Eu posso confiar em você?

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Eu estava perdida em meus pensamentos, observando o mundo lá fora através da janela do meu quarto. De repente, o ranger da porta que se abria interrompeu minha tranquilidade. Olhei na direção do som e lá estava minha mãe, olhando para mim com curiosidade. "Filha, você não vai para a aula?" sua voz suave quebrou o silêncio. Fiquei momentaneamente desconcertada, buscando uma resposta coerente. Seus olhos se fixaram nos meus, esperando pacientemente por uma resposta. "Vou sim," consegui dizer, embora meu estado de confusão persistisse. 

Continuo tentando entender o que aconteceu naquele instante, mas sinto que há algo mais profundo por trás disso. Para desvendar esse mistério, sei que preciso reencontrar aquele rapaz novamente. Levanto da minha cama pensando se deveria contar para alguém oque havia acabado de acontecer, mas suas palavras vem em minha cabeça ''Olha, nunca conte nada disso para ninguém, nem para a pessoa que você mais confia.'', e agora? Oque devo fazer? Me pergunto.

Após me arrumar, vou até a cozinha, onde encontro minha mãe. Ela sorri e me pergunta: "Vai com o Noah?", Com um pedaço de pão na boca, eu respondo: "Bem, acho que sim, vou passar na casa dele, mas pode ser que ele já tenha saído." Enquanto mastigo o pão, ela tranquilamente organiza as coisas na cozinha e acrescenta: "Está bem, querida. Cuide-se."

Enquanto eu saia de casa comecei a observar em cada lugar, por que tudo parece tão vibrante e colorido? O mundo diante dos meus olhos parece ter se transformado, como se algo em mim se alterasse. No entanto, uma sensação de inquietação toma conta de mim. Enquanto caminhava perdida em meus pensamentos, sou surpreendida por Noah, que cobre meus olhos com suas mãos. "Aonde a jovem perdida está se dirigindo?" Ele brinca. Olho para ele e, mais uma vez, surge a dúvida: será que posso confiar nele? Ele sempre esteve ao meu lado... tenho certeza de que ele jamais me faria mal. ''Estava indo te buscar, estamos atrasados!'' digo olhando para seus olhos verdes nos quais estava fixamente me olhando.


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''Hoje você está diferente...parece mais feliz que o normal, oque aconteceu com aquela pessoa que só reclamava em cada manhã?'' Ele continua a olhando. Eu não posso contar para ele agora, preciso descobrir oque é tudo isso que está acontecendo, eu preciso ter certeza...eu o respondo, ''Impressão sua, continuo a mesma, aliás fez o dever de casa? Fiquei com preguiça e acabei nem fazendo'', eu entrego minha mochila para Noah, ''Hoje é sua vez de levar'', Noah começa a rir, ''Já estava achando estranho, você continua a mesma de sempre.''

Então seguimos até a escola, pelo mesmo caminho de sempre, mas algo me incomodava...ele estava mais calado do que nunca, e eu sabia que algo estava acontecendo...por que ele ainda não disse nada?, ''Noah, aconteceu algo? Você está muito calado!'', Ele responde com uma pitada de brincadeira: "Uau, será que sentiu tanto a minha falta que não aguenta um momento de silêncio?" Eu reajo empurrando-o levemente e digo: "Pare de ser bobo." Ele sorri e finalmente comenta: "Estava apenas pensando, não é nada demais."

Até acho estranho quando ele fica calado por muito tempo, já que ele não para quieto nem por um segundo. Continuamos a caminhar até a escola e, de repente, comecei a sentir uma dor de cabeça intensa, que me deixou tonta por alguns segundos, o dia mal começou, pensei. Então chegamos na escola, e na portaria estava os amigos de Noah que o esperava, e como sempre o grupinho de garotas que admirava ele, não consigo entender como essas garotas consegue ficar o tempo todo correndo atrás dele, pobre coitado.

"Chloe, você já está indo para a sala?" Noah pergunta, "Sim, estou com um pouco de dor de cabeça, tenho certeza de que seus amigos vão ficar gritando no meu ouvido", respondi, enquanto pegava minha bolsa que estava em seu ombro. ''Ei como assim, o combinado é levar nossas mochilas até a sala, vamos eu tenho um remédio para dor de cabeça.'' Noah cumprimenta seus amigos de longe enquanto me acompanhava até a sala de aula. 

