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— Com todo o respeito, a senhora cometeu um crime federal. Não acredito que uma pastilha de menta vá resolver o problema. E, pela última vez, não, seu cachorro não pode servir como testemunha de seu bom caráter.

— É só porque ele é francês, não é? — Vovó assentiu com ar de quem sabe das coisas.

LAUREN

Eu precisava de um saco de papel e da chance de fazer tudo outra vez, no estilo de De volta para o futuro. Me recostei na porta e respirei fundo algumas vezes antes de abrir os olhos.

Camila.

Tinha que ser Camila. De todas as malditas mulheres solteiras naquele casamento, meus ovários tinham que decidir se jogar dentro da calça dela? Sério? Será que eu estava tão desesperada assim?

Não fazia sentido! Passei a maior parte do banho tentando entender a lógica da situação em que me encontrava.

Era porque ela tinha me salvado alguns anos antes? Será que eu ainda estava apegada àquele amor perdido? Para ser sincera, se ela não tivesse fugido como uma menininha apavorada, eu provavelmente teria fugido. Fiquei aterrorizada, senti coisas que nenhuma garota de dezoito anos deveria sentir. Passei a maior parte do primeiro ano da faculdade pensando naquele beijo. Pensando nos lábios dela colados aos meus e me perguntando o que teria acontecido se Camila tivesse ficado, em vez de ter saído correndo.

Mas ela foi embora, e eu nunca mais a vi.

Só no ano seguinte me dei conta de que ela não frequentava minha escola.

Enfiei o cabelo atrás da orelha, constrangida.
 Será que ela tinha me reconhecido?
Será que sabia quem eu era?

Por que nunca nada normal acontecia comigo? Eu poderia ter esquecido qualquer outra garota , mas não ela.

Meus olhos ardiam, meu corpo doía, eu estava morrendo de fome e parecia que tinha sido atropelada por um caminhão. Respirando fundo para me acalmar, busquei em minha mente as lembranças da noite anterior.

Nós estávamos no casamento.
Nós tínhamos bebido.

Será que ela se lembrava de alguma coisa? Ou eu era a única idiota comedora de biscoitos que apagara no meio da noite de diversão?

Eu não ia surtar. Não podia surtar. Ha-ha-ha. Estava oficialmente ficando maluca. Ligar para minha irmã não era uma opção. Ela não só ficaria bem desapontada como também devia estar ocupada fazendo as malas para a lua de mel.

Dando um passo para longe da porta, estendi o vestido com delicadeza em cima da privada e olhei para ele.

Aquele vestido tinha me traído.

Vovó Indra tinha prometido que ele faria milagres. Ela literalmente disse: “Lauren, confie na vovó. Ela já cuidou de tudo para você”.

Cuidou de tudo uma ova.

Eu deveria ter percebido que vovó Indra tinha uma carta na manga. Afinal de contas, a mulher se metia na vida de Deus e o mundo, pensando que sabia o que era melhor para todos. Parecia um cupido, mas usava estampa de leopardo em vez de corações e, mesmo em seu pior dia, conseguiria deixar a CIA no chinelo.

O vestido fez cara feia para mim.
Fiz cara feia de volta.

O tecido brilhoso lembrava meu vestido de formatura. Era branco e parecia digno de uma princesa. Senti meu estômago embrulhar com a lembrança...

Flashback on

— Quer dançar comigo? — Keana estendeu a mão.

Depois de pegar meu queixo, que tinha caído no chão, e recuperar o fôlego, segurei a mão dele e me inclinei contra seu peito ao som de “Crazy”, de JoJo e K-CI, que saía dos alto-falantes.

The Charllenger. Temp 2 (CAMREN)Onde histórias criam vida. Descubra agora