01 o despertar das trevas

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O mundo que uma vez foi repleto de magia e criaturas místicas está agora vazio desses elementos. Após séculos de guerra entre humanos e seres mágicos, a magia foi esquecida, relegada aos contos de fadas. Em 1498, algumas criaturas conseguiram escapar e se refugiar em uma montanha, selada pelo sacrifício da fada Ânsia. Os humanos prosperaram, esquecendo-se da existência desses seres. No entanto, um grupo de antigos deuses, conhecidos como "The Revengods", estão retornando para enfrentar um mal do passado e trazer esperança ao mundo.

Nos dias atuais, no país de Lislótus, na cidadezinha de Violet City, um galpão escuro próximo ao mar abriga uma conversa entre dois demônios que caminham sobre a Terra há alguns meses.
- Não acredito que a Agnes foi invocada pelo Jensen - comentou Princel, sentindo um calafrio percorrer sua espinha. A incredulidade em sua voz era evidente, mas também havia um toque de medo. "Será que estamos subestimando esses humanos?" ele pensou, seus olhos escurecendo com a preocupação.
- Isso é espantoso. Ele foi morto há séculos pelos sete príncipes... - respondeu Gomory, mas sua voz traía mais do que simples espanto. Havia uma sombra de algo mais profundo: arrependimento? Medo? Ele abaixou a cabeça, como se o peso de seu passado estivesse, mais uma vez, esmagando-o. Seus olhos, agora vermelhos de ódio, também refletiam uma dor antiga. Gomory vestia um terno preto com gravata combinando, em contraste com Princel, que usava roupas mais extravagantes: uma blusa preta aberta mostrando o peitoral, uma calça amarela colada e um coturno preto. Princel olhou para Gomory, tentando decifrar o turbilhão de emoções em seus olhos.
- Tem certeza que esse moleque é um Deus? - perguntou Princel, sua voz um pouco mais suave, quase hesitante. Gomory o encarou, seus olhos vermelhos como brasas ardendo de ódio, intimidando seu parceiro no mesmo instante.
- Ok, já entendi... - Princel desviou o olhar, sentindo um arrepio na espinha.
Enquanto isso, sob a luz lunar, um garoto pálido de cabelos escuros e vestes pretas, usando uma calça jeans rasgada nos joelhos, estava no meio de um cemitério, prestes a vender sua alma. "Eu nunca imaginei recorrer a isso. Que piada mais sem graça!" pensou Jensen, desviando o olhar para o chão, ainda indeciso. Sentia o peso do mundo sobre seus ombros e o frio da noite parecia penetrar sua alma.
- Então, Jensen, como vai ser? Quer sua mãe de volta ou não? - disse Agnes, sua voz suave como veneno escorrendo de uma faca. Jensen sentiu o peso das palavras dela como um golpe físico. O desespero em seus olhos era inconfundível.
- Esta é sua oportunidade. Entregue-me sua alma e sua adorada mãe estará compartilhando o café da manhã com você ainda hoje, disse Agnes, emergindo das sombras. Sua beleza enganadora encobria sua verdadeira essência diabólica.
- E depois vou queimar no inferno, "me parece bem divertido"... - Jensen tentou manter o tom sarcástico, mas sua voz quebrou no final. Ele estava aterrorizado. "E se eu nunca conseguir me redimir? E se minha alma realmente queimar para sempre?" O pensamento o encheu de um medo frio, e ele sentiu as lágrimas ameaçarem seus olhos.
- Isso é apenas um mero detalhe. Você ainda terá longos seis anos para aproveitar sua vida com sua mãezinha - afirmou Agnes, aproximando-se de Jensen, que a observava. Seus olhos, frios e calculistas, nunca deixavam o rosto dele.
- Sabe, Jensen, eu gostei de você. Se me entregar sua alma, eu irei protegê-lo até que... - Agnes hesitou, um sorriso sádico se formando em seus lábios.
- O quê? - perguntou Jensen, o coração batendo mais rápido.
- Você não vai gostar da resposta, acredite. É algo que ninguém sabe sobre os demônios - disse Agnes com um sorriso enigmático. Jensen hesitou por um momento, o peso das palavras de Agnes pairando no ar. Seu coração batia descompassado, uma mistura de medo e determinação lutando dentro dele.
- Tudo bem, não importa o preço, eu pago! - declarou Jensen com uma voz trêmula, sua decisão ecoando no silêncio. O desespero era evidente em seu olhar, uma sombra de dúvida se formando em sua mente. Agnes lambeu os lábios, contente em tê-lo em seu domínio.