Noah me acompanhou até a sala de aula, e enquanto íamos em direção ao local, eu sentia os olhares das meninas penetrando minhas costas. Esse tipo de atenção sempre foi direcionado a mim por causa dele, afinal, ele era um dos mais populares. Ao chegarmos à sala, ele colocou ambas as nossas mochilas na mesa e começou a buscar pelo remédio para dor de cabeça que estava guardado na sua mochila.

Enquanto Noah procurava o remédio na mochila, eu observava discretamente as reações ao nosso redor. As meninas sussurravam entre si, lançando olhares curiosos e sorrisos furtivos, como se estivessem comentando sobre nós. Era inevitável sentir a pressão desse tipo de atenção, especialmente porque eu nunca me senti confortável com os holofotes.

Finalmente, Noah encontrou o remédio e exibiu um sorriso triunfante. Ele brincou comigo sobre como sempre estava preparado para qualquer situação e como seu kit de primeiros socorros pessoal nunca o deixava na mão. Ri baixinho, agradecendo-lhe por ter o remédio naquele momento exato.No entanto, no fundo, eu sabia que havia mais na nossa amizade do que apenas aparências. Noah sempre foi genuíno comigo, preocupando-se com meu bem-estar. Enquanto ele sorria e interagia com os colegas ao redor, eu me sentia grato por ter alguém como ele ao meu lado.

Enfim o recreio chegou e Noah como sempre usava o intervalo para jogar xadrez com seus amigos de outras turmas. Além de ser bonito, ele também era bastante inteligente, o que me diferenciava, pois eu me sentia tão comum quanto qualquer outra garota. Pelo menos, minhas notas eram boas graças a ele, passávamos madrugadas estudando juntos e ele sempre estava lá para me ajudar. Então fui para a fila comprar algo para comer, e por incrível que pareça estava enorme hoje, quando chegou minha vez, meu suquinho favorito havia acabado, oque me deixou um pouco triste, no entanto, decidi não dar muita importância a isso e acabei comprando algumas rosquinhas que pareciam deliciosas. 

Após a compra, retornei à minha sala e deparei-me com um grupo de garotas formando uma roda. Elas haviam me lançado olhares ao longo das aulas. Caminhei diretamente para minha carteira, ansioso para saborear minhas rosquinhas. No entanto, três delas interromperam meu caminho, bloqueando minha visão. Uma das meninas se adiantou, abordando a questão de forma direta: "Oi, nós sabemos que você e o Noah não têm nada, então, que tal nos passar o número dele? Acredito que você não se importaria, certo?", Já estava exausta dessa situação, pois não era a primeira vez que enfrentava algo assim. Agi rapidamente e respondi: "Ele prefere não compartilhar o número com pessoas que não conhece. Sugiro que conversem diretamente com ele." Com essa resposta, contornei o grupo e segui em direção à minha carteira, onde coloquei as rosquinhas sobre a mesa.

Sentei em minha carteira e comecei a saborear as rosquinhas. A conversa das garotas diminuiu e logo elas se dispersaram, voltando aos seus afazeres. Quando o intervalo chegou ao fim, Noah entrou na sala. Seu olhar se fixou imediatamente aos meus, que estava prestes a finalizar o último pedaço da minha rosquinha. No momento em que ele percebeu, ele se apressou em minha direção, chegando à minha mesa com uma expressão ansiosa. "Onde estão as minhas rosquinhas?" Noah perguntou de forma direta. Com um suspiro, eu expliquei que já tinha comido todas as rosquinhas e que o pedaço restante era o último. 

Ele me olhou de forma dramática, fazendo uma careta de "gato molhado", e brincou: "Então é assim que se sente ao ser traído?", comecei a rir, ''Estava com tanta fome que acabei nem pensando, me desculpa! Prometo que guardarei uma para você na próxima vez.'', falei olhando em seus olhos. Noah riu suavemente. "Não precisa se preocupar tanto com isso. Apenas prometa que, da próxima vez, você vai deixar pelo menos uma migalha para mim. "Chloe sorriu, reconhecendo a brincadeira. "Combinado, Noah. Vou garantir que você tenha sua cota de migalhas."


Continua...

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