CAPÍTULO 1

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Não sei onde eu estava com a cabeça quando decidi estudar direito, com certeza sou sadomasoquista, gente é muita humilhação por um diploma, você estuda 5 anos, se mata pra aprender várias matérias, anda com um livro que é maior que a bíblia, é obrigada a fazer estágio e ser humilhada praticamente todos os dias, depois de fazer tudo isso ainda é submetida a fazer uma prova paga, da qual é feita em duas fazes, e temos que estudar muito mais que na faculdade, daí depois que passa na OAB a humilhação continua, você precisa viver de migalhas no ramo do direito pra poder fazer sua cartilha de clientes.

Passei por tudo isso, e hoje o que mais gosto de fazer são ações de família principalmente pedidos de pensão alimentícia, me identifico muito, pois sofri muito para conseguir a pensão do meu filho. Faz apenas alguns meses que terminei a faculdade e consegui minha OAB, trabalho para a defensoria pública, Infelizmente ainda não tenho meu próprio escritório, mas logo vou realizar meu sonho

- Viollet, você vai se encarregar de um caso criminal hoje muito delicado, o réu se nega a ter defensor, porém, o juiz já convocou um defensor público para acompanhar o caso, como não vou poder hoje porque tenho audiência você vai ter que ir. — Meu chefe fala me deixando em desespero.

- Mas Doutor Robson eu nunca fiz criminal, nem ao menos visitei uma cadeia.

- Então está aí sua chance, você precisa viver essa experiência. O nome do réu é Matteo Meyer, tudo que você precisa saber está nos autos que coloquei na sua mesa, sei que não vai me decepcionar. – Ele sorri e sai me deixando aflita.

Pego a papelada da mesa e foco em cada detalhe, realmente são acusações muito sérias mas não posso julgar meu cliente antes de ouvir a versão dele. Depois de ficar por dentro de todo o caso sigo para a penitenciária para conversar com meu cliente. Tudo é novo para mim, sei como funciona na teoria, mas é a minha primeira vez na prática, sou guiada para uma sala e ao entrar meu cliente já está sentado de cabeça baixa a minha espera, ele aparenta ser muito alto e forte, tem os cabelos grandes na altura do queixo e parece possuir algumas tatuagens.

- Senhor Meyer, me chamo Viollet Lancaster, fui resignada para defende-lo em seu caso. - Estendo a mão, mas ele nem sequer ergue a cabeça e tão pouco me cumprimenta. O policial que me acompanhou ainda se encontra dentro da sala e posso ouvir um riso de deboche.

- Doutora se eu fosse a senhora não me aproximaria tanto desse indivíduo. - Arqueio a sobrancelha para o policial.

- Senhor William, é esse o seu nome certo? - Ele Assente - Eu não tenho problema algum em ficar perto do meu cliente, ele não deve estar à vontade com essas algemas e nem com sua presença, por favor as retirem.

- Doutora, eu não posso fazer isso, ele é perigoso. - Olho para o policial e vejo um hematoma roxo em seu olho esquerdo.

- Foi ele que fez isso no seu olho? - Falo e sorrio.

- Ele me pegou distraído, como eu disse é extremamente perigoso. – O policial fala entre dentes.

- E você extremamente lento. - Matteo fala ainda de cabeça baixa e posso ver que esboça um sorriso.

Doutora DiabaOnde histórias criam vida. Descubra agora