- Ótimo. Escreva seu nome aqui e derrame uma gota de sangue para selar o acordo - afirmou Agnes, entregando o contrato para Jensen, cujas mãos tremiam enquanto recebia o documento. Ele tentou, sem sucesso, engolir o nó em sua garganta. Cada sombra parecia uma acusação, cada sussurro do vento uma condenação. "O que minha mãe pensaria se soubesse o que estou fazendo?" O papel parecia pulsar em sua mão, como se estivesse vivo, uma aura de poder sinistro irradiando dele. Jensen hesitou por um momento, observando as linhas tortuosas e as cláusulas sombrias que selariam seu destino. Com um suspiro resignado, ele finalmente assinou o contrato. Agnes sorriu satisfeita ao receber o documento de volta, seus olhos faiscando com malícia. Com um gesto ágil, ela fez um pequeno corte na palma da mão de Jensen, e uma gota de sangue escarlate se derramou sobre o papel, selando o acordo em sangue e sombras.
- e agora? - perguntou Jensen, já começando a se arrepender, sua voz carregada de ansiedade. Agnes observou-o com uma expressão imperturbável antes de responder, prolongando o suspense: - Agora é só ir para casa e encontrar sua mãe.
- Então daqui a seis anos eu vou para o inferno, não é? - Jensen questionou, sua voz trêmula com a realização do que acabara de fazer. Agnes inclinou-se para mais perto, seu sorriso sádico revelando um vislumbre de seus verdadeiros intentos: - A maioria dos demônios levam a sério seus acordos e não mentem durante eles. Entretanto, eu quero sua alma o quanto antes. Afinal, você não é qualquer um - disse ela, as palavras ecoando como um presságio sombrio na mente de Jensen.
- Como assim? O que quer dizer? - Jensen perguntou, sua voz trêmula ecoando no silêncio denso do cemitério à noite. Agnes fixou seus olhos nos dele, um brilho cruel dançando em suas íris negras, destacadas pela fraca luz da lua entre as nuvens.
- Eu menti. Você terá apenas um ano de vida. Depois disso, você será meu brinquedo! - sua voz soou como um sussurro gélido, cortando o ar noturno com uma ameaça palpável. Jensen sentiu um arrepio percorrer sua espinha, sua mente lutando para processar o horror da revelação. Seus olhos se arregalaram em pavor enquanto ele encarava Agnes, a realidade de sua terrível situação se instalando em sua mente como uma âncora de desespero, cercados pelos túmulos silenciosos e as lápides escuras que os cercavam.
Jensen sentiu como se o chão tivesse sido arrancado sob seus pés, deixando-o em queda livre em um abismo de desespero. Sua mente girava, incapaz de compreender totalmente a magnitude da traição de Agnes e o peso insuportável do destino que agora o aguardava. O ar ao seu redor pareceu mais denso, carregado com o eco gelado das palavras de Agnes.
- O que foi que eu fiz?! - murmurou Jensen, sua voz mal audível em meio à vastidão silenciosa do cemitério à noite. O desespero transparecia em seus olhos, agora obscurecidos pelo terror e pela incerteza.
- Você deveria ter lido o contrato! O que dizem sobre você ser desatento é verdade! Hahaha! Que otário!
De repente, Agnes olhou em volta, sentindo a presença de mais alguém se aproximando. Um arrepio percorreu sua espinha enquanto ela tentava discernir a origem da presença sombria que a rodeava. O vento noturno sussurrou entre as lápides, como se carregasse consigo um segredo sinistro.
- Quem está aí?! Apareça! - disse Agnes, sua voz ecoando sinistramente pelo cemitério, as sombras parecendo se contorcer em resposta ao seu chamado. Seus olhos escuros varreram o ambiente, buscando qualquer indício da figura misteriosa que se escondia nas trevas. Uma garota de longos cabelos loiros, usando um vestido branco com detalhes em azul, apareceu, seus braços erguidos em rendição. Sua presença emanava uma aura de paz e poder, contrastando com a escuridão que envolvia Agnes.
- Eu vim impedir esse acordo - disse a garota com determinação.
- Bom, tarde demais! Hahaha! - Agnes riu, sua voz carregada de desdém.
A garota olhou para Jensen com uma expressão triste, como se visse além da superfície de sua alma.
- Por que vendeu sua alma, Jensen? - perguntou ela, sua voz suave e melodiosa ecoando no silêncio do cemitério. Ela olhou diretamente nos olhos de Jensen, buscando entender a dor por trás de sua decisão. "O que pode levar alguém a tal desespero?" Pensou.
- Como sabe meu nome? - Jensen questionou, surpreso com o conhecimento da garota. "Quem é essa garota? Será que ela realmente pode me ajudar?"
