E o dia se despede da noite. E a luxúria é traída.
4 E quanto aos Yurtvyans, eles continuaram criando, pois o vazio, embora inexistente, ainda era uma lembrança próxima. ² Mas antes, algo devia ser feito em relação aos traidores.
³ E os Yurtvyans envolvidos na explosão de Alheimmurin foram confrontados. ⁴ Psevda não queria ser punida. Ela era a mãe da mentira e da traição, e dessas noções ela utilizou.
⁵ E com as noções de mentira e traição ela convenceu os Yurtvyans a jogarem a culpa em Dagden e Nychta, afinal somente eles haviam alguma conexão direta com a explosão de Alheimmurin. ⁶ E assim se fez. O verbo despertou de seu sono. E então Dagden foi levado até uma das pontas de Alheimmurin. Então Timtrhyall, que havia se tornado o ser mais importante existente, disse.
⁷ "Com o brilho que vos demos, vós nos cegastes. Então com o verbo que fostes criado. Com o verbo que fostes nomeado e com o verbo que aprendestes a amar. Com este verbo lhe agrilhoarei. Na solidão você perderá seu brilho, e com seu brilho perderá sua força, e mais nenhuma vil atitude de ti virá!"
⁸ E assim se fez. ⁹ Então Nychta foi levada até a ponta oposta de Alheimmurin. E novamente Timthryall disse. ¹⁰ "Com a escuridão que vos demos, vós nos cegastes. Então com o verbo que fostes criada. Com o verbo que fostes nomeada e com o verbo que aprendestes a amar. Com este verbo lhe agrilhoarei. Na solidão você perderá sua escuridão, e com sua escuridão perderá sua força. E mais nenhuma vil atitude de ti virá." ¹¹ E assim se fez.
¹² Porém Aghrian e Gheala amavam seus pais. Pois eles os criaram, pois eles os ensinaram á criar. ¹³ E Aghrian e Gheala não queriam vê-los sofrendo. Pois a solidão era o pior que podia acontecer para os Yurtvyans, pois há muito eles aprenderam a nutrir gosto pela companhia. ¹⁴ Portanto Aghrian e Gheala combinaram de não deixarem seus pais sozinhos. ¹⁵ E assim se fez. Aghrian passou a visitar seu pai todo dia, e a presença de seu filho, mesmo que por um curto período de tempo, é o suficiente para fazer Dagden brilhar com toda sua força. Portanto quando olhamos para o céu e vemos o sol, é Aghrian que está á visitar Dagden.
¹⁶ E Gheala passou a visitar sua mãe toda noite, e a presença de sua filha, mesmo que por um curto período de tempo, é o suficiente para fazer Nychta brilhar com toda sua força. Portanto quando olhamos para o céu e vemos a lua, é Gheala que está á visitar Nychta.
¹⁷ Eis que se cria o ciclo do dia e da noite.
¹⁸ E após muitos meses Timthryall e Psevda deram origem á uma nova presença, elas a chamaram de Ekdísiãn. ¹⁹ E os Yurtvyans tiveram a noção de vingança. ²⁰ E Dagden e Nychta tiveram noção de vingança.
²¹ e Dagden e Nychta juraram vingança.
²² E o pai do sol e a mãe da lua começaram á planejar uma vingança. Eles conversaram com Aghrian e Gheala e os informaram á respeito de suas vontades. ²³ Porém Psevda ficou sabendo dos planos de Dagden e Nychta. ²⁴ E ela conversou com Aghrian e Gheala e Dagden e Nychta e os tranquilizou dizendo que ela e os demais irmãos já tinham um plano para liberta-los, eles apenas estavam esperando o momento certo para botá-lo em prática. ²⁵ E novamente Dagden e Nychta e Aghrian e Gheala acreditaram em Psevda.
²⁶ Porém as mentiras de Psevda não iriam prejudicar apenas o dia e a noite, nem apenas o sol e a lua.5 Muito tempo após a explosão de Alheimmurin, Aghrian e Gheala conceberam uma nova presença, eles a chamaram de Synek, e os Yurtvyans tiveram a noção de ciclos.
² Ademais Synek e Timthryall conceberam três novas presenças.
³ A primeira foi chamada de Verloren. Ela olhava para trás e sonhava com o ontem. Ela lamentava a explosão de Alheimmurin. E os Yurtvyans tiveram noção de passado. ⁴ A segunda foi chamada de Anlaryr. Ela olhava ao redor e sonhava com o hoje. Ela amava suas irmãs, mas não as podia tocar. E os Yurtvyans tiveram noção de presente.
⁵ E a última foi chamada de Maákrya. Ela olhava pra frente e sonhava com o amanhã. E ela sorria e chorava com o que ainda viria á ser. E os Yurtvyans tiveram noção de futuro.
