Assim que as aulas terminaram, Noah e eu dirigimos à saída quando ele recebeu uma ligação em seu celular. "Alô? Ah, certo. Diga a ele que estamos na portaria esperando", ele disse. Curiosa, perguntei: "Quem era?". Ele respondeu, ainda com os olhos na tela do celular: "Minha mãe ligou e disse que meu tio virá nos buscar."
Noah ainda estava imerso em sua conversa telefônica, e eu me peguei imaginando como seria o tio dele. Será que ele era alguém divertido e descontraído, como Noah, ou teria uma personalidade completamente diferente? De repente, minha cabeça começou a latejar novamente. "Ah, droga. Isso de novo", pensei. A dor pulsante na minha cabeça estava começando a se tornar difícil de suportar, então fechei os olhos por um momento, tentando aliviar a pressão.
Enquanto fechei meus olhos, logo o rosto que havia me esquecido veio a mente, cabelos escuros e olhos claros, era o garoto que estava em meus sonhos, no entanto, por que ele surgiu na minha mente justo agora? Antes que pudesse pensar mais sobre isso, senti um toque suave no meu ombro. Era Noah me cutucando levemente. "Vai ficar aí parada? Vamos, meu tio já chegou", ele disse. Ao abrir os olhos e voltar à realidade, notei uma súbita mudança na expressão de Noah. Seu olhar, que estava tranquilo momentos atrás, transformou-se em tensão em questão de segundos. Intrigada, me questionei sobre o motivo dessa mudança repentina.
Entramos no carro, onde o tio de Noah nos cumprimentou de maneira amigável. No entanto, não pude deixar de perceber que ele me observava pelo espelho retrovisor. Com o passar do tempo, seu semblante se fechou, e uma aura de desconforto pairou no ambiente do veículo.
Curiosa e um tanto confusa, eu me perguntei o que poderia ter causado essa mudança de comportamento. Após alguns minutos de silêncio, ele finalmente quebrou o gelo com uma pergunta que pairou no ar. "Chloe, certo? Posso perguntar algo um pouco desconfortável?", ele disse com sua voz carregada de uma seriedade que me deixou um tanto nervosa.
Ele fez uma breve pausa, como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras. "Há algo que ando buscando há muito tempo, você por acaso está se sentindo estranha? Sensações diferentes? Formigamentos na hora de dormir?", ele indagou, seus olhos fixos em mim através do espelho retrovisor.
Senti um nó se formar no meu estômago enquanto tentava compreender o que ele estava insinuando. No entanto, eu não tinha ideia do que responder. "Eu... Eu não sei o que você está falando", admiti, minha voz um pouco trêmula. Mas ao olhar para seus olhos no espelho, pude ver que era a mesma reação que Noah havia feito quando me viu hoje pela manhã.
Os olhos do tio de Noah permaneceram fixos nos meus por um momento, como se estivesse buscando algo em meu olhar. Era como se ele estivesse avaliando não apenas as palavras que eu dizia, mas também alguma pista oculta que eu poderia estar inconscientemente revelando. Ele pareceu quase hesitar antes de falar.
Ele fez um gesto como se estivesse prestes a falar novamente, mas antes que pudesse continuar, Noah o interrompeu abruptamente. "Tio, você com essas suposições de novo? Esqueça isso", Noah falou com uma expressão fria e um tom de voz que demonstrava claramente sua irritação.
O tio de Noah suspirou, parecendo resignado, e olhou novamente para a estrada. "Eu sei que você não quer se envolver, Noah. Mas há coisas que não podemos ignorar, que estão intrincadamente ligadas à nossa história."
Noah cruzou os braços e desviou o olhar, como se estivesse tentando evitar o contato visual. "Eu já disse que não quero mexer com isso, e ela não tem nada a ver com esse tipo de coisa". Enquanto o tio de Noah e ele trocavam olhares carregados de significado. Eu me sentia como uma intrusa nesse momento, uma espectadora em uma dinâmica familiar complicada e cheia de segredos.
