Capítulo 5

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CAPÍTULO 5

Katherine

— Merda, merda, mil vezes merda, coração! — correndo quintal adentro, gritava batendo no peito, com ele me incitando a retornar.

Sabe aquela necessidade de pedir perdão? Era assim como me sentia. Abraçada por uma vontade sem igual de me desculpar e dizer que estava de saída. Na real! Eu me rotulava uma usurpadora, sim. Uma impostora que veio para incomodar a família Ferrari, tomar uma parte da propriedade onde eles deram o sangue.

Uma tremenda injustiça, eu reconhecia. Mas o que eu podia fazer diante das necessidades?

— Nada, infelizmente! — exprimi o meu pensamento em voz alta.

E aquilo me fazia um mal gigantesco, ainda mais com certos sentimentos estranhos me tomando: a impressão de estar traindo alguém muito próximo, alguém especial. O pressentimento doía no meu âmago, meu peito parecia que tinha uma faca enorme enterrada nele, atingindo o meu coração. Era exatamente como me sentia, sendo destroçada a cada atitude que era obrigada a tomar. Experimentava uma dor forte, uma pressão insuportável e uma irritação sem tamanho e, para ajudar, meu celular não parava de tocar. Estava sem condições de atender quem quer que fosse; ignorando, entrei na sala.

O barulho ensurdecedor cessou no momento em que botei meus olhos no tapete estampado em tom vermelho, no centro do ambiente. Os móveis rústicos modernos e lindos não despertavam mais a minha atenção do que aquela peça decorativa. Um calor agradável abraçava minhas costas, desencadeando algo estranho e extraordinário dentro de mim, a começar pela frequência cardíaca mais lenta. Sentia uma leveza como se estivesse pairando. Meus pés perderam completamente o contato com o piso. Assustada, baixei meus olhos e tudo estava como deveria: meus pés bem firmes no chão.

— Que doideira!

Fui interrompida com a porcaria da insistência infernal do celular, detonando a sensação boa. Com o susto, meu coração saltou, comprimindo a minha garganta.

Tremendo, peguei-o no bolso e atendi a minha mãe com certa brutalidade.

— Será que a senhora poderia me dar um tempo, mãe? — Sufocada, minha voz não saiu mais do que um murmúrio. — Por favor, pare de me ligar!

Ela fungou, ressentida, constatando que ainda não havia se recuperado da nossa conversa, que foi interrompida há pouco tempo lá fora, com a chegada do Alessandro no carrinho de golfe. Aborreceu-me vê-la tão entristecida, mas tinha hora que eu era obrigada a jogar a real para ela entender.

Já sofria pressões o suficiente: primeiro aquela atração inoportuna e incontrolável pelo Alessandro, depois a vaca da Ellen botando o maior terror em cima de mim, para que ficasse longe do homem dela. Tão logo pisei no salão de festas, ela veio atrás. A ordinária colou em mim e ficou ali, azucrinando em meu ouvido, nem no banheiro fazer a necessitada higiene pós-foda e jogar o preservativo no lixo foi possível. Ela já veio agressiva, apontando aquele dedo idiota no meu nariz, como se sua atitude me amedrontasse.

"Rameira!"

— Eu preciso insistir para ver se consigo colocar juízo na sua cabeça. Volta para Siena, Katherine.

Angustiada, quase asfixiada, ainda assim explodi em lágrimas, sem acreditar naquela frieza sem tamanho.

— Como pode ser tão egoísta, mãe? — Desmoronei em lágrimas. Esbaforida, corri para me sentar na poltrona, agarrando os braços cobertos pelo couro marrom. Retirando um dos meus sapatos, tentava respirar calmamente.

Tão logo meu pé descalço tocou o tapete persa, eu acho, senti um calor em torno dele, como se estivesse sendo acariciado. Intrigada e, ao mesmo tempo curiosa com a sensação tão realista, afundei-o no macio dos pelos, e a sensação foi a mesma de estar com ele dentro de uma bacia de água morna.

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⏰ Última atualização: May 22, 2023 ⏰

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