- Espera... Eu te conheço! - disse Agnes, sua voz soando surpresa e um tanto quanto assustada, enquanto ela reconhecia Amy.
A garota pareceu fazer uma conexão repentina, seus olhos se arregalando em reconhecimento.
- Achei que iria demorar mais para perceber... É, sou eu mesma! Amy Gardenroses!
Agnes ficou pálida ao ouvir o nome de Amy, seu semblante se contorcendo em pavor diante da presença da garota determinada.
- Eu prometo que irei quebrar esse pacto e impedir que você vá para o inferno... Eu dou a minha palavra! - afirmou Amy com convicção, sua voz ecoando com determinação no silêncio do cemitério. Jensen olhou para Amy com uma mistura de surpresa e incredulidade. Apesar de não acreditar em anjos, uma pequena faísca de esperança acendeu em seu peito.
- Para isso você vai ter que me matar! - Agnes gritou, mas havia uma rachadura em sua confiança. "Eu não posso morrer agora. Não antes de ter o que quero. O que vou fazer se ela for mais forte?"
Amy olhou para Agnes com compaixão, mesmo diante da ameaça iminente.
- Ou você desfaz o pacto e sai viva, o que eu recomendo, pois, mesmo você sendo um demônio, eu não quero te ferir - disse Amy, sua voz calma, mas determinada. "Mesmo que você seja um demônio, eu vejo a dor em seus olhos. Todos merecem uma chance de redenção, não?" Ela pensou, mantendo-se firme.
- Bem que disseram que você é uma idiota de coração mole. Tem empatia até por demônios! Que patética! Hahahaha! - Agnes parou de sorrir e ficou séria, seus olhos faiscando com malícia e desdém.
- Me lembrei de uma coisa, você não estava morta? Como estou te vendo agora?! - Agnes questionou, sua voz carregada de incredulidade e surpresa. Amy respirou fundo, abaixando a cabeça em pesar.
- Sinto muito, mas agora você sabe demais. Eu terei que matá-la... O inferno não pode saber que retornei dos mortos. - respondeu Amy, sua voz carregada de angústia e determinação.
Enquanto Amy e Agnes trocavam palavras carregadas de tensão e mistério, Jensen se sentia como um observador em um pesadelo surreal. Sua mente lutava para processar as informações abruptas que acabara de receber. Uma parte dele estava assustada com a revelação de Amy sobre sua ressurreição e os perigos que ela agora enfrentava. "Amy... ela parece tão vulnerável agora. Como isso é possível?" - pensou, observando Amy com uma mistura de preocupação e incredulidade. Ao mesmo tempo, ele estava perplexo com a presença de Agnes e sua natureza demoníaca, questionando como tudo isso poderia estar acontecendo ao seu redor, apesar de ter sido ele mesmo quem invocou Agnes. "E essa... Agnes. Ela é mesmo um demônio? Isso é loucura..." - refletiu, sua mente girando com a confusão da situação. Apesar do medo e da confusão, uma pequena chama de determinação queimava dentro dele.
Jensen sentiu sua determinação ser temporariamente abalada pela dúvida que surgiu em sua mente.
- Não posso simplesmente ficar parado aqui. Tenho que fazer algo. Tenho que ajudar Amy, seja qual for o custo. - ele decidiu, sua determinação se fortalecendo conforme ele se preparava para agir. No entanto, uma voz de incerteza sussurrou em seu íntimo. "Mas, será que eu consigo fazer alguma coisa?" - questionou-se, sentindo a pressão do momento pesar sobre seus ombros.
Agnes, abriu suas asas demoníacas e voou dali.
- Jensen, me siga! Temos que pará-la! - Amy abriu suas asas angelicais e voou atrás de Agnes. Jensen ficou parado, ainda tentando processar tudo.
- Eu sou só a porra de um ser humano, o que eu posso fazer para ajudar?! - ele murmurou para si mesmo, sua voz ecoando no vazio do cemitério. Seu coração batia com força em seu peito enquanto ele lutava contra a sensação de impotência que o envolvia. Mas mesmo com todas as dúvidas e medos, uma pequena centelha de coragem começou a se acender dentro dele.
Nisso, Jensen correu para fora do cemitério com todas as suas forças, embora sem esperanças de recuperar sua alma.
- Isso tudo é muito estranho! Mas... Talvez seja a minha chance de sair do tédio de uma vida normal! Claro, se eu conseguir sair vivo disso! Mas... O que eu posso fazer nessa situação?!
