarrando nele, acabei puxando assunto e fomos indo.
Luís:Só vc pra fazer amizade com um estranho, já falei pra parar com isso.
Leon:Ele não me era totalmente estranho, vi ele uma vez nos jogos contra as escolas da região.
Luís:Entendi.-terminou seu café.-De qualquer maneira, quero conhecê-ló.
L

eon:Ok, quando nos tornarmos amigos oficialmente eu trago ele.
Luís:Estou feliz por ter feito um amigo, de verdade Leon.-sorriu aliviado.-Não queria que a morte da sua mãe afetasse sua vida social.
Leon:Não afetou, apesar que ela faz muita falta.
Luís:Eu sei, eu também sinto falta dela.

             A amanhã tinha começado mais leve daquela vez.

[Na escola]  

            Leon estava tendo aula de história agora, sobre a revolução francesa. Ele queria perguntar a professora se já existiu algum lugar chamado Animari, mas provavelmente receberia um não nada gentil dela.
             Na hora do intervalo, Leon pegou seu caderno de desenho e passou a retratar o garoto de ontem, com sua máscara e seu roupa esquisita. No fim, o desenho havia ficado bom, de verdade.

Antônio:Rabiscando de novo, Leon?-zombou.
Leon:O que vc quer, Antônio?
Antônio :Nada.-pegou o caderno.-Só quero saber o que o esquisito tá desenhando.
?????????:Aposto que é pornô.
Leon:Me devolve!
??????????:Ou Ou, se segura ai esquisito.-segurou Leon.
Antônio:Que merda é essa?-apontou para o desenho.-Quase nem dá pra vê o desenho e.....É um demônio com máscara de gato?
Leon:É uma pessoa!-tentou se soltar.
Antônio:Ha ha, a pessoa vai ficar bem chateada com essa reapresentação. Deixa eu dá um jeito nisso.-jogou em uma poça de água no chão e pisou em cima.
Leon:Não!
Antônio:Vc devia me agradecer agora que não têm esses desenhos horrorosos. Vamos galera.

              E assim, Antônio foi embora com sua gangue. Leon pegou o caderno, sentindo raiva e tristeza por ver seus desenhos agora só serem uma massa de papel, nem mesmo o desenho o Franz tinha sido poupado.

  Cara babaca.-Leon pensou.

    
[Um agoniante dia escolar depois

             Leon chegou em casa, foi esquentar o almoço e se sentou na mesa comendo seu arroz, feijão, bife e salada. Quando terminou, foi tomar um banho pra poder tirar a sujeira da rua e foi fazer sua lição de casa.
             No meio disso, Leon pegou uma folha de sulfite e passou a recriar o mesmo desenho que Antônio havia destruído de manhã, vendo que não ficou tão bom quanto o primeiro, mas que ainda sim tinha ficado bonito.

Leon:Quem sabe que poderia mostrar pra ele esse desenho?

          Leon pegou seu medalhão e segurou firme, ali dentro havia uma foto da família completa, Leon devia ter uma seis anos quando ela foi tirada, mas lembrava com clareza porque sua mãe vivia descrevendo o dia. E então, ela entregou esse medalhão para si e ele nunca mais se separou dele.

Leon:Ah mãe, o que a senhora diria pra mim nesse momento?

                Leon sentia que sua mãe iria incentivar ele, ela sempre foi desse jeito. Ela sempre o incentivava a aprender várias coisas, a não ter medo do mundo. Então, após pensar muito, Leon teve sua resposta.

  Amanhã depois da aula.


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