Capítulo Três

299 28 1
                                    

A janela do seu quarto estava aberta, e logo pela manhã, um temporal começou. Elizabeth acordou assustada, correndo para fechá-la. Sentou-se na cama mais uma vez e enfiou a cabeça entre as mãos, suspirando alto.

Desligou o despertador antes que ele tocasse e partiu para o seu banho.

— Ah, ótimo! Não existe nem uma piranha nessa casa? – reclamou, irritada.

Tinha um julgamento em duas horas e nem a merda de uma piranha conseguia encontrar para não molhar os cabelos. Saiu nua do banheiro e encontrou um grampo na sua estante. Não tendo nada melhor, e correndo contra o tempo, decidiu que seria isso mesmo.

Ligou o chuveiro e suspirou, encarando suas mãos. Ela precisava dar um jeito nisso. Precisava conversar com Caleb, convencê-lo a ficar. Ele era tudo o que ela tinha, fora sua filha. Tudo.

Milenna acordou e se colocou em pé no berço, procurando a mãe. Ela já andava um pouco, embora ficasse cambaleando por aí, caindo pelos cantos. Lizzy deixava. Estava sempre de olho, mas não impedia que a filha explorasse os lugares que quisesse. Lenna colocou uma perninha em cima da grade do berço, querendo escapar. A queda seria alta, e por sorte, Lizzy saía do banho.

— Filha! – exclamou, rindo. – Não pode sair do berço. Já conversamos sobre isso.

A garota estendeu-lhe os braços, pidona. Queria colo, e Elizabeth seria incapaz de negar isso a ela.

— Vem cá, coisa linda. – a levantou, beijando sua testa. – Vamos tomar um banho? Você já está indo para a creche, tem que ficar cheirosinha. – sorriu, a levando ao banheiro.

Caleb bebericou seu café, caminhando pelo Fórum. Estava num corredor que levava à sala de Tribunal que ele precisaria comparecer. Era um caso que Liz cuidaria, e só o pensamento de encontrá-la ali o deixava elétrico. Principalmente depois de ter decidido ir embora daquela cidade – pra bem longe dela. Isso o estava matando. Não dormira nada na noite passada, apenas pensando em como contar a ela. Não conseguia parar de pensar em sua reação, no que faria se ela chorasse. Ela ia chorar. Apesar de tudo, os dois se amavam muito. Ele não sabia o que faria se ela um dia o deixasse de vez, como ele estava fazendo agora. E saber que ela ia sofrer por ele, o enlouquecia.

— ...e depois, podemos ir para a casa da vovó, o que acha? Ela deve estar morrendo de saudades sua. – ouviu a voz de Liz e a procurou, olhando pelo corredor.

Ela vinha trazendo Lenna em seu colo, que tinha um urso marrom em mãos. Deus do céu, como ele podia olhar pra ela daquela forma e não agarrá-la? Ela usava uma saia preta que ia da cintura aos joelhos, e uma camisa branca que ele rezava para que o primeiro botão estourasse, mostrando só um pouquinho daqueles seios maravilhosos. Ela o viu assim que cruzou o corredor, mas desviou imediatamente o olhar.

— Dá tchau pra mamãe. – mandou a mulher, beijando a bochecha de Milenna.

A garotinha abraçou seu pescoço e Liz bateu na porta da creche, que logo foi aberta por uma das professoras. Era ótimo terem uma creche no tribunal. Lennapoderia ficar ali até os três anos, mas Liz planejava a matricular em uma escola ainda antes.

— Tchau. – Lenna mandou um beijo, fazendo Leb sorrir involuntariamente com a doçura da criança.

Ele se levantou, observando agora a mulher, que caminhava em sua direção.

— Liz... – sorriu para ela, que estava de cenho franzido.

— Quero conversar com você. Venha até minha sala. – pediu, tomando a frente.

O olhar dele desceu para o quadril da mulher, mas logo chacoalhou a cabeça. Não pense nisso, idiota!,brigou consigo mesmo. Entrou na sala e sorriu sozinho, olhando a mesa. Já tinham usado ela algumas vezes, recordou-se.

O colecionador de bonecasOnde histórias criam vida. Descubra agora