Dois

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Corri feita uma maluca, ate ao começar do nascer do sol e corri por zonas e caminhos por onde nunca tinha estado. Senti-me cansada, mas senti-me mais leve do que o costume. Posso afirmar que foi uma noite e pêras.


Percorri o caminho inversamente para voltar a casa mas desta vez foi a um ritmo muito mais vagaroso pois de tanto tempo sem correr, sem ser a correrias do trabalho e de uma vida nada organizada, acho que desta vez tinha ficado bastante desenferrujada.


- '' Pronta para repetir esta nova rotina, mas não certamente começar-la a uma horas daquelas - comentei para mim mesma e ri-me alto como já não o fazia há algum tempo .


Ao vir para casa, o sol começava a sair detrás daquelas montanhas que o escondiam, certamente para não conhecer e cair por amores pela Lua pensei sempre eu e sentei me num banco ali de um jardim bem perto de casa para poder apreciar aquele pequeno momento de luz e de cores e aquecer-me naqueles raios rebeldes começavam a dar vida aquele jardim.


Penso que eram 07:15 horas da manha e eu continuava ali sentada naquele banco a apreciar e de repente de tanto silencio e cansaço passou me uma névoa de sono e sem mais nem menos adormeci ali mesmo.


Com os raios mais fortes do sol a bater me na cara e com sombras de pessoas a passar por mim. Acredito que havia alguns comentários acerca do meu estado ali a dormir, mas na verdade o que realmente acontecia era uma discussão entre um mendigo e um rapaz alto que pelo aspecto devia também a correr para manter o seu corpo saudável e sexy.


Apercebi me rapidamente que a conversa era sobre a minha pessoa e também pelo facto de o mendigo me estar a tentar roubar o telemóvel e deste jovem não o deixar fazer.


Levantei me rapidamente do banco, sem saber se estava penteada ou não e dirigi-me aquela discussão e peguei das mãos do vagabundo o meu telemóvel e tirei do casaco uma nota que por incrível que pareça estava la a espera de ser usada, e sai de la a correr cheia de vergonha e ouço apenas:


- ''Um obrigada também se diz. Senão fosse eu não continuava a ter o seu telemóvel com todas aquelas musicas deprimentes. E como é que consegue dar dinheiro a quem a tenta roubar? - e lá vinha ele a correr atrás de mim com aquele discurso. - '' Não vai esperar por mim e agradecer-me? - continuou ele.


- '' Certamente devia ter-se apercebido de que não quero falar consigo depois do que aconteceu, mas já que faz tanta questão de ter um obrigado e como a minha mãe me educou muito bem eu agradeço-lhe imenso.'' - respondi lhe com algum humor mas cheia de arrogância, - '' e quanto ao facto de lhe ter dado dinheiro ao mendigo '' - parei eu - ''acredito que a situação económica dele seja bastante lamentável e hoje em dia comida não cai do céu '' - rematei.


- '' Espero que não seja assim todos os dias logo de manha, tão bem humorada. E a menina faz o que quiser com o seu dinheiro, ele é todo seu. '' - comentou ele, retomando a correr o seu percurso planeado.


E fiquei eu ali parada sem saber onde ir a olhar para ele, sem saber de onde ele tinha aparecido , mas também apreciar aquele corpo muito bem estrutural.


E de repente assim do nada, gritei lhe bem alto e disse-lhe : ' Tenha o resto de um bom dia!''


Ele parou, já distante de mim e agradeceu me com um sorriso e um aceno. E depois de tanta confusão la fui eu andando para casa.



Weak HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora