Capítulo II

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''O vento gelado de Londres atingia meu rosto de forma brusca, fazendo com que meus cabelos ficassem mais bagunçados do que eles são naturalmente. 

Eu conhecia aquele parque, eu costumava vir aqui com meu pai. Ele me buscava na escola, então sempre vínhamos aqui jogar bola, até anoitecer. Mamãe ficava louca de preocupação conosco. 

Mas isso ainda não fazia sentido. Eu sabia que era um sonho, porque eu não me lembro de sair do meu quarto e vir até aqui. E eu nunca venho aqui. Não mais. 

- Lauren? - Escutei uma voz familiar e infantil me chamar, procurei por ela, mas eu só vi o vazio do parque. O dia estava totalmente nublado e eu tinha certeza que começaria a chover logo. 

- Quem está me chamando? Tem alguém aqui? - Gritei para o nada. Comecei a andar à procura de alguém, mas nada encontrava. Até que me deparei com uma criança sentada em baixo da árvore. Olhei para a menininha sentada, me agachei e coloquei a mão em seus ombros. 

- Você esta perdida? - Perguntei de forma doce. Alguns segundos se passaram, até a garotinha se virar e me olhar. Segurei o ar ao perceber que aquele era eu. Eu com dez anos de idade. 

- Lauren? Você me encontrou! - A pequena disse sorrindo para mim, enquanto se jogava em meus braços. 

-Mas.. mas.. você sou.. eu? - Perguntei confusa, encarando a garotinha de olhos verdes. Ela sorriu. 

- Se lembra de quando vínhamos aqui todos os dias, Lauren? - Ela se sentou, me puxando junto. Sentei ao seu lado e a encarei, ainda confusa. 

- Eu lembro.. o que.. como isso é possível? 

- Muitas coisas que nem imaginamos são possíveis. - Ela respondeu de forma simples, sorrindo. 

-O que isso significa? Por que estou sonhando comigo mesma há sete anos? 

-Eu não sei, Lauren. Eu sou apenas um fruto do seu subconsciente. 

- Ainda não entendo.. - Respondi sincera, a confusão iminente em meus olhos. 

- Tem coisas que nós nunca vamos entender. Você tem lembranças fortes desse parque, após a morte do nosso pai, nunca mais viemos aqui. Talvez você só esteja sentindo saudades daquela época. - A pequena respondeu de forma sábia. Fechei os olhos enquanto memórias minhas com meu pai passavam por minha mente. Senti minhas bochechas molhadas e percebi que estava chorando. 

- Eu sinto saudades de como as coisas eram. - Murmurei, enquanto um soluço escava por minha garganta. 

- Sabe, Lauren, nada acontece sem motivo. Nosso papai ter partido não significa que ele nunca mais vai existir. Ele sempre estará vivo em nossas memórias. Mas você não pode ficar presa ao passado. Você precisa começar a viver sua vida. - Ela encostou a cabeça em meu ombro. 

- Eu tenho medo... 

- Todos temos medo. Às vezes, só precisamos esquecer-nos dele. - Respondeu, então ouvi alguém me chamando. Ou chamando ela. Eu realmente não sei dizer. 

- Lauren? MINHA FILHA! Eu estava te procurando. - Um homem de aparentemente 38 anos disse, enquanto pegava Lauren - a pequena - nos braços. 

Pai. Senti mais lágrimas molhando minha bochecha enquanto o via abraçando a pequena, me lembrando desse dia. Eu estava sonhando uma memória. Sonhando o dia em que eu havia fugido dele, por não ter me comprado um algodão doce, e então havia ido sentar embaixo daquela árvore. 

Foi à última vez que fomos ao parque. 

- Desculpa, papai. Eu prometo que nunca mais vou sair de perto de você! - Ela (ou eu, isso é realmente confuso), disse. Papai olhou pra ela e sorriu, dando um beijo na testa da pequena. 