⁶ E os Yurtvyans não paravam de surgir, portanto eles precisavam se organizar.
⁷ E eis que Mitéra concebeu uma nova presença, ela a chamou de Mátthayr, e os Yurtvyans tiveram noção de Terra.
⁸ E eis que Mátthayr concebeu seis novas presenças.
⁹ primeiro ela disse. " E eis que crio Himlen para que acima da terra haja um manto azul que se estenderá infinitamente, esse manto se chamará céu e separará a terra de Alheimmurin." ¹⁰ E assim se fez.
¹¹ Depois ela disse. " E eis também que crio Nifhytel para que ao redor da terra haja um manto azul que se estenderá infinitamente, esse manto será chamado de oceano, porém ele nunca se encontrará com o céu." ¹² E assim se fez. ¹³ Novamente ela disse. " E eis também que crio Angin, e sob o céu e sobre a terra e o oceano soprará um sopro, e esse sopro será chamado de vento." ¹⁴ E assim se fez. ¹⁵ Depois ela prosseguiu " E eis que crio também Heldur, e ele trará um poder destrutivo inimaginável, esse poder será quente, assim tudo que criamos poderá ser facilmente desfeito, esse poder será chamado de fogo." ¹⁶ E assim se fez.
¹⁷ Novamente ela continuou. " E eis que crio também Helladna, e ela trará um poder de preservação inimaginável, assim tudo que criamos poderá ser facilmente mantido, esse poder será chamado de gelo." ¹⁸ E assim se fez.
¹⁹ Disse então ela por fim. " E eis que crio por último Skalys, ele será responsável pelas criações mundanas desse nosso novo lar, haverá, pois, as construções. ²⁰ E todas essas criações serão nosso novo lar, e esse nosso novo lar será chamado de Varlyd."
²¹ E eis que Varlyd existia, eis que o lar dos Yurtvyans existia. ²² E em Varlyd Skalys criou um templo tão alto que ele perfurava o manto azul chamado de céu. ²³ E o templo possuía 800 x 8 torres. ²⁴ E cada torre possuía 800 x 8 janelas.
²⁵ E o templo era grande o suficiente para servir de lar para todos os Yurtvyans existentes e mais 80 possíveis gerações de Yurtvyans que pudessem surgir.
²⁶ E no templo ele criou uma forja enorme e a chamou de "A forja de tudo" para que ele pudesse construir qualquer coisa que os Yurtvyans pudessem pedir. ²⁷ E a partir daquele momento a criação viria á tornar-se mais frequente.
²⁸ E eis que Mátthayr percebeu que faltava algo em Varlyd. ²⁹ E eis que Mátthayr, notando o vazio que se estabelecia no lar dos Yurtvyans, disse. ³⁰ " E eis que acima das terras e abaixo dos céus haverá um manto, esse manto será verde, e o vento não mais acariciará o nada. E que surjam as árvores e que suas folhas balancem ao vento, e que surja a grama para que nossos passos sobre estas terras sejam gentis, e que surjam as plantas, e que surjam as flores, e que a terra se encha de uma beleza indescritível, e eis que crio Amalar." ³¹ E a partir daquele momento, os Yurtvyans tiveram a noção de flora.
³² Mas a beleza da flora não foi suficiente para satisfazer Mátthayr. Então ela disse.
³³ " E eis que sobre a terra haverá seres viventes. E sobre a terra caminharão seres viventes. E crio os animais, e crio as espécies, e que eles se reproduzam dentro de vossas espécies. E que algumas espécies se nutram do manto verde que se estende sobre a terra. E que algumas espécies se nutram das espécies que se nutrem do manto verde que se estende sobre a terra. E que algumas espécies caminhem sobre a grama verde, e que seus passos sobre a terra sejam gentis. E que algumas espécies sejam aladas, para que cruzem os céus, mas que elas encontrem repouso sobre a terra. E eis que crio Talara". ³⁴ E a partir daquele momento os Yurtvyans tiveram noção de fauna.
³⁵ Talara e Amalar eram diferentes dos demais Yurtvyans. Pois os Yurtvyans começaram como presenças, depois criaram formas físicas, mas somente após desenvolverem a visão das cores. ³⁶ Porém Talara e Amalar possuíam formas físicas menores do que a dos demais Yurtvyans. E Talara e Amalar eram mais próximas do que os demais Yurtvyans, portanto elas viviam tão próximas quanto o mar e a terra.
³⁷ Por virem da criação Talara e Amalar podiam também criar. Então elas, juntas, criaram um animal diferente.
³⁸ E eis que elas criaram uma espécie de coelho. Porém sua pelagem era constituída de folhas de Murmo, uma árvore frondosa cujas folhas podem ter diferentes cores, a pelagem do coelho era violeta, e seu nome era Hímar, e Talara e Amalar amaram sua criação.6 Mas sem criação, tudo estagna.