Enquanto voava para escapar de Amy, Agnes se perguntava como era possível Amy e Jensen estarem vivos. Suas asas batiam furiosamente enquanto tentava ganhar distância, seu coração acelerado. "Como é possível" - pensou Agnes, sentindo uma mistura de raiva e medo crescer dentro dela. "Como podem ambos estarem vivos?" A escuridão ao redor parecia se fechar sobre ela, enquanto a noite fria cortava sua pele. Se Amy e Jensen realmente haviam retornado dos mortos, então algo muito maior estava em jogo. A simples ideia de enfrentar um poder além do seu controle a enchia de pavor. "Esses Revengods... Eu já estava impressionada com Jensen me invocando, agora Amy apareceu. Eles foram mortos há séculos. Deuses são tão poderosos que podem até voltar da morte?" Agnes sabia que precisava encontrar respostas rapidamente. Sua mente fervilhava de perguntas e possibilidades enquanto ela voava cada vez mais rápido, tentando escapar da perseguição implacável de Amy. "Tudo que eu preciso fazer agora é fugir até o galpão e encontrar com os outros. Eles vão enrolar a Amy até eu fugir para o inferno. E então, a alma do tão poderoso Jensen será minha!"
Enquanto perseguia Agnes, os pensamentos de Amy estavam a mil. "Eu não posso deixar ela fugir com esse contrato! Preciso pará-la!" pensou, seu coração batendo rápido com a adrenalina. "Mas que situação é essa? Por que Jensen faria isso?!"
A confusão e a preocupação misturavam-se em sua mente enquanto ela tentava entender as motivações de Jensen e a gravidade do que estava em jogo.
Paralelamente, dois colegiais caminhavam pela rua deserta, voltando para casa após passarem o dia cabulando aula. Antony, um garoto moreno de cabelos escuros, ostentava um corte samurai. Seu uniforme escolar, um blazer azul marinho com botões prateados, contrastava com a camisa branca, cujos colarinho e punhos tinham acabamento em azul claro. Ele vestia calças cinza, sapatos pretos, e enrolado ao pescoço, um cachecol azul. Antony caminhava com um ar fechado, seus olhos focados no chão à sua frente. Ao seu lado, sua amiga de infância, Jane, acompanhava-o com um passo mais leve e despreocupado. Seus cabelos curtos e pintados de azul balançavam levemente ao vento. Ela também usava o uniforme escolar, mas em vez das calças, optara por uma saia plissada de comprimento um pouco acima dos joelhos. Jane era espontânea e travessa, seus olhos brilhando com uma curiosidade inata enquanto olhava ao redor, absorvendo o ambiente noturno.
- Você acha que alguém notou nossa ausência hoje? - perguntou Antony, quebrando o silêncio com uma voz baixa e um sorriso tímido.
- Provavelmente não, mas teremos que ser mais cuidadosos amanhã - respondeu Jane, ajustando a alça de sua mochila com um tom despreocupado. Ela deu uma risada leve, olhando para Antony com um brilho travesso nos olhos. - A não ser que queira cabular de novo!
De repente, Jensen passou correndo por eles, quase esbarrando em Antony. Antony franziu a testa, reconhecendo imediatamente o garoto. Jensen estava sumido da escola há algum tempo, e sua aparição repentina e agitada só podia significar uma coisa.
- Jensen? O que ele está aprontando agora? - murmurou Antony, assumindo que Jensen estava metido em alguma encrenca. Jane apenas encarou Jensen com um olhar crítico, não escondendo sua antipatia.
- Ele de novo? Só pode estar metido em confusão. Antes que ela pudesse dizer mais, Antony a puxou pelo braço, sua expressão decidida.
- Vamos segui-lo. Quero ver em que encrenca ele se meteu dessa vez. Jane bufou, mas não resistiu.
- Antony, isso é loucura. Por que você se importa tanto com o que ele está fazendo?
- Não é questão de se importar, Jane. É curiosidade. E quem sabe, talvez haja algo interessante nisso tudo - respondeu Antony, sem parar de andar. Jensen continuou correndo, tentando alcançar Amy e Agnes, enquanto Antony e Jane o seguiam de longe, mantendo uma distância suficiente para não serem percebidos. As luzes fracas dos postes de rua lançavam longas sombras, criando um ambiente quase surreal. Eles seguiam Jensen com passos rápidos, agora movidos por uma mistura de curiosidade e tensão. As ruas desertas ressoavam com o som dos passos apressados, e a tranquilidade da noite foi substituída por uma tensão palpável. Algo estava claramente acontecendo, e a simples perseguição transformou-se em uma aventura inesperada para Antony e Jane, que tentavam entender o que estava em jogo. Após alguns minutos de frenética fuga, Agnes finalmente avistou o galpão ao longe, um santuário sombrio em meio à noite opressiva. Seus pés tocaram o chão em um pouso apressado, e ela correu em direção aos portões abertos. Ao se aproximar, avistou seus companheiros lá dentro. Princel estava de pé próximo à porta, prestes a sair, enquanto Gomory estava sentado em uma caixa, os olhos semicerrados em contemplação. Ao ver Agnes correr para dentro, ambos levantaram a cabeça em alerta.