- Tudo bem, vamos pra casa. - Mike disse com um sorriso doce nos lábios. Olhei para ele. Ele já estava cansado nessa época e eu nem havia me tocado. Estava pálido, seus lábios quase não possuíam cor e ele estava extremamente magro. Mas ainda tinha aquele brilho no ar. O brilho que eu recordava. 

- Ta bom! Mas espera um minuto. Vai indo na frente! 

- Laur..

-Vai papai, só um minutinho! - A garotinha pediu com uma carinha adorável, que fez seu - nosso - pai sorrir e suspirar. 

-Ta bom, princesa. Só um ''minutinho'', hein? - Dito isso ele foi indo na frente e sumiu do meu campo de visão. 

- Eu vim te dar tchau, Lauren! Não esquece do que eu disse, ta? - Falou com uma voz bem infantil. - O papai não quer ver a gente triste nunca. Ele vai ficar feliz se ver que a gente ta feliz, não importa como ou com quem. 

Falando isso ela me deu um beijo na bochecha e saiu correndo, sumindo entre a névoa branca que havia se formado. Fechei os olhos e encostei minha cabeça na árvore, apenas deixando as lágrimas caírem por meu rosto e pensando em tudo que havia acabado de acontecer. ''

Acordei assustada. Meu coração estava acelerado e meu rosto molhado. Eu havia chorado enquanto dormia. Eu havia sonhado com meu pai. Sonhado uma memória.

- Lauren? - Olhei assustado para o meu lado e vi Taylor sentada em uma cadeira ao lado de minha cama. Sua mão em cima da minha perna e seu olhar preocupado.

- O que.. o que faz aqui, Taylor? - Perguntei com a voz rouca e embargada.

- Escutei você soluçando e entrei para ver o que estava acontecendo.

- Soluçando? Me escutou? Que horas são? - perguntei confusa.

- São 3h40, Lauren. Eu e Ashton decidimos dormir aqui, eu fiquei preocupada com você quando saiu correndo do jantar. Está tudo bem? - Um sorriso doce estava em seu rosto e ela limpava as lágrimas que estavam em minhas bochechas.

- Eu tive um sonho estranho. - Murmurei enquanto um soluço escapava de meus lábios. Fechei os olhos com força e suspirei.

- Sonhou com ele? - Taylor sorriu triste.

- Sim, mas.. eu também estava no sonho. Eu atualmente e eu com dez anos. Eu sonhei com a última vez que fomos ao parque e foi estranho. Pois o ''eu'' pequena conversava comigo e me falava algumas coisas como se quisesse me transmitir algum tipo de mensagem. - Desabafei com Taylor. Ela, Niall e Liam sempre foram os únicos com os quais eu sempre conversei sobre qualquer assunto. Eles sempre faziam de tudo para me entender.

- Talvez papai estivesse te mandando uma mensagem, através do sonho. - Taylor deu um meio sorriso, enquanto passava as mãos por meus cabelos. Fechei os olhos, apenas sentindo o carinho que ela transmitia.

Fazer carinho nos cabelos de alguém deveria entrar para a lista das maravilhas do mundo.

- Tay?

- Sim?

- Dorme comigo? Por favor.. - Pedi timidamente, ela me olhou espantada e sorriu. Fazia alguns anos que eu não lhe pedia isso.

- Claro que sim, Laur. - Falou sorrindo enquanto deitava na cama, eu era mais alta que ela, mas isso não me impediu de deitar minha cabeça em seu colo e ela apenas colocar um braço em volta da minha cintura, enquanto mexia em meus cabelos de forma carinhosa. Cantarolando a música que quando eu era pequena ela cantava para eu dormir sem pesadelos.


-x-

ai gente ):

eu resolvi que a história vai se passar em londres mesmo pq quem nao ama londres ne???? lá é lindo


Nobody Sees ↣ camren versionOnde histórias criam vida. Descubra agora