Sweet escape

𝗖𝗮𝗽í𝘁𝘂𝗹𝗼 𝗙𝗼𝘂𝗿

Há coisas sobre as quais quero conversar, mas é melhor eu esquecer
Mas se você me abraçar sem me machucar
Você será o primeiro a fazer isso

Lana Del Rey - Cinnamon Girl

Sábado
25 de fevereiro
2020

Dirijo distraidamente o meu carro pelas ruas de Boston. O relógio marca 21:30, com a música, Cinnamon Girl, de Lana del Rey tocando alto. Seguro o volante com força, enquanto canto a plenos pulmões. Ouvir música - e principalmente as músicas dessa Deusa, que habita na Terra - me traz sensações indescritíveis. Me sinto viva!

Verifico o endereço entre um verso e outro, só para ter certeza de que não estou me distraindo com a música, quando constato que faltam apenas alguns poucos minutos, relaxo.

Estou indo participar de mais uma corrida ilegal. Não me orgulho muito do que estou indo fazer, mas a adrenalina que isso me causa, faz com que eu me esqueça dos riscos e consequências que isso traria para o meu futuro. Eu simplesmente, amo todo esse perigo. As vezes fico me perguntando se há algo de errado comigo, por não me importar com todo esse perigo. É estranho, pois ele não me repele, apenas me atrai.

Os rachas são organizados com auxílio da internet, em redes sociais e através do celular, pois obviamente quem os organiza quer evitar chamar a atenção da polícia.

Hoje, coloquei algumas das minhas coisas em caixas e agora estão no meu porta malas. Meu pai e eu continuamos a não nos entender então, decidi que sairia de casa para morar com Emma. Nossa relação não melhorou desde que eu disse que estava disposta a sair de casa.

Oras, já estou quase me formando, isso em algum momento iria acontecer. Eu me dei um empurrãozinho. Agora só preciso da colaboração da minha melhor amiga.

Desisti da ideia estúpida de morar com minha mãe, porque, cacete eu nem sei se aquela mulher está viva. Mas ao mesmo tempo acredito que esteja, pois se estivesse morta, eu já estaria sabendo. É como dizem, notícia ruim corre rápido.

Inicialmente, achei de verdade que fosse dar certo, mas depois, percebi que a ideia só surgiu na minha mente porque eu queria afetar meu pai. Mostrar a ele que, sua decisão estava errada, tão errada que sua única filha, preferia morar com a mãe que a abandonou do que conviver com ele e sua nova namorada. Bufo irritada, por deixar esses pensamentos atrapalhar esse momento de paz que estou tendo.

Saio dos meus devaneios assim que avisto os carros e motos. Há muitas pessoas no beco mal iluminado que leva para um grande estacionamento abandonado. Saio do carro e procuro Emma com o olhar, encontro a loira junto com um grupo de pessoas bebendo e fumando. Ela me avista, se põe de pé correndo na minha direção. Parece aliviada e também irritada.

- Qual é o seu problema? - esbraveja me abraçando - Estou tentando entrar em contato com você, desde a festa! Se não fosse pela, Lana para me avisar que você estava viva, eu não saberia! Nem quando fui na sua casa te encontrei! - se afasta segurando os meus ombros - O que diabos aconteceu, Liase?

Respiro fundo.

- Podemos não falar sobre isso, agora? - pergunto murchando meus ombros - Prometo que vou explicar tudo, mas agora, só posso te pedir desculpas por ter sumido.

- Você me deixou muito preocupada, sua vaca! - ela acerta um tapa no meu braço.

- Aí, doeu! - reclamo esfregando minha mão no local.

- Era para doer mesmo! - cruza os braços.

- Vamos lá, não fique brava comigo, Emmazinha. - brinco.