Gênese 1-3

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E eis o primeiro ser. E faz-se o universo.

1   E eis que no vazio existia. No início flutuavam constelações, estrelas e planetas, dançantes no nada eterno.
² Todos estes elementos constituíam forma. Uma forma opaca e brilhante, o inicio e o fim e o tudo e o nada, e todos estes elementos constituíam Alheimmurin.   ³ E eis que na imensidão do nada, Alheimmurin sentiu-se só. E Alheimmurin percebeu que estava só.  
⁴ Então eis que, em sua solidão, Alheimmurin falou a primeira palavra, "Timthryall".   ⁵ E eis que Alheimmurin viu a palavra tomando forma, e ele sabia que aquela palavra ecoaria pela eternidade.   ⁶ E ele viu formar-se diante de seus olhos a forma do tempo, e Alheimmurin adorou finalmente ter uma companhia.
⁷ E eis que Alheimmurin tomou gosto pela companhia.   ⁸ E Alheimmurin ensinou Timthryall a tomar gosto pela companhia. E eis que Alheimmurin e Timtrhyall falaram mais duas palavras.   ⁹ Primeiro Alheimmurin falou "Dagden" e eis que de sua boca saiu um clarão cegante, e a imensidão do nada havia se preenchido com uma luz infinita, surgiu então o dia e a luz. E Alheimmurin se alegrou com sua criação.   ¹⁰ Timtrhyall adorou o que viu, então ela disse "Nychta" e eis que de sua boca saiu uma escuridão cegante, surgiu então a noite e escuridão. E Timtrhyall se alegrou com sua criação.
¹¹ E a imensidão do vazio preencheu-se com uma escuridão apenas metade infinita, e a luz também tornara-se apenas metade infinita.   ¹² E ambas eram apenas metade infinitas. A escuridão seria infinita até a chegada da luz, e a luz seria infinita até a chegada da escuridão.   ¹³ E eis que a imensidão do nada se equilibrou perfeitamente.
¹⁴ E eis que Alheimmurin e Timtrhyall ensinaram Dagden á tomar gosto pela companhia.   ¹⁵ Então Dagden disse sua primeira palavra, "Aghrian" fez-se então seu filho.   ¹⁶ E um clarão dourado lhe sorriu, e um calor aconchegante repousou solenemente sobre tudo, Dagden se alegrou com sua criação, e esse clarão foi chamado de sol.   ¹⁷ E eis que Alheimmurin e Timtrhyall e Dagden ensinaram Nychta á tomar gosto pela companhia.  
¹⁸ Então Nychta disse sua primeira palavra "Gheala", fez-se então sua filha. ¹⁹ E um clarão pálido lhe sorriu, e um sopro frio de solitude repousou carinhosamente sobre tudo, e Nychta se alegrou com sua criação, e esse clarão foi chamado de lua.
²⁰ Alheimmurin olhou para os seres que se criaram através das palavras e viu que ele adorava-os.   ²¹ E com o verbo que os criou, ele também os nomeou.  
²² E o nome cujas estrelas dos lábios de Alheimmurin desenharam foi "Yurtvyan" E eis que eles agora possuíam nome.   ²³ E os Yurtvyans ainda não julgavam chegada a hora do descanso do verbo, e através das palavras continuaram criando.   
²⁴ E eis que um dia um deles disse "Mitéra" e diante dos Yurtvyans fez-se surgir uma nova presença.   ²⁵ E os Yurtvyans tiveram então noção do que era maternidade e fertilidade, e eles ficaram felizes com aquela criação.
²⁶ E após alguns dias outra palavra ecoou no infinito "Theseya" e fez-se surgir uma nova presença, e os Yurtvyans tiveram então noção do que era a luxúria, e eles ficaram felizes com aquela criação.    ²⁷ E após o surgimento de Theseya o silêncio nasceu.   ²⁸ E após nascer, o silêncio engatinhou.  
²⁹ E após engatinhar, o silêncio reinou.   ³⁰ E eis que era chegada a hora do descanso do verbo.