- Eu fui seguida! - exclamou Agnes, sua voz carregada de pânico. Os demônios trocaram olhares rápidos e tensos antes de se virarem para a entrada. Lá, avistaram Amy caminhando lentamente em direção ao galpão, suas asas angelicais emanando uma luz etérea que contrastava com a escuridão ao redor. - Como assim você está viva?! - rosnou Gomory, levantando-se da caixa com um movimento brusco. Seus olhos ardiam com um misto de surpresa e raiva enquanto encarava Amy com um olhar sombrio. Amy continuou avançando, a determinação em seus olhos apenas intensificando a aura de poder ao seu redor. Princel deu um passo à frente, seus olhos analisando Amy com desconfiança.
- Você pode estar viva, mas não vai sair daqui ilesa.
Agnes, recuperando o fôlego, olhou desesperadamente para seus companheiros.
- Precisamos de um plano, rápido! Gomory estreitou os olhos, sua mente já calculando as próximas ações.
- precisamos deter Amy.
Amy, agora a poucos passos de distância, parou e ergueu a mão.
- Vocês não têm para onde correr. Rendam-se e desfazem o pacto, ou enfrentem as consequências.
A tensão no ar era palpável, e a noite ao redor do galpão parecia mais densa, como se o próprio ambiente estivesse aguardando o desfecho desse confronto.
- Essa é a sua última chance - Amy declarou, a autoridade em sua voz ecoando no espaço. Gomory riu, um som amargo e cheio de desprezo.
- Você subestima o quanto temos a perder, Amy. Vamos mostrar a você o que realmente somos capazes de fazer.
Princel avançou um passo, cerrando os punhos, pronto para atacar.
- Preparem-se. Não vamos deixar que ela saia daqui viva. Amy, sem recuar, manteve-se firme, uma luz crescente irradiando de suas asas, pronta para o inevitável confronto. A tensão no ar era palpável enquanto Amy se mantinha firme diante dos demônios.
- Devolvam a alma do Jensen! - ordenou Amy, sua voz carregada de autoridade. Gomory olhou para Agnes com um largo sorriso no rosto.
- Então você conseguiu!
- Agora é só matar a Amy e teremos em nossas mãos o poder de dois Deuses - afirmou Princel, lambendo os lábios com um sorriso sádico. Amy balançou a cabeça, uma expressão de decepção em seu rosto.
- Por que vocês demônios são tão teimosos? Eu não queria que as coisas terminassem assim...Os demônios começaram a se mover em sua direção, prontos para atacar. Amy, sentindo o peso da responsabilidade, preparou-se para o confronto iminente.
- Vocês não entendem o que está em jogo - continuou Amy, sua voz agora mais suave, mas ainda carregada de determinação.
- Devolver a alma de Jensen é o primeiro passo para evitar uma catástrofe maior. Gomory riu novamente, um som amargo que ecoou pelo galpão.
- Catástrofe? Você não entende, Amy. Estamos apenas aproveitando a chance de reivindicar o poder que sempre nos foi negado.
- E você acha que pode nos parar sozinha? - zombou Princel, seus olhos brilhando com uma malevolência perigosa. Amy ergueu a mão, uma luz intensa começando a emanar de sua palma.
- Eu não estou sozinha. A justiça está comigo, e eu farei o que for necessário para proteger os inocentes.
Amy apontou a palma de sua mão para os demônios, manifestando uma aura azul que os atingiu com seu poder.
- Aura Lunar! - proclamou ela, sua voz ecoando pelo galpão em meio à destruição causada pelo seu ataque. Enquanto isso, Jensen chegava ao galpão e testemunhava a cena impactante. Uma luz brilhante irrompeu, seguida pela rápida desintegração do galpão, revelando o impressionante poder de Amy. Ele se viu diante da jovem, que permanecia de pé, encarando os três demônios com determinação.
- Belo show de luz. Acha que pode nos assustar? - provocou Princel, um sorriso zombeteiro curvando seus lábios.
- Como resistiram? - indagou Amy, surpresa com a resistência dos demônios diante de seu poder. Gomory, exibindo um pentagrama em seu peito que bloqueava poderes divinos, respondeu com confiança: - Você pode eliminar os demônios de baixo calão, porém, eu não sou qualquer demônio!Amy franziu o cenho, percebendo que teria que elevar seu poder ao máximo para enfrentar aqueles oponentes.
