Haraldr - A cria de Gullveig

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 Os treinamentos eram intensos, eu aprendia a usar minhas novas armas e passava o dia todo treinando com as valquírias, ainda não havia saído para buscar heróis, e não via a hora de isso acontecer.

Certo dia estava no salão de banquetes, ainda não havia conhecido todos os heróis que estavam ali. Hildegard e as outras me mostravam cada um, contavam-me como haviam chegado ali, alguns eram semideuses filhos dos deuses de Asgard. 

- Aquele dali é filho de Thor e o que está com ele é filho de Loki. – Dizia Kàra, seu rosto de repulsa não era algo difícil de notar.

Observei cada um atentamente até notar um rapaz sentado em um canto, ele era diferente dos outros e parecia não ser notado pelos demais. Algo me chamava a atenção nele. Não era amor, se era isso que estava pensando. Era uma força que me atraia como se aquele rapaz estivesse destinado a fazer coisas grandiosas.

- Quem é aquele?

Perguntei apontando o dedo. As três começaram a murmurar porém foi Hildr quem se manifestou.

- Aquele? Não vale a pena falar com ele.

O tom da voz da garota era áspero como se ela o odiasse ou ele não valesse nada. Entretanto havia algo nele que me despertava interesse.

- Quero saber o nome.

Insisti! Elas hesitaram e por fim começaram a contar sobre quem era o jovem solitário.

- Haraldr. Bem ele não é um aesir. – Kára disse. – A mãe dele é uma bruxa.

- Gullveig. – Hildr continuou. – Foi por causa dela que a guerra entre os vanires e aesires aconteceu.

Eu havia lido em antigos livros da biblioteca de Solveig sobre essa guerra, por causa dela Njörd e os filhos haviam se mudado para Asgard. Tudo em troca de paz. O tal Haraldr estava ali há alguns anos pela intercessão da deusa Freya que acreditava que Odin deveria acolher os semideuses vanires, a maioria nem tinha culpa pelos atos de seus pais.

- Ele parece ser legal. E se eu...

- Se você tentasse ser amiga dele? – Hildr interrompeu. – Não é uma boa ideia Heidi.

Porém, era tarde mais quando me dei conta estava caminhando até a mesa solitária. Me coloquei ao lado do garoto, de principio ele não percebeu que eu estava ali, pigarreei e ele se voltou para mim. Notou que aos três valquírias nos observavam. 

- Aquelas três falaram que eu não sou uma boa pessoa e que você não deveria falar comigo, não é?

Ele estava certo, afinal de contas as três haviam tentando me persuadir a não falar com Haraldr, porém eu não era de escutar muito as pessoas e por isso não conseguia seguir regras.

- Elas tentaram. Não sou boa em seguir regras. – Confessei.

Um sorriso surgiu nos lábios dele, também sorri. Ele estendeu a mão e se apresentou como "Haraldr, da Saxônia", estendi a mão e me apresentei como "Adhleid, de Fejne". Sentei ao seu lado e começamos a conversar, contei sobre minha mãe e meu padrasto que eu considerava como pai, sobre Olaf e Ragnar e sobre como eu havia salvado Olaf e morrido com um machado em mãos. 

- Uau! Isso é interesante. – Ele disse, depois olhou para o machado ao meu lado. – E esse machado. Ele é perfeito.

- O nome dele é Silverhjärta. E esse é o AttFörstöra. Meu pai me deu os dois. – Sorri.

- Seu pai? Quem é ele? – Ele perguntou levantando uma das sobrancelhas.

- Jördvatten. Ele é responsável pelos terremotos, inundações e maremotos.

O semblante de Haraldr mudou e pela primeira vez percebi que ele não estava nada feliz.

- Ele foi um dos que pediu minha expulsão de Valhalla quando cheguei. Lady Freya intercedeu para que eu pudesse ficar. Sabe a minha mãe ela é...

- Gullveig? A feiticeira. – Acenei com a cabeça as valquírias. – Elas me contaram.

- Sim. Gullveig é minha mãe e meu pai mortal era uma espécie de curandeiro real que vivia em um reino da Bavária, na Alemanha. Fui um grande soldado sabe. Um dos melhores que o reino possuía.

Ele começou a contar, sua história parecia ser muito interessante ouvir a narração daquele jovem rapaz que dizia ter sido um soldado de um grande rei da Saxônia. Ele dizia ter sido um dos melhore e que o rei que servia até havia oferecido a mão da sua única filha para que ele desposasse.

- E o que aconteceu?

Perguntei curiosamente e resposta foi "o mesmo que você!", ou seja, ele também havia morrido e agora estava ali em Valhalla. Sua morte havia sido terrível, tentará defender seu rei em uma batalha e agora estava ali esperando por alguma missão vinda de Odin. Sorri e prometi a mim mesma que ajudaria Haraldr a ter sua missão.

O Caldeirão de YmirOnde histórias criam vida. Descubra agora