2   E mais nenhuma palavra foi ouvida.  ² E os Yurtvyans estranharam o silêncio. Pois sem palavra nada se criaria, e sem criação nada mais aconteceria.   ³ E eis que o silêncio deu lugar á sensação.   ⁴ E eis que eles sentiram Theseya e Mitéra se aproximando deles com 3 novas presenças.   ⁵  Uma foi nomeada de Riarach, e os Yurtvyans tiveram noção do que era o prazer.   ⁶ Outra foi nomeada de Kodlar, e os Yurtvyans tiveram noção do que era o sono.  
⁷ a última foi nomeada de Adartais, e os Yurtvyans tiveram noção do que era a inveja.   ⁸ E os Yurtvyans ficaram felizes com essas criações.   ⁹ E os Yurtvyans sorriram com o descanso do verbo.
¹⁰ E eis que a existência no vazio se expandia.   ¹¹ E todos os Yurtvyans tinham tomado gosto pela criação.
¹² Assim Riarach e Adartais conceberam uma nova presença. Essa presenca foi chamada de Psevda, e os Yurtvyans tiveram noção do que era a traição, a discórdia e a mentira.  
¹³ Depois Riarach, juntamente de Theseya concebeu mais duas presenças.   ¹⁴ Uma foi chamada de Aonak, e os Yurtvyans tiveram noção do que era união e casamento.   ¹⁵ A outra foi chamada de Torlythe, e os Yurtvyans tiveram noção do que era o amor.   ¹⁶ Então Alheimmurin olhou para Timthryall e Dagden e Nychta e Aghrian e Gheala e Mitéra e Theseya e Riarach e Kodlar e Adartais e Psevda e Aonak e Torlythe e percebeu que ele amava-os.
¹⁷  E eis que o vazio se desfazia.   ¹⁸ E eis que o tempo passou, e eis que a noção de inveja de Psevda a fez almejar algo que ela não devia.   ¹⁹ E Psevda passou a almejar o poder de Alheimmurin, aquilo não era bom, mas os Yurtvyans não tinham noção de bem ou mal, tampouco os eram. Pois essas presenças não lhes eram conhecidas, eles apenas eram como eram.   ²⁰ E Psevda desejou ser a senhora do vazio, a rainha do início e a mãe de tudo.   ²¹ E eis que ela armou um plano. Psevda conversou com Dagden e Nychta e Torlythe e Kodlar e os convenceu á ajuda-la.   ²² Psevda prometeu que em troca ela os faria tão poderosos quanto ela. Os Yurtvyans tinham noção de traição e mentira, pois Psevda os deu essas noções, ainda assim eles a amavam e confiavam nela, portanto eles a ajudaram.
²³ E após alguns dias o plano de Psevda foi colocado em prática.   ²⁴ Então Torlythe conversou com Alheimmurin e disse ao senhor do vazio   ²⁵ "Tu realmente ama Timtrhyall, não? Sim! Pois tu a criastes e tu a ensinou a criar. E juntos aprenderam a dormir e a invejar e a amar. Sim! Tu a criastes e tu a ama. Creio que seja hora de provar seu amor por ela"   ²⁶ E Alheimmurin ouviu as palavras de Torlythe com atenção, e elas o agradaram, então Alheimmurin respondeu   ²⁷ "Sim! Eu a amo. Pois eu a criei e a ensinei a criar, e juntos aprendemos a dormir, a invejar e a amar. Sim! eu a amo, e creio que esteja na hora de provar meu amor por ela. Mas como? Diga-me, afinal tu me deste a noção de amor"   ²⁷ E Torlythe tocou o peito de Alheimmurin e apontou para uma estrela vermelha, e com a estrela sob seu toque, ele disse.
²⁸ "Aqui está sua reposta, a estrela vermelha em seu peito. Ela arde sempre que tu está próximo de Timthryall, ela adora a companhia de Timtrhyall assim como tu adora a companhia de Timtrhyall. Ela é seu coração, e a mais amorosa coisa que podemos dar para quem amamos é nosso coração, pois somente o confiamos a quem amamos e a quem confiamos"
²⁹ E Alheimmurin ouviu as palavras de Torlythe, e Alheimmurin gostou das palavras de Torlythe.  
³⁰ E Alheimmurin entregou a estrela vermelha de seu peito para Timtrhyall. E provando seu amor Alheimmurin disse para Timtrhyall.   ³¹ "Eu a amo, pois eu a criei, pois eu a ensinei a criar. Juntos aprendemos a dormir, a invejar e a amar, eu a amo pois tu me permitiu amá-la. Eu a amo e desejo provar. Entrego-lhe meu coração, pois somente a ti confio meu coração, e sei que minhas palavras ecoarão pela eternidade, pois foste tu quem me ensinastes o que é a eternidade, e também foste tu quem me fizeste desejar viver pela eternidade, somente para poder ficar ao seu lado"
³² E eis que o plano prosseguia. E Eis que a segunda parte do plano foi colocada em prática.   ³³ E após alguns dias Kodlar foi conversar com Timtrhyall e suas palavras a fizeram adormecer.   ³⁴ Ademais Dagden e Nychta se aproximaram de Timtrhyall e roubaram o coração de Alheimmurin.   ³⁵ E Dagden e Nychta tentaram roubar os poderes de Alheimmurin.   ³⁶ Porém eles erraram. Ao tentar roubar os poderes de Alheimmurin, eles acabaram fragmentando seu coração.
³⁷ Assim Alheimmurin fragmentou-se junto e se espalhou por todos os lugares.   ³⁸ E o vazio se preencheu com constelações, nebulosas, estrelas e planetas.  
³⁹ E de Alheimmurin saiu um líquido multicolorido.  ⁴⁰ O verbo da criação ainda dormia, porém o verbo das nomeações ainda se fazia presente.
⁴¹ E com esse verbo os Yurtvyans chamaram o líquido multicolorido de Aíma.   ⁴² E eis que a Aíma de Alheimmurin deu aos Yurtvyans a visão de todas as cores.

