002 ━━ the only exception

1.3K 110 178
                                    

AUTORA
o maior fracasso
é a ausência de tentativas.
the only exception | paramore

★ the only exception | paramore

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

ELE ESTAVA INQUIETO. Os olhos castanhos de Endrick acompanhavam os movimentos de Catherine desde o minuto que pisaram na cozinha da casa dela, embora ele estivesse calado, absorto demais nos próprios pensamentos para iniciar a conversa que lhe bagunçava os pensamentos.

Seria mentira se ela dissesse que não tinha uma noção mínima do que se tratava, pois esteve observando-o no decorrer do dia, parecendo tentar encontrar uma maneira de abordar a pauta com cautela.

Sentada à mesa, apoiou o rosto na palma da mão, assistindo enquanto ele preparava um de seus típicos sanduíches com tudo o que encontrava no armário e na geladeira ─ as ruas tinham o X-Tudo, Endrick tinha o que apelidou de S-Tudão.

A garota pensou que ele logo tomaria a iniciativa de puxar assunto, porém permaneceu quieto, mantendo a atenção dividida entre Catherine e a comida. Sua inquietação começou a aguçar a dela, e, quando menos esperou, as palavras rolaram para fora da boca:

── Pergunta logo! ── ela agitou as mãos e ergueu as sobrancelhas em divertimento quando um dos pães escapou do agarre dele em decorrência do susto ── Tá devendo, é?

── Você já pensou em terminar comigo? ── apesar de estar longe de qualquer espelho, Catherine sabia que deveria ter empalidecido bons tons diante da pergunta repentina. Com um sorriso sacana, o mais baixo repetiu: ── Tá devendo, é?

Ela forçou uma risada irônica.

── Acordou com o Patati e Patatá socados na bunda, foi? ── balançou a cabeça em negação, franzindo o cenho ── Por que isso agora?

── Curiosidade ── Endrick deu de ombros, continuando o sanduíche.

── Fefo? ── uma interrogação gigante poderia estar estampada na expressão da adolescente, sabendo que nem ele mesmo tinha se convencido com a desculpa esfarrapada.

── É só que a gente já tá junto há um tempo, sabe? Bateu a curiosidade mesmo, linda.

Eu também estou curiosa para saber até onde o tomate iria caso eu o enfiasse pela sua garganta, pensou ela. Respirando fundo, Catherine cobriu o rosto com as mãos para pedir aos céus as últimas gotas de equilíbrio que lhe restavam. Deus, por que complicar tanto?

── Endrick. ── advertiu, mais firme dessa vez.

── Escutei você falando com sua mãe mais cedo ── confessou ele. Compreensão inundou o semblante da morena. Ah. Ah. ── Não foi proposital, eu juro! Sabe que não curto essas paradas de ouvir conversa dos outros.

Não era essa a preocupação dela.

── Quanto você ouviu, exatamente?

── Você admitindo que tem medo de enjoar disso. Ela dizendo que eu não sou nem nunca vou ser bom o suficiente pra você e que não sou o namorado que ela sonhou pra filha dela. Coisa pouca ── o garoto sacudiu os ombros. Quanto mais ele repetia, mais ela afundava os dedos no cabelo, desejando que a terra abrisse uma cratera e a levasse para outro plano. Por favor, que seja só isso... ── Ah, é. Também teve a parte onde ela pediu um motivo pra achar esse relacionamento aceitável e você não respondeu.

Catherine coçou a sobrancelha, endireitando a postura antes de encará-lo. O que lhe surpreendia mais não era a apatia com a qual Endrick recitou a conversa, e sim a insegurança em seu olhar.

── E aí a sua mente brilhante simplesmente concluiu que eu não respondi porque não sabia responder?

── Foi o que deu a entender ── uma risada sem humor partiu da jovem.

── Você acha que é a primeira vez que essa conversa acontece? ── disparou ela, de imediato ── Escuto coisas do tipo desde que ainda nem tínhamos nada, se quer saber, e sendo sincera, não é algo que valha meu desgaste. Nem o seu, aliás.

── Então 'cê deixa a sua mãe falar o que quiser, sobre nós e sobre você mesma, só pra manter uma paz que nós dois sabemos ser temporária? ── perguntou o jogador, finalmente largando a faca na pia para encará-la ── Quanto tempo até a máscara da manipulação cair e te trazer pra realidade?

── Não tô sendo manipulada, estou escolhendo minhas batalhas. ── esclareceu ela, vendo-o ficar ainda mais incrédulo.

── Então eu não sou algo pelo que vale a pena lutar?

── Em momento nenhum eu disse isso. Camilla é a batalha, você sabe.

Catherine preferiu contornar a situação. Fornecer respostas conforme suas perguntas ao invés de evidenciar o que de fato tinha acontecido só geraria mais conflito. Falta de comunicação nunca tinha sido um defeito deles, e ela temia que estivesse começando a ser, ainda que naqueles pequenos acontecimentos.

O problema maior, para Endrick, não começava nas palavras duras de Camilla; começava no momento em que sua mente acreditava nelas. Confiava cegamente nos sentimentos de Catherine, embora soubesse da influência que a mãe da garota tinha sobre sua vida quando queria.

Principalmente nos últimos meses, perder a garota deixava de ser uma hipótese para se tornar um medo cada vez mais real.

── Deixei o comportamento da minha mãe claro pra você logo que viramos amigos. Dois anos, Fefo. É o tempo que a gente se conhece. Somando com os meses que estamos juntos, é o tempo que ela repete o mesmo discurso. O que minha mãe diz ou não sobre nós, não interfere no que você é pra mim ── explicou ela, sem pressa ── Eu tô aqui, não tô?

── Vai continuar? ── Catherine o olhou com obviedade e ele puxou os lanches para a mesa, sentando ao seu lado, levemente desanimado ── É complicado, Catê. Às vezes é fácil acreditar no que sua mãe diz quando eu mesmo sei que você é boa demais.

Um sorriso contido surgiu no rosto da morena, agradecida e ainda preocupada.

Catherine só notou que acariciava seu rosto quando o calor corporal dele invadiu sua palma. Tocá-lo era tão automático para ela que, ao invés de somente desejo, era instinto.

── "Enjoar disso" era sobre a tempestade em copo d'água que ela faz, não sobre você. Nunca. Nós somos a exceção, lembra? Além de que pra separar de mim, queridão, só morrendo ── avisou ela, recebendo um arquear de sobrancelhas como reação ── Se for pra entrar nessa discussão de novo, 'cê sabe que não tem fim.

── Não custava tentar, né? ── Endrick sorriu com uma careta, o olhar sorrateiro vagando de seus olhos para a boca tão rápido que ela pensou ter imaginado, embora as borboletas no estômago provassem que não ── Você me acha bom demais e eu te acho boa demais. Posso lidar com isso. Empate?

── Empate.

Para Catherine, resolver possíveis obstáculos com Endrick era tão prático que em questão de minutos já tinham esquecido totalmente o assunto, mudando o rumo do diálogo conforme comiam em meio a piadinhas ─ mais dele do que dela, como sempre.

Conhecendo a dinâmica do relacionamento amigável (ou amizade relacionada, se é que aquilo existia), chegava a ser hilário cogitar um término quando tinham tanto tempo pela frente. Enquanto houvesse disposição entre os dois para continuar tentando, nada poderia lhes afastar.

A não ser que eles mesmos o fizessem.

darling, you are
the only exception

tão bonitinhos românticos amiguinhos,
quem diria que

é, pois é

com amor,
doda.

CÉU AZUL ★ endrickOnde histórias criam vida. Descubra agora