² E eis que Mitéra continuou criando. E eis que Mitéra criou Neodrach, e eis que os Yurtvyans tiveram noção de justiça. ³ Mas Neodrach era ingênua, portanto era facilmente enganada. Porém a criação deveria continuar.
⁴ E eis que Mitéra criou Emfanisy, e eis que os Yurtvyans tiveram noção de beleza. ⁵ E eis que o vazio se tornava algo distante. E aos poucos o início sumia, e se tornava apenas um sussurro de Verloren, que, muitas vezes, ponderava sobre tudo que se criou.
⁶ E eis que as Yurtvyans tiveram noção de beleza. E eis que as Yurtvyans perceberam que Emfanisy era belo. E eis que as Yurtvyans passaram a almejá-lo. ⁷ Porém não havia ninguém tão belo quanto Emfanisy, portanto ninguém o atraia. ⁸ E as Yurtvyans tentavam cortejá-lo. Porém, de todos os ângulos que ele olhasse, ninguém era bela o suficiente. ⁹ Até que certo dia, em um passeio pelas planícies, Emfanisy botou os olhos em alguém que ele julgou perfeita, antes mesmo dos Yurtvyans possuírem noção de perfeição. ¹⁰ Seus olho repousaram sobre Theseya, a Yurtvyan mais bela que Emfanisy teve o prazer de contemplar. ¹¹ E Theseya também se apaixonou por Emfanisy, e eles se tornaram o casal mais belo de Varlyd.
¹² Porém, para o azar de Theseya, sua felicidade atraiu a inveja de Psevda, que não tardou para armar um plano.
¹³ Certo dia em um passeio pelo templo, Psevda visitou os aposentos de Kodlar. E Psevda pediu um pouco de sua aíma. ¹⁴ Porém Kodlar estranhou aquele tão inusitado pedido. Porém Psevda, novamente utilizando de sua noção de mentira, disse que ela apenas queria fazer um jogo. ¹⁵ Então Kodlar aceitou. Ele pegou uma lâmina de diamante e fez um corte em sua mão, então sua aíma prateada escorreu e encheu uma cumbuca de barro.
¹⁶ Psevda agradeceu e se retirou. Dali ela prosseguiu até uma floresta próxima. Onde ela pegou uma folha amarela e, utilizando-se de suas palavras, ela conversou com a folha, a convencendo de que na verdade ela era uma lâmina de rubi, e assim se fez. ¹⁷ Então ela se aproximou de uma saoã, uma árvore frondosa, de tronco branco e folhas amarelas ou rosas. Com a lâmina ela fez um corte na árvore, então sua seiva translúcida com uma tonalidade roxa escorreu. ¹⁸ Então Psevda encheu as duas cumbucas com a seiva da saoã. O cheiro doce da seiva era o suficiente para alegrar um dia triste, e o sabor era doce e apimentado.
¹⁹ Então Psevda despejou a aíma de Kodlar em uma das cumbucas e seguiu para o quarto de Theseya. No caminho de volta Psevda pegou duas cobras e, novamente se utilizando de suas palavras, as convenceu de que elas eram grilhões de prata.
²⁰ Ao chegar Psevda foi bem recebida por sua irmã, que sequer desconfiava de suas vontades.
²¹ Psevda aproveitou-se da ingenuidade da luxúria, então ela cumprimentou Theseya com um beijo na testa, sentou-se em uma cadeira de ouro e repousou as cumbucas em uma mesa de madeira marrom. ²² Então, com um sorriso traiçoeiro, convidou a irmã para um jogo. Uma simples competição de bebida, quem conseguisse beber o conteúdo da cumbuca primeiro, seria a vencedora. ²³ Theseya, com um sorriso de felicidade por ser convidada para um jogo por sua irmã, aceitou.
²⁴ Então Psevda lhe entregou a cumbuca com a aíma de Kodlar. Theseya a virou de um só gole. Então, ainda com um sorriso em seu rosto, adormeceu.
²⁵ Psevda aproveitou o momento, pegou os grilhões de prata e os prendeu aos braços e pernas de sua irmã.
²⁶ Ademais ela a levou para uma cachoeira, atrás da mesma havia uma caverna, lá Psevda a exilou. Os grilhões de prata eram tão resistentes que ela tinha certeza que Theseya nunca conseguiria sair. ²⁷ Por fim Psevda tomou a forma de Theseya e saiu da caverna, ela foi diretamente se encontrar com Emfanisy.
²⁸ E naquele dia Ela voltou para o templo e entrou no quarto do Yurtvyan da beleza. E eles tiveram uma noite de falso amor.
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O Yorvadãn: A Bíblia de Varlyd
RastgeleA história do mundo onde se passam todas as minhas histórias, da gênese ao surgimento dos Insondáveis.