3   E eis que os Yurtvyans começaram a ver as formas e as cores uns dos outros. ² E eles perceberam que estavam nus, mas aquilo não os incomodava.   ³ Eles viram que Nychta e Timtrhyall e Aonak e Adartais e Kodlar eram negros.   ⁴ E eles viram que Dagden e Aghrian e Riarach e Psevda e Torlythe e Mitéra e Theseya eram brancos.   ⁵ E eles viram que Gheala era também branca, porém ela era mais do que os demais Yurtvyans.   ⁶ E eis que da Aíma de Alheimmurin fez-se surgir também novas presenças, porém essas presenças não foram percebidas pelos Yurtvyans, e essas presenças se chamaram de Ar'dtus.
⁷ E eis que o vazio não mais existia.  
⁸ E Eis que os Ar'dtus surgiram de Alheimmurin, sendo então uma parte de Alheimmurin.   ⁹ E os Ar'dtus perceberam que eles sabiam de quase tudo, eles tinham visões do passado, do presente e do futuro, antes mesmo de existir a noção de passado, presente e futuro.   ¹⁰ Os Ar'dtus vislumbraram eras adiante em um futuro longínquo. E eles viram os pássaros e os demais seres de asas voando pelos céus.   ¹¹ E viram os peixes e os demais seres da água nadando pelos mares.   ¹² E viram os homens e demais seres da terra vagando por um local que viria á ser chamado de Varlyd, e então viria á ser chamado de Terra.   ¹³ Eles também vislumbraram tudo que acontecia no presente.   ¹⁴ e viram ao redor o que viria á ser chamado de universo.   ¹⁵ E eles sentiram-se gratos pela explosão que lhes deu a vida.    ¹⁶ Por fim vislumbraram um passado próximo, mas não vislumbraram eras atrás em um passado longínquo, eles só viram após o surgimento de Alheimmurin.
¹⁷ E os Ar'dtus eram tão primevos quanto Alheimmurin, portanto eles deviam nutrir tanto conhecimento quanto Alheimmurin.
¹⁸ E o conhecimento do que havia antes de Alheimmurin devia ser adquirido.
¹⁹ Então os Ar'dtus pegaram um pedaço do universo e uma estrela. Eles lapidaram a estrela até ela fazer-se cinzel. Com esse cinzel eles esculpiram uma porta do pedaço do universo.   ²⁰ Então os Ar'dtus cruzaram pela porta, ela atravessava por todos os locais no tempo. E eles viajaram até antes de Alheimmurin.
²¹ E eis que eles se encontravam no vazio, e eles se perceberam no vazio.
²² Os Ar'dtus estavam no nada, onde não existia. Nem mesmo o tempo existia, portanto a porta se fechou e eles ficaram presos.   ²³ E então os Ar'dtus perceberam o motivo pelo qual eles não possuiam conhecimento do que havia antes de Alheimmurin, simplesmente não havia nada para se conhecer.   ²⁴ E os Ar'dtus tentaram criar portas para voltar, mas todas se fechavam e se uniam ao vazio.
²⁵ E então eles perceberam que no vazio existia algo, o vazio possuía um desejo de existência.   ²⁶ Pois do verbo os Yurtvyans foram criados. E o verbo precisava primeiro existir.   ²⁷ E eis que a força dos Ar'dtus foi sugada e em um ato de desespero eles conseguiram criar algumas portas e fugirem.
²⁸ Porém eles não podiam fugir para onde não existia.   ²⁹ E eis que em seu desespero eles criaram novas realidades.   ³⁰ E eis que eles fugiram para novas realidades.   ³¹ Quanto a força que lhes foi sugada ela se uniu em um único ser, Alheimmurin.  
³² E eis que no vazio existia...

O Yorvadãn: A Bíblia de VarlydOnde histórias criam vida. Descubra agora