𝐀𝐭𝐞 𝐦𝐞𝐬𝐦𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬 𝐝𝐨 𝐟𝐢𝐦

827 29 113
                                    

Eu e meu amado somos a mesma pessoa

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu e meu amado somos a mesma pessoa.
Ele se assenta e se alimenta de minha alma,
Eu me assento e me alimento de seu sangue,
E então, temos os mesmos nervos e os mesmos ossos.
Os olhos que me fitam do abismo, são idênticos aos que me pertencem na beira do precipício. São eles que sussurram em uníssono:
Meu.
🗝️


Até certo ponto, Pedri concordava que todas as pessoas possuíam um ou dois conhecidos diagnosticados com o que costumava apelidar de "noite escura da alma", no entanto, aquela estava sendo a primeira vez que assistia in loco, e visualizava com seus próprios olhos alguém sob o jugo daquela terrível maldição.

- Gavi? - chamou baixinho por ele enquanto empurrava timidamente a porta da pequena casa, a qual possuía um quintal bastante limpo e um adorável jardim. - Estou entrando.

O menino sempre mencionou o desejo de viver em um ambiente quieto, onde pudesse ser ele mesmo sem se preocupar com muitas coisas. Ele queria poder ter uma roseira e cultivar uma pequena horta.

Por isso, enquanto caminhava pela sala de estar minimalista, o vampiro realizava uma nota mental de que ajudaria o menor a criar vida naquele espaço, ainda virgem, coberto por grama e ervas daninhas.

Contudo, quando empurrou a porta de madeira escura e prendeu o fôlego, percebeu a figura magra e pálida, completamente nua em cima da escrivaninha.

Gavi estava curvado sobre o próprio corpo e se perdia em um choro compulsivo e silencioso enquanto levava as mãos até os cabelos cheirosos e sedosos.

Seus dentes estavam cerrados e cravados firmemente uns nos outros, resultando no maxilar rígido e tenso, como se mordesse desesperadamente alguma coisa.

O moreno libertou o oxigênio de seus pulmões e fechou os olhos. Ele não sabia o que fazer, mas desde quando conheceu os olhos melancólicos e bonitos do outro sabia que aquele dia chegaria: o dia de encontrar-se com os fantasmas de seu amado. No entanto, ele não se sentia assustado. Estava disposto a abraçar Gavi por completo e isso também significava acolher a escuridão que habitava em si.

- Pablo... - abraçou-o em um ímpeto, sentindo-o agarrar seu corpo de volta, escondendo o rosto choroso em seu peitoral. Ele esfregava a cabeça em seu corpo como um gatinho indefeso e isso fez com que a garganta do maior coçasse e que seus olhos se tornassem marejados também.

- O mundo é uma selva de seiva brutal. Ela é desprovida de leis que alimentem um coração humano como o seu. Ao invés disso, os caules de suas árvores de plástico expelem veneno. - beijou o topo de sua cabeça, perdendo-se no aroma delicioso que se desprendia dos fios lisos. - Mas de repente, todas essas coisas se dissipam e você até mesmo se esquece que algum dia elas existiram. Sabe por que?

Naquele momento, Pedri afastou os braços ossudos dele de seu corpo para levar as mãos até o rosto pequeno e fitá-lo nos olhos. Embora estivesse desmoronando por vê-lo em crise, manteve um sorriso confiante e firme, pois sabia que assim poderia acalmá-lo.

𝐁𝐞𝐢𝐣𝐨 𝐝𝐚 𝐦𝐨𝐫𝐭𝐞↝ᵍᵃᵈʳⁱOnde histórias criam vida. Descubra agora