Eu lembro de cada momento. Lembro de cada momento como se fosse ontem. O dia em que a minha vida mudou completamente e conheci um universo que nunca nem sonhara ou imaginara existir!
Era inverno, e eu não esperava muito daquele dia, assim como não esperava muito dos outros, afinal, algo "fora do normal" costumava ser a última coisa que acontecia por essa região. Costumava. Ainda assim, o dia tinha amanhecido diferente, algo de estranho pairava no ar. Se bem que, a bem da verdade, já fazia algumas semanas que nada tinha sido como antes, e cada dia só parecia piorar. Naquela manhã acordei um pouco mais tarde do que o de costume, mas como sempre, não pude me dar o luxo de pensar sobre e já me pus a levantar e preparar o café.
⸺ Ah meu querido, você estava tão parecido com o teu pai hoje dormindo, não quis te acordar. ⸺ Respondeu a minha mãe quando fui levar para ela uma xicara de café e algumas fatias de pão e comentei que estava atrasado. O sol já estava alto quando sai de casa, mas ainda assim não era o suficiente para aquecer a neve da noite anterior e muito menos o corpo de alguém que ficaria exposto ao vento durante o resto do dia. Justo quando eu estava virando a esquina de casa e já começando a me preparar para o esporro de meu patrão, presencio algo que estava começando a virar rotina na região, mas mesmo assim ninguém havia se acostumado.
O sr. Stanford, o relojoeiro da rua vizinha, era um homem de meia idade,bem conhecido e respeitado na vizinhança. Sempre sagaz e atento, mesmo quesério na maioria das vezes, não se importou em me dar um trabalho como seuajudante há alguns anos quando o estado de saúde da minha mãe piorou. Acabeipor aprender a respeita-lo ainda mais, e de certa forma até admira-lo: viúvo eapenas com um filho já adulto, tinha seu próprio negócio e um olhar perspicaztanto para as coisas mais pequenas e sutis quanto para as coisas maiselaboradas... e agora lá estava ele, naquele exato momento sendo levado para omanicômio, com dois brutamontes segurando-o de cada lado e o pondo dentro de umcamburão. Sr. Stanford não reagia, apenas murmurava que sua cabeça queimava eque o nosso tempo estava acabando, além de outras coisas no que parecia ser umalíngua estrangeira. De todas as pessoas da vizinhança, ele era a última que euimaginava que chegaria a este ponto.
Por já ser a semana de Natal, tudo na cidade estava enfeitado e as pessoas já começavam a se preparar para a ceia; compravam frutas, carne e temperos cumprimentado uns aos outros, organizavam corais e trocavam receitas e ideais para presentes, compartilhando o "verdadeiro espirito de natal". Isso até encontrarem um pedinte ou o garoto do jornal, e então os ignoravam como se fossem apenas moscas.
⸺ Gazeta de York! Quinta morte só essa semana: serão os fantasmas do Natal ou é um novo "Jack, O Estripador"? — Eu gritei sobre o som das carroças e das pessoas conversando na feira da praça central, tentando me fazer ser ouvido. Naquele dia o movimento só estava forte para os comerciantes, pois quase ninguém queria comprar os jornais. Talvez a cidade já estivesse cansada de histórias de mortes e fantasmas as vésperas do natal. Mas, como se tivesse surgido do absoluto nada, um homem de terno risca de giz azul com apenas um sobretudo marrom e um longo e multicolor cachecol para protege-lo do vento, apareceu e ainda em silêncio simplesmente pegou um dos jornais e começou a ler.
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Doctor Who - Os Fantasmas de York
FanfictionVocê já se questionou sobre as aventuras que o Doutor teve depois da Donna e antes de se regenerar? "Os Fantasmas de York" é uma de muitas que ele chegou a ter. O ano é de 1891, véspera de Natal, e coisas estranhas vêm acontecendo na cidade de York...