O tio de Noah finalmente suspirou novamente e desviou o olhar do retrovisor. "Tudo bem, Noah. Se é assim que você quer, não vou pressionar mais, mas não se esqueça que esse será seu destino.", fiquei o caminho pensando em suas palavras, oque ele quis dizer com isso?
Finalmente, chegamos à casa de Noah. No entanto, minha dor de cabeça só estava piorando a cada momento que passava. Respirei fundo e tomei a decisão de ir para casa. "Noah, nós vemos depois. Vou para casa. Avisa sua mãe que em outro dia passo aqui para almoçar", disse a ele, sentindo a necessidade de me afastar da situação e descobrir o que estava acontecendo comigo.
Ele me olhou, claramente percebendo que algo estava errado. "Tudo bem. Quer que eu te leve em casa?", perguntou, sua expressão carregada de preocupação. "Não precisa, te envio uma mensagem assim que chegar", respondi rapidamente.
Com um aceno, saí do carro, sentindo a pressão da dor latejante em minha cabeça. Eu sabia que algo estava acontecendo, algo que estava além do meu controle. Caminhei lentamente em direção à minha casa, concentrando-me em cada passo enquanto lutava para lidar com a intensidade da minha dor.
Quando cheguei em casa, percebi que a porta estava trancada. Tirei meu celular da bolsa e verifiquei se havia alguma mensagem da minha mãe. Lá estava ela: "Filha, precisei sair e não sei que horas irei voltar para casa. Não se esqueça de comer algo e a chave está no mesmo lugar de sempre."
Suspirei e me dirigi-me ao local mencionado, sob o jarro de flores, onde ela costumava esconder a chave reserva. Peguei a chave e, após destrancar a porta, entrei em casa. Larguei minha mochila no sofá e dirigi-me à cozinha, seguindo o conselho da minha mãe para comer algo. Preparei um lanche simples, enquanto comia, deixei-me afundar no silêncio da casa, permitindo-me um momento de pausa para refletir sobre tudo o que aconteceu.
Após terminar de comer, tomei um remédio para aliviar a dor de cabeça. Enquanto me sentava à mesa da cozinha, refleti sobre os eventos do dia e as sensações confusas que me haviam afligido. Uma parte de mim tentava racionalizar tudo, dizendo a si mesma que talvez fosse apenas o resultado de pensar demais, de ficar presa em pensamentos e preocupações.
"Isso não é nada de mais, certo? É só coisa da minha cabeça", murmurei para mim mesma, buscando um certo conforto nessas palavras. Queria acreditar que a dor de cabeça era simplesmente uma reação ao estresse do dia e que logo passaria.
No entanto, mesmo com esses pensamentos tranquilizadores, algo dentro de mim ainda estava inquieto. Era como se houvesse uma voz sussurrando que havia mais a descobrir, que as sensações e os acontecimentos do dia estavam todos interligados de alguma forma. Mas eu precisava reprimir esses pensamentos e focalizar na perspectiva otimista.
"É só coisa da minha cabeça", repeti novamente. Levantei-me da mesa e dirigi-me ao meu quarto. Acomodei-me na cama, fechando os olhos por um momento enquanto esperava que o remédio começasse a fazer efeito. Enquanto a dor começava a diminuir gradualmente, forcei-me a pensar em coisas mais leves e relaxantes, na esperança de que isso acalmasse minha mente agitada. Com o passar dos minutos, e devido ao cansaço acumulado do dia, acabei adormecendo.
Continua...
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Last dreamer.
AdventureEm um mundo onde sonhadores são como lendas contadas de geração em geração, existe eu! Uma garota qualquer que se tornou uma sonhadora do dia para o outro, ''Mas por que eu?'' ''Por que me tornei uma sonhadora se nem para sonhar eu sirvo?'' disse fu...