- Tudo bem, já vi que vou ter que pegar pesado. Então vamos lá!
Amy saltou em direção a Gomory, determinada a atingi-lo com um soco poderoso. No entanto, antes que pudesse alcançá-lo, o demônio revidou com um golpe certeiro, fazendo-a recuar alguns passos, atordoada pelo impacto. Enquanto tentava se recuperar, Gomory continuou a desferir golpes contra ela, cada um mais poderoso que o anterior. Seus companheiros, Agnes e Princel, observavam a cena com satisfação, prontos para se juntarem à luta.
- Eu quero brincar também! - anunciou Princel, um sorriso sádico iluminando seu rosto enquanto se aproximava da luta, prontamente se unindo a Gomory para espancar Amy impiedosamente. Ao testemunhar a cena, Jensen sentiu uma mistura de desespero e impotência.
- Mas que merda?! Ela é uma Deusa e está apanhando para demônios?! O que eu faço?!
O desespero de Jensen era evidente enquanto ele observava a luta desigual, lutando para encontrar uma maneira de ajudar Amy contra os demônios que a cercavam.
- Oi, Jensen, também veio para a festa? - disse Agnes, segurando-o pelos ombros e deixando o garoto paralisado de medo. As palavras dela ecoaram na mente de Jensen, enchendo-o de terror e arrependimento. Ele sabia que tinha se metido em algo perigoso ao invocar Agnes, mas agora a realidade de suas ações o atingia com força total.
- Você deveria ter ficado no cemitério, eu ia te deixar viver com sua mãezinha, mas você foi muito intrometido. Agora... Sua vida se encerra aqui! - afirmou Agnes, seu tom carregado de ameaça e promessa sombria.
Agnes golpeou Jensen com força, lançando-o contra a parede e a destruindo. Ao se aproximar para inspecionar o resultado de sua ação, a demônia percebeu que Jensen já estava inconsciente.
- Isso é estranho... Que Deus é esse que perde para um demônio como eu? - murmurou Agnes consigo mesma, enquanto se aproximava do corpo inconsciente do garoto. Enquanto isso, Antony e Jane observavam escondidos, completamente apavorados com a situação diante deles. Jane não conseguia conter sua confusão e medo, enquanto Antony mantinha uma expressão séria, tentando compreender como Jensen se envolveu naquela confusão. A tensão no ar era palpável, e a incerteza pairava sobre eles enquanto tentavam entender o que estava acontecendo e qual seria o desfecho dessa situação cada vez mais perigosa.
Nesse momento crucial, Jensen desbloqueou uma lembrança de sua vida passada, um lampejo de sua verdadeira identidade como um Deus que se uniu a Amy para proteger o mundo dos demônios. Ele se lembrou do compromisso que fizeram e da missão que compartilharam. Ao despertar para essa memória, Jensen percebeu que estava diante de um portal, ao lado de Amy, que o observava com um olhar confiante e determinado. Ela compartilhou palavras de encorajamento e prometeu que se encontrariam novamente, quando ele se lembraria dessa conversa e saberia o que fazer para salvar o mundo. Com uma nova compreensão de sua verdadeira natureza e propósito, Jensen abriu os olhos e empregou seu poder recém-descoberto, causando uma pequena explosão que afastou Agnes, que já estava prestes a matá-lo. Agnes, agora em chamas e sofrendo, expressou sua confusão e dor diante desse acontecimento repentino, enquanto Antony e Jane observavam perplexos e apreensivos. A reviravolta deixou-os atordoados, com Antony questionando como Jensen havia conseguido fazer isso e Jane temendo as possíveis consequências de suas ações.
Enquanto isso, Amy pulou sobre Princel e Gomory e derrubou Princel com seu Aura Lunar, fazendo a pele do demônio desintegrar e sair fumaça.
- Ah! Que dor insuportável! Sua desgraçada! Você pagará por isso! - afirmou Princel, enquanto segura sua barriga, agoniando de dor.
- Sinto muito, mas tudo bem, irei acabar com seu sofrimento. - disse Amy, apontando sua mão, prestes a disparar seu poder no demônio.
- Me ajuda, Gomory! Não vou conseguir desviar! - exclamou Princel, enquanto Amy disparava seu poder na direção dele. A última coisa que Princel viu foi o sorriso de Gomory ao vê-lo ser atingido.
- Por que não ajudou seu amigo? - perguntou Amy.
- "Amigo"? Não fale besteira, Deusa! Demônios não têm "amigos"!
