Prólogo

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A mulher sentiu uma pontada na mão e percebeu que suas unhas estavam quase perfurando sua pele. Os punhos deixaram de ficar cerrados e ela suspirou, levando a mão até os olhos e secando os resquícios de lágrimas.

— Você... Você não tem o direito de me cobrar isso, Caleb. – ela falou, pausando a cada palavra para respirar e não cair no choro.

— Não tenho? – ele arregalou os olhos, andando até ela e percebendo que a cada passo que ele dava, ela se afastava com dois.

— Não. É o meu sonho, você deveria me apoiar, seu bastardo de merda! – ela parou de se afastar e agora se aproximava, os olhos em cólera.

— E você, sua vadia egoísta, deveria ter me consultado antes de tomar essa decisão.

Ela mordeu o lábio inferior para segurar o sorriso, mas isso acabou fazendo com que sua gargalhada saísse ainda mais alta. Caleb cerrou os olhos e assistiu a gargalhada maravilhosamente irônica dela até que acabasse aos poucos. Elizabeth secou o canto dos olhos e encarou novamente o mais velho.

— Consultado meu sexo casual em relação à eu adotar uma criança? – ela cruzou os braços logo abaixo dos seios, erguendo-os ainda mais.

— Você sabia que eu queria me casar com você, Liz. Sabia disso e mesmo assim, você continua me afastando mais e mais.

— Você já parou para pensar no que eu quero? Eu quero uma família Caleb, e você está longe demais de me proporcionar tal coisa. Você nunca disse qualquer coisa sobre ter filhos, seus planos para o futuro sempre envolviam o seu trabalho imbecil e você casando, mas nunca sequer mencionou uma criança!

— Porque eu nunca quis uma!

Ela assentiu, enchendo os olhos de lágrimas mais uma vez.

— Eu sei! Mas eu estou com quase trinta anos, minha carreira está decolando e eu não vejo momento melhor do que esse para ter um filho. Filha, na verdade. Eu fui conhecer ela no orfanato, ela é...

— Eu não vou mais ficar com você. – ele sentenciou, fazendo com que ela arregalasse levemente os olhos, chocada por ele ter cortado-a. – Se você adotar um filho. Eu não vou mais ficar com você, Elizabeth.

Ela fechou os olhos e permaneceu assim por longos segundos, até que seus pés a levaram para a porta de casa.

— Sai. – mandou.

— O quê? – ele arregalou os olhos.

— Vai embora.

— Você vai mesmo me trocar por causa de um sonho imbecil?

— Mesmo que eu não tivesse assinado os papéis ou marcado a data para buscar minha filha... Caleb, olha o barco em que estamos! Nós estamos nessa de transar sem compromisso já faz quase dois anos, e...

— Porque você não quer namorar! Eu já pedi um milhãode vezes.

— Como é que eu posso aceitar namorar uma pessoa que não quer as mesmas coisas do que eu? – ela arregalou os olhos, desacreditada.

— A gente se gosta, porra! Qual o problema em eu não querer uma criança enchendo o meu saco o dia todo?

— Sai da minha casa! – ela gritou, estirando ainda mais a porta.

E ele foi. Sem nem olhar para trás. 

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