O Isekai de Sasuke

15. Um diário escondido

Pov Sasuke

Foi na manhã seguinte, pouco depois de tomarmos café juntos que deixei Naruto cuidando da louça suja e ao arrumar o quarto notei embaixo do colchão algo como um caderno.

- Mas o que...? - Puxei dali e percebi que a capa marrom avermelhada parecia gasta e algumas páginas cheias.

Me sentei em cima do colchão ainda meio desfeito e abri na primeira página notando como a letra organizada se parecia muito com a minha.

"Talvez seja besteira começar a escrever palavras aqui, perigoso até? Porém Sakura disse que isso poderia me ajudar a colocar alguns pensamentos confusos em ordem, ela diz que estou pronto para isso agora. De qualquer forma não pretendo revelar nenhuma informação prejudicial também. Talvez compense dar uma chance, Kakashi diz que isso o ajudou uma vez" 

Então era isso que era, um tipo de diário com alguns trechos dos meus pensamentos? Olhando para a data da primeira anotação pude constatar que aquilo tinha sido iniciado pouco depois de eu retornar a vila, meados de Março. Folheei curioso, se eu tinha entendido direito a ascensão se deu quando fizemos 18 anos, então mais alguns meses e eu poderia saber o que tinha passado o Sasuke dessa dimensão durante essa mudança. Talvez valesse a pena descobrir.

Logo localizei o dia 23 de Julho do ano passado e comecei a ler com mais atenção a partir dali.

"É estranho sentir como me sinto, difícil de explicar, todos parecem o mesmo mas se sentem diferentes, cheiram diferentes, me fazem reagir diferente, obviamente sabíamos que seria assim, foi nos explicado, mas de qualquer forma parece aterrorizante."

Passei mais algumas folhas, lendo os trechos mais interessantes e pulando informações redundantes.

"Hoje eu vi Naruto pela primeira vez desde que passamos pela mudança, o fato de que seu aroma quase me levou a agarrá-lo no meio da aldeia me deixou completamente desnorteado. Um ômega? Eu perderia qualquer aposta com isso, ele era o salvador do mundo ninja, como podia ser um ômega e não um alfa? O sentimento de anseio somado as dúvidas foram tão bruscos que corri na direção oposta antes que fizesse algo fora do meu controle. Pude o ouvir gritando por mim, mas não voltei, sequer olhei para trás até estar muito longe. Seria tudo tão mais fácil se ele fosse um alfa assim como eu."

Soltei uma risada abafada, era isso o que eu tinha feito? Fugido? Brilhante! Eu era a porra de um covarde.

"Faz dias que evito Naruto, ele também não parece estar me procurando."

"Sakura veio aqui hoje, incrivelmente ela é uma alfa. Claramente ela é forte, mas nunca suspeitei, acho que realmente não temos pista alguma sobre como é determinado nossa ascendência. Ela me disse algumas coisas, sobre como éramos muito diferentes, também se desculpou por ter me seguido por tanto tempo e disse ter chego a um acordo com seus sentimentos. Eu disse a ela que sou eu quem tem a maior necessidade de perdão entre nós. Conversamos como pessoas maduras pela primeira vez, fico feliz de estarmos na mesma página agora. Entendo que ela é importante pra mim e me arrependo de ter lhe causado tanto sofrimento, mesmo sem intenção, eu poderia ter feito diferente. Farei a partir de agora."

Suspirei me identificando muito com essas palavras, era basicamente como eu me sentia, arrependido por muito, nada disposto a dar mais do que podia. Eu e Sakura realmente nunca seríamos compatíveis e se algo bom saiu de vir parar aqui nessa dimensão era poder aceitar de verdade esse fato.

"Tivemos uma palestra com a quinta Hokage, ela nos explicou tudo sobre os conceitos médicos dos nossos corpos. Nem tudo foi uma surpresa, quer dizer, pelo menos para a maioria de nós. Naruto com certeza deu seu próprio show quando soube da capacidade gerar filhos. Não posso dizer que ele me incomoda como antes. Acabei imaginando que seus filhotes seriam extremamente fofos... e esse pensamento me aterroriza porque gera muitos outros que não estou pronto para enfrentar escritos à minha frente. Uma necessidade de estar perto dele se fez presente durante todo o tempo da reunião (permanecendo queimando em minha pele até mesmo agora, se posso ser sincero), embora eu tenha conseguido (com muito esforço) evitar chegar muito perto."