- Que pena... - lamentou Amy.
- Que olhar é esse?! Não me encare como se tivesse pena de mim! - gritou Gomory, encarando Amy com um olhar cheio de ódio, indo na direção dela para mata-la. Então os dois começaram a trocar golpes.
"Faz tempo que não enfrento um inimigo tão poderoso assim..." - pensou Amy, enquanto desviava dos golpes de Gomory, que continuava tentando acertá-la descontroladamente. Enquanto isso, Agnes encarava Jensen caminhando até ela.
- Agora eu sei quem sou! Agora eu sei o que tenho que fazer... Eu vou te matar e pegar a minha alma de volta!
"Que poder é esse?! O que está acontecendo com esse garoto?! Ele não parece mais o mesmo!" - pensou Agnes, encarando Jensen assustada, percebendo que o poder dele está aumentando em frações de segundos. Jensen invocou uma enorme bola de fogo e a arremessou contra a demônia, que quase foi completamente carbonizada. Porém, mesmo sendo atingida, Agnes escapou por pouco, pois abandonou o corpo da garota em que ela estava possuindo, indo direto para o corpo do Princel e fugindo dali o mais rápido que pode, abandonando Gomory para trás. Jensen não percebeu que a demônia havia fugido, achando que ela foi carbonizada pelas suas chamas.
Amy e Gomory continuaram a trocar golpes, até que o demônio a jogou contra uma parede, usando sua telecinese.
- Hahaha! Você é patética, Amy! Como os demônios do passado tinham medo de vocês?! Vocês Revengods não passam de crianças! - debochou Gomory, enquanto observava Amy se levantar entre os escombros, cheia de feridas e dor pelo corpo inteiro.
- Cala a boca! - gritou Jensen, enquanto usava seu poder Fire Punch, um soco flamejante. Porém, Gomory desviou do golpe, com um sorriso no rosto, percebendo que Jensen não representava nenhum perigo para ele.
- Patético! - Gomory deu um chute na barriga de Jensen e o levantou pela cabeça.
- Fraco demais!
Nisso, o demônio socou o rosto do garoto, fazendo Jensen voar próximo onde Antony e Jane estavam, quase os atingindo. Ao se virar para matar Amy, Gomory foi surpreendido, pois, ela o atingiu com seu Aura Lunar, descarregando todo seu poder nele, causando uma enorme explosão que destruiu uma casa ao lado, o derrotando de vez.
- consegui! - disse Amy. Se sentindo
Completamente exausta, Amy caiu de joelhos no chão, pois, não estava aguentando nem sequer ficar de pé, ofegando graças à batalha. Entretanto, ela abriu um sorriso de alívio. "Cadê o Jensen?" - se perguntou enquanto olhava em volta à procura dele, então se levantou e foi até onde Jensen estava.
- se levanta, otário! - disse Antony. Jensen abriu os olhos.
- Antony?! O que faz aqui?!
- eu que faço as perguntas aqui, que porra foi aquela?! O que está acontecendo?!
- Onde está a Amy? - disse Jensen, ainda se levantando.
- estou aqui.
Amy chegou sorrindo, enquanto segurava o braço esquerdo, sentindo dor, mancando na direção dos garotos.
- por que não me disse que tinha esses poderes?! - perguntou Antony, cruzando os braços e encarando Jensen com um olhar sério.
- eu sei lá, nem sabia que tinha poderes até alguns minutos atrás.
- nossa! Antony! Que bom te encontrar aqui! Eu estava procurando você também! - disse Amy, abrindo um sorriso ao revê-lo.
- e o que você quer com ele?! - perguntou Jane, enquanto se aproximava de Amy, encarando-a com um ar de superioridade, claramente demonstrando um certo ciúmes.
- o Antony é meu amigo.
- como assim? Eu nem te conheço!
- pode parecer maluquice o que vou falar, mas, sim, você já conheceu a Amy. Ela era nossa amiga numa vida passada - disse Jensen.
- então eu também tenho poderes? Já que ela e você têm, e nós supostamente nos conhecíamos...
- sim! Não é legal? - disse Amy, sorrindo. Antony deu um leve sorriso de canto, pensando nas possibilidades que poderia ter usando seus poderes.
- então como faço para usar meus poderes? - perguntou Antony.
- não faço ideia - respondeu Amy, sorrindo, enquanto Antony a encarava irritado.
- tá, e agora? O que faremos?
- agora que já sabem de tudo, melhor ficarmos juntos na minha casa. Há alguns deuses que querem nos matar.
- o que?! Por que?! - perguntou Jensen, um pouco assustado.
- depois eu explico. Vamos indo.
- tá... - respondeu Jensen, colocando as mãos nos bolsos e começando a se afastar.
- onde está indo? - questionou Amy.
- vou ver se minha mãe realmente voltou à vida.
- então vamos juntos - disse Amy.
Amy caminhava ao lado de Jensen. Antony respirou fundo e também os seguiu, com Jane o acompanhando. De repente, enquanto caminhava, Jensen começou a ter algumas lembranças de sua vida passada, na qual ele era um Deus. Em suas memórias, ele estava correndo com uma espada flamejante e cortando a cabeça de vários orcs. Parecia furioso, com o olhar ansiando por mais sangue. Um pouco mais distante, uma jovem usando um capuz escuro o ajudava a matar as criaturas. Diferente dele, ela assassinava a sangue frio os orcs mais jovens e indefesos. Essas memórias deixaram Jensen um tanto assustado consigo mesmo, se perguntando que tipo de Deus ele era na vida passada. Além disso, Safira parecia cruel, com frieza no olhar, o que o deixou ainda mais perturbado, pois sentia que ela era uma grande amiga. Contudo, ele seguiu em silêncio, achando melhor guardar isso para si. Jensen se lembrou do nome da garota encapuzada: Safira.
Uma hora depois, o grupo enfim chegou em frente à casa de Jensen, quando foram surpreendidos com a presença de Thea, a mãe do garoto, que se encontrava em cima do telhado encarando-os com um olhar perturbador. Uma gosma preta escorria de sua boca e olhos.
- Mãe?
- Oi, filho, vem abraçar a mamãe! - Thea pulou do telhado em direção a Jensen para atacá-lo. Porém, Amy se jogou na frente, tomando o golpe no lugar dele. Ela foi arremessada a mais de oito metros, caindo inconsciente no chão, deixando seus colegas ainda mais assustados.
- Quem é você, porra?! - questionou Antony, encarando Thea com raiva, tentando esconder seu medo.
- O Jensen sabe quem eu sou, não é?
- na real, não faço ideia de quem seja, mas você vai pagar por isso!
- Nossa, você é burro mesmo! Sou eu, Agnes! Seu tapado!
Nesse momento, Jensen se irritou.
- Sai do corpo da minha mãe agora! Se não, vou fazer você se arrepender por isso!
- Como? Hein?! Para me ferir, você terá que machucar sua querida mamãe!
Jensen engoliu a seco, tentando pensar numa forma de acabar com Agnes sem ferir Thea.
- ...agora... EU MATO TODOS VOCÊS! Hahahahah! Nessa hora, Jensen ficou realmente muito irritado. Suas esperanças aos poucos se esvaíam, percebendo que não iria conseguir salvar Thea. Isso o deixou ainda mais puto, esquecendo do medo que sentia até então.
- Mas que merda! O que eu fiz para merecer isso?! - gritou Jane, desesperada, enquanto sai correndo dali, abandonando seus amigos, consumida pelo medo avassalador que a dominava.
Antony a encarou com um olhar de decepção, cruzando os braços em seguida.
- É, Jensen, parece que será eu e você contra essa vadia.
- Hahaha, que ridículo! Você acha mesmo que pode me parar?! Se eu derrubei a Amy, não há nada que vocês possam fazer a não ser fazer fila para o corredor da morte! - Agnes os encarou com um largo sorriso maquiavélico, se aproximando da dupla com um olhar arrepiante. Seus olhos mudaram de negros para vermelhos enquanto ela abria suas asas negras e invocava sua espada sombria, acabando com o resquício de coragem que lhes restava.
- Fudeu...! - afirmou Antony, andando de costas ao lado de Jensen, que, assim como ele, estava morrendo de medo. Jensen sentiu o desespero crescer em seu peito. Olhou para Antony, tentando encontrar alguma faísca de esperança nos olhos do amigo, mas encontrou apenas o reflexo do seu próprio medo. Agnes avançava, cada passo um prenúncio de destruição. A espada sombria brilhava com uma aura maligna, pronta para ceifar vidas. Antony deu um último olhar para Amy, inconsciente no chão, e depois para Jane, que desaparecia na distância. Ele sabia que não podiam vencer.
- Jensen... - Antony murmurou, a voz tremendo.
- O que vamos fazer?
Jensen não tinha resposta. A figura de Agnes, agora ainda mais ameaçadora, eclipsava qualquer pensamento racional. Eles estavam sozinhos, sem esperança, e à mercê de um inimigo implacável. O silêncio tomou conta do ambiente, interrompido apenas pelo som dos passos de Agnes se aproximando. A escuridão parecia se fechar ao redor deles, e a sensação de desespero era